João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Primeiro agrimensor brusquense

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Primeiro agrimensor brusquense

João José Leal

Após a sua fundação, a demarcação dos lotes de terras, bem como a abertura das picadas e caminhos, foi um importante serviço a ser realizado pela administração da Colônia. Afinal, os colonos precisavam ter acesso às suas terras para construir as casas e derrubar a mata a fim de fazer as primeiras plantações. Então, viriam as primeiras colheitas e o alimento que iria garantir a sobrevivência das famílias.

Ciente dessa urgente necessidade, no final de 1860, o Barão de Schnéeburg assinou contrato com o agrimensor Augusto Germano Thieme, para que as picadas fossem abertas e os lotes territoriais demarcados. Segundo escreveu o Diretor, Augusto Thieme era “pessoa de muita inteligência” e já se encontrava no serviço de agrimensura, desde os primeiros dias da Colônia Brusque.

Sem assessoria jurídica, o próprio Diretor redigiu o contrato, cuja cópia original encontra-se guardada na Casa de Brusque. A primeira cláusula dispõe sobre os direitos e obrigações de ambas as partes. Desde logo, ficou estabelecida a remuneração anual de 500 mil réis a ser paga, à medida que os trabalhos fossem concluídos.

Em seguida, foi especificado que as picadas, com uma braça (aproximadamente, dois metros) de largura, deveriam ser completamente desmatadas e as árvores cortadas rentes ao chão. Quando possível, as picadas deveriam “evitar os lugares íngremes e pantanosos” e seguir “as direções mais convenientes”. Schnéeburg pretendia aproveitar os traçados das picadas para futuramente implantar caminhos ou estradas carroçáveis, que viessem a permitir uma melhor comunicação viária com a sede da Colônia.

A segunda cláusula prescreve que o agrimensor colocaria um “marco, com pelo menos seis palmos de comprimento, nas quatro extremidades de cada colônia”. Minucioso no trato das coisas da administração colonial, o Barão fez constar que os marcos territoriais deveriam ter “dois palmos e meio enterrados”, enquanto que a parte acima da terra seria “falquejada em quatro faces”, a fim de permitir a numeração de cada lote.

Carregando a bússola, a trena e, provavelmente, o teodolito, Augusto Thieme subiu e desceu encostas, cruzou ribeirões sem pontes, cortou árvores vezes sem conta e enfrentou os perigos próprios da mata inóspita. Com muito e árduo trabalho, cumpriu o seu dever contratual de fincar os marcos divisórios das terras e dos caminhos que levariam a Colônia Brusque a se transformar na futura comunidade de bem-estar social em que hoje vivemos.

Escrevo esta crônica em homenagem aos agrimensores, que já não usam trena, bússola nem teodolito, penso eu. Mas, sim, a precisão do GPS na demarcação da terra e que hoje festejam o seu dia. E também, é claro, a Augusto Germano Thieme, o primeiro agrimensor de Brusque.

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