Problemas de poluição no rio em Brusque influenciam abastecimento em Itajaí; entenda

Captação do Itajaí-Mirim chegou a ser suspensa temporariamente por conta de uma mancha colorida no ano passado

Problemas de poluição no rio em Brusque influenciam abastecimento em Itajaí; entenda

Captação do Itajaí-Mirim chegou a ser suspensa temporariamente por conta de uma mancha colorida no ano passado

Um grupo de trabalho entre entidades ambientais de Itajaí e região, incluindo Brusque, está avançando para melhorar a fiscalização e combater a poluição do rio Itajaí-Mirim.

Desde 2019, o Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa), de Itajaí, percebeu um prejuízo na qualidade da água bruta que é captada, ainda sem tratamento. Segundo o diretor de Saneamento da entidade, Victor Silvestre, eles perceberam indicativos de poluição, que acarretam na necessidade de utilização de mais produtos químicos.

“A gente começou a perceber a presença de espuma no pré-tratamento da água, um aumento da demanda de produtos químicos. Começamos a fazer esse movimento. Envolvemos a agência reguladora, o IMA, os órgãos ambientais, chamamos essa galera, no intuito de mostrar o problema e pedir o apoio para fiscalização”, explica.

Reuniões chegaram a acontecer em 2020, mas o movimento perdeu um pouco a mobilização por causa da pandemia. Neste ano, porém, a intenção do Semasa é retomar a iniciativa com mais força. Um novo encontro já foi realizado, incluindo a participação do Samae e Fundema, de Brusque, para a estudar a regulamentação do grupo de trabalho.

“No início da pandemia, conversei com o então vice-prefeito Ari Vequi, o ex-presidente da Fundema, Cristiano Olinger, e se mostraram simpáticos à causa. A ideia era evoluir para a formação de um pacto pelo Itajaí-Mirim. Veio a pandemia, a coisa deu uma esfriada, mas os problemas continuaram. Encaminhamos, neste ano, para o comitê do Itajaí-Mirim, que também faz parte do grupo de trabalho, e vai ser votado na assembleia geral a criação de uma câmara técnica”, conta.

Monitoramento

Ao mesmo tempo que atua para melhorar a fiscalização, o Semasa monitora a qualidade da água bruta que é captada para decidir sobre a quantidade de químicos necessários para o tratamento. Um dos fatores que influencia na poluição da água, é o descarte de efluentes industriais em Brusque.

No ano passado, a captação do Itajaí-Mirim foi suspensa temporariamente pelo Semasa por conta de uma mancha colorida que apareceu em Brusque. Hoje, a entidade abastece quase 300 mil pessoas.

“Temos esse receio, a gente consegue tratar até um certo limite. O impacto é muito grande se precisarmos parar o tratamento por problemas de poluição. A água tratada está dentro de todos os parâmetros, só que, quanto pior está a água bruta, mas a gente gasta. A gente se preocupa muito por isso, porque, quem vai pagar a conta, é o cidadão”.

Semasa/Divulgação

Preocupação com o longo prazo

Silvestre também destaca a preocupação do Semasa em relação ao futuro do abastecimento na região, já que, nenhum município na baía do Itajaí-Mirim tem coleta ou tratamento de esgoto.

“No longo prazo, esse manancial vai ser o único capaz de abastecer, em quantidade de água, Itajaí e Navegantes, que abastecemos hoje, e certamente outras cidades do litoral, dado a quantidade de água que tem no rio. Mas a qualidade vem caindo”.

Em 2020, a entidade chegou a enviar um ofício ao governador no ano passado, pedindo mais fiscalização. Ele relata que o Semasa percebe a clandestinidade no despejo de resíduos industriais, já que, a parte da manhã é o momento mais crítico para o tratamento da água.

“A ideia não é prejudicar a atividade econômica e as indústrias, mas que, aqueles que estejam fazendo errado, façam a correção. Normalmente é no período da manhã que temos mais problemas, por causa de lançamentos noturnos, quando normalmente não tem fiscalização”.

Em Brusque, a Fundema anunciou em fevereiro que faria visitas de fiscalização e orientação em indústrias. Até abril, apenas quatro empresas haviam sido vistoriadas, e nenhuma irregularidade havia sido constatada. Segundo a superintendente do órgão ambiental, Ana Helena Boos, a equipe da entidade deve encerrar a ação em todas as empresas em dois meses.


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