Presidenciável João Amoêdo em Brusque: “Fazer negócio no Brasil é um inferno”
Pré-candidato do partido Novo defende o liberalismo na economia e a intervenção mínima do estado
Pré-candidato do partido Novo defende o liberalismo na economia e a intervenção mínima do estado
O espaço reservado na Sociedade Santos Dumont ficou lotado para a palestra. Centenas de empresários marcaram presença, assim como políticos de partidos variados. Trata-se da visita do empresário João Amoêdo a Brusque, ocorrida nesta quinta feira, 2.
Amoêdo é pré-candidato à presidência da República pelo partido Novo, que ele mesmo fundou, sete anos atrás. Chega à eleição com status de azarão e com tempo limitado de TV para apresentar suas propostas.
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Apesar disso, brinca na resposta à última da série de perguntas que lhe foi feita após a palestra: o que irá dizer com apenas sete segundos de horário eleitoral?
“Se depender do Novo essa é a última vez que você vai ver o horário eleitoral na sua vida”, disse, ressaltando que não tem certeza se terá cinco ou sete segundos de propaganda.
Amoêdo é um empresário que construiu sua carreira no setor financeiro. Engenheiro de formação, encontrou dificuldade para encontrar um bom emprego na área e, influenciado por um amigo, participou de um programa de trainee, onde aprendeu o ofício que lhe garantiu o sustento: ser executivo de grandes bancos.
Ele conta que a fundação do partido remonta a meados de 2010, quando, segundo o próprio, encontrava-se indignado com a burocracia e a alta carga tributária para empreender no país.
Sua entrada na política partidária foi vista com desconfiança por todos. Quem o conhecia dizia que não era bom para sua imagem se envolver nestes meandros; quem não o conhecia o considerava “mais um no bolo partidário”.
“A frustração de não fazer nada seria maior”, diz, referindo-se ao desapontamento por eventualmente não dar certo a criação do partido.
Aliás, para ele, o fato de que há já muitos partidos não é empecilho para que novos se formem.
“Não tem problema ter mais partidos”, defende. “Se tem 34 restaurantes na cidade e a gente não gosta de nenhum, qual problema de abrir mais dois ou três?”.
O pré-candidato defende o liberalismo na economia e a intervenção mínima do estado nas atividades da iniciativa privada.
Apesar de político, diz que rechaça a política tradicional. Afirma que foi difícil criar o partido pois não havia bons exemplos para se inspirar. Então, decidiu: “a forma de se ter algum sucesso é fazer de forma oposta”.
Por isso, instituiu no partido regras diferentes das demais agremiações, como o processo seletivo para escolha de candidatos, a proibição a mais de uma reeleição, e a obrigação de não ter a ficha maculada por denúncias, assim como a não utilização do dinheiro público na campanha eleitoral.
“Nós temos um Brasil que não funciona”, disse Amoêdo, no início de sua explanação. Citou que a arrecadação de impostos só aumenta, e os indicadores econômicos só pioram.
Para ele, o modelo político-econômico do Brasil está “ao contrário”.
“Fazer negócio no Brasil é um inferno, o modelo é contra o capitalismo”, avalia. “Mas na política é tudo diferente. Temos os deputados mais bem pagos, o Congresso mais caro. O Brasil da auxílio a quem menos precisa, privilégio a quem menos precisa, e imposto a quem mais trabalha”.
O liberalismo que defende na economia também se estende a outras áreas. O pré-candidato mostra-se favorável ao voto facultativo, ao trabalhador definir onde quer aplicar seu fundo de garantia e também ao direito à compra de arma de fogo pela população.
“Não somos crianças, não tem que ser assim”, opina. “Às vezes parece que o cidadão brasileiro é uma criança que tem que deixar tudo para o governo decidir”.
O pré-candidato tratou, na sua palestra, de um tema que é recorrente nas eleições: o fato do presidente da República ser refém de acordos com o Congresso. Segundo ele, isso acontece porque a gestão do governante é feita “para pagar as contas da campanha.
“Não vai poder diminuir ministérios porque tem a cota dos partidos”, resume. Para Amoêdo, isso só acabará quando os partidos deixarem de fazer alianças com outros com os quais não têm afinidade.
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Ele defende também uma concentração menor de renda em Brasília, para reduzir o poder de barganha do Congresso, por meio de uma revisão do pacto federativo, que dê mais recursos e autonomia aos municípios.
Amoêdo foi questionado, ao fim da palestra, sobre qual é o papel do empresário no combate à corrupção, tendo em vista que os grandes escândalos de desvios de recursos revelados nos últimos anos sempre tiveram a participação direta da iniciativa privada, por meio do pagamento de propina a políticos.
Sua resposta vê isso também como um problema gerado pelo governo, e não pelos empresários.
“Tem uma parcela do empresariado que trocou benefícios que ele recebeu por doações para campanjha política. Temos que reduzir a área de atuação do estado, que tem muitas empresas”, avalia.
“Tudo isso cria um ambiente propício à corrupção, as pessoas estão lá para vender favores. Temos que tirar poder do estado para diminuir a possibilidade dele fazer esse tipo de acordo”, conclui.
Antes de João Amoêdo, o primeiro a palestrar na manhã desta quinta-feira foi Bernardinho, técnico de vôlei multicampeão com a seleção brasileira. Ele, que também é filiado ao Novo, falou sobre liderança, com exemplos de quando comandava o vôlei masculino brasileiro, sobre vitórias e fracassos em competições disputadas.