Procura por atendimentos em hospitais de Brusque cresce mais de 30% em abril devido à dengue

Último pico foi registrado no início do ano devido aos casos de Covid-19; demanda deve continuar alta nas próximas semanas

Procura por atendimentos em hospitais de Brusque cresce mais de 30% em abril devido à dengue

Último pico foi registrado no início do ano devido aos casos de Covid-19; demanda deve continuar alta nas próximas semanas

Os hospitais de Brusque têm registrado alta demanda de atendimentos nas últimas semanas. Com a epidemia de dengue no município, a procura cresceu vertiginosamente, chegando a 60% em uma unidade hospitalar.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira, 2, pela Vigilância em Saúde de Brusque, desde o início do ano o município já registrou 1952 diagnósticos de dengue, todos autóctones, ou seja, que foram contraídos na cidade. Deste número, 600 novos casos foram contabilizados desde o boletim anterior, divulgado em 25 de abril.

Paralelo a isso, ainda há registros de atendimentos de pacientes com Covid-19, mas em menores proporções, se for comparado aos meses anteriores.

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Pico de casos de dengue

No Hospital Azambuja foi registrado crescimento de 35% no volume total de atendimentos neste ano em relação ao mesmo período de 2020. “Voltamos a atender o mesmo volume de pacientes do início do ano, quando tivemos um pico de pessoas acometidas com sintomas de Covid”, aponta o gestor hospitalar Gilberto Bastiani.

De todos os atendimentos realizados no local, cerca de 25% são de pessoas com sintomas de dengue. Os números impactam não só no pronto-socorro, mas também no ambulatório e em internados.

A movimentação maior é registrada nos domingos e segundas-feiras. Os cálculos do gestor apontam que 10% dos pacientes que buscam atendimento no pronto-socorro ou ambulatório acabam internados no hospital.

Aumento de 60%

O fluxo de pacientes também é grande no Hospital Imigrantes, cuja procura inicia às 7h e segue até as 22h. “Em março e abril aumentou pelos menos uns 60% o volume do que é a nossa média”, comenta a gerente de operações do hospital, Fernanda Rodrigues. Ela aponta que a maior procura são de pessoas com sintomas de dengue e diz que “Covid quase não vemos mais”.

A gestora também afirma que o volume de atendimentos é semelhante ao que foi registrado em janeiro, mas acrescenta que agora a maior incidência são de pessoas com sintomas de dengue. Deste público, de 5% a 8% são internados.

Fernanda salienta que muitos pacientes que buscam o pronto atendimento são casos para ambulatório ou para consultas eletivas.

”Isso acaba prejudicando e demorando o atendimento de pessoas que realmente precisam estar aqui. A população precisa, é uma necessidade nacional de conscientização, saber a diferenciação entre um pronto atendimento e um atendimento ambulatorial”.

Equipe sobrecarregada

A gerente de enfermagem do Hospital e Maternidade Dom Joaquim, Vera Civinski, afirma que a demanda atual é “praticamente idêntica à época de dezembro e janeiro” quando foi registrada a alta dos casos de Covid. O crescimento tem causado impactos na demanda laboratorial e no próprio atendimento ao usuário.

Segundo ela, a dengue lidera os atendimentos, mas também há procura para outras enfermidades como infecções respiratórias e problemas cardiovasculares.

Vera aponta que a “equipe está sobrecarregada devido à demanda”, visto que são atendimentos com coleta maior de exames, terapia endovenosa e reavaliação posterior. Em razão do crescimento da procura, o Hospital Dom Joaquim contratou novos profissionais e incluiu pagamento de horas extras.

Ampliação de horários

Apesar do aumento do volume de produção dos setores, o gestor do Hospital Azambuja garante que todos os serviços estão capacitados para atender e suprir a demanda do hospital.

O Hospital Azambuja realiza atendimentos 24 horas por dia e em alguns setores foi necessário ampliar os horários dos funcionários para atender a demanda.

“Alguns dos colaboradores acabam sendo afastados do trabalho, deixando os setores com uma carga maior, mas nossa equipe está preparada para atender a todas as necessidades com qualidade e atenção focada na assistência ao paciente”, diz Gilberto.

Demanda na pediatria

Há duas semanas o Hospital Imigrantes chegou a quase 100% de ocupação dos leitos de internação, mas com pacientes clínicos, cirúrgicos, de maternidade e, inclusive, os de dengue.

“Registramos um alto número de crianças internadas por conta de dengue, não é algo tão comum. O volume não prejudica nosso atendimento, pois sempre conseguimos remanejar pacientes, mas de fato se tem um volume que aumentou muito foi na pediatria”, diz Fernanda.

A gestora acrescenta que as equipes de enfermagem e médica foram reforçadas durante as ondas de Covid-19 e que estão dimensionadas para os atendimentos. “Estamos registrando sim alguns períodos de espera de 2h a 2h30 no pronto atendimento, mesmo conduzido com dois médicos, mas isso ocorre devido ao volume de atendimentos que está bem alto”.

Segundo ela, o paciente do pronto atendimento passa, além da consulta, por uma observação, faz exames e recebe medicação antes de receber a alta, o que demanda mais atenção dos profissionais.

Impacto do inverno

Gilberto acredita que a alta demanda de atendimentos deve continuar nas próximas semanas “devido o inverno estar se aproximando e aumentando assim o quadro de doenças respiratórias”.

A opinião é compartilhada por Fernanda, que acrescenta ainda que não é possível prever qual será a porcentagem de atendimentos de pacientes com sintomas de dengue. “A gente acredita que como é tradicional neste período inicial de inverno que o volume aumente, pois as pessoas acabam sentindo a mudança de temperatura”.

Vera diz que é difícil comentar se a atual demanda será mantida ou “substituída por outro agravo da estação mais fria, como infecções respiratórias”.

Estimativa da Vigilância em Saúde

Ariane Fischer, diretora da Vigilância em Saúde de Brusque, aponta que “estamos no chamado período de sazonalidade da dengue”, que deve continuar até o final de maio. Segundo ela, o momento coincide com o início do inverno que, consequentemente, também acarreta na sazonalidade das doenças respiratórias.

“Sim, o número de atendimentos deverá aumentar. A cobertura vacinal de vacina contra a gripe está baixa, só 19% do público estimado foi vacinado até agora”, comenta.

A diretora solicita para que a população procure as unidades de saúde com sala de vacina para tomarem o imunizante contra a gripe.


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