Produção de documentários ajuda a manter viva e resgatar a história de Brusque e região
Nos últimos anos foram lançadas diversas produções que detalhas fatos antigos
Nos últimos anos foram lançadas diversas produções que detalhas fatos antigos
Colaborou Luiz Antonello
Os documentários têm chamado atenção da população brusquense, seja na produção, que tem aumentado nos últimos anos, ou nos temas, que geralmente retratam as histórias da nossa terra.
Mas as produções, que estão cada vez mais frequentes, ganharam destaque há pouco tempo. O mercado de documentários ainda é recente em Brusque, e se expandiu nos últimos 10 anos.
De acordo com o historiador Celso Deucher, até 2021 foram produzidos 26 documentários no município, dos quais, 12 foram produção dele e do irmão Sérgio na Deucher Filmes.
As ideias surgem com base nos interesses das produtoras, em pedidos da comunidade ou ainda inspiradas em trabalhos de historiadores do município. Nestes casos, só é necessário realizar o roteiro e gravações, visto que a pesquisa já está pronta.
As produções vão desde a história dos imigrantes, personalidades importantes para história de Brusque, fatos históricos, além dos detalhes da trajetória do principal time do município. Boa parte é realizada com editais de incentivo à cultura que custeiam todo ou parte do trabalho.
Antigamente, as histórias só poderiam ser registradas por meio da literatura, jornais e documentos antigos. Para a diretora da Fundação Cultural de Brusque, Zane Marcos, essa é uma forma de resgatar as memórias e facilitar o acesso, já que o documentário pode ser visto não só no cinema, mas também no celular e tablet.
Ela reconhece o aumento de produções e interesse de novos produtores. “Essas pessoas procuram por afinidade e história para documentar. Somos uma cidade rica neste sentido, pois crescemos com muito empreendimento e trabalho. Tudo isso trouxe grandes transformações para Brusque e rememorar isso é uma forma de trazer essas histórias para as pessoas que não viveram elas”.
Apaixonado pela literatura e pelo cinema, o escritor Saulo Adami acredita que os livros e filmes são produtos que se complementam. Em 2012, ele escreveu o primeiro grande documentário sobre a história de Brusque: Expedições à Cidade Schneeburg, inspirado em uma série de livros escritos por ele.
“Entendo que o cinema documental vem se aliar ao livro na luta pela preservação da história e dos costumes. Ambos, com característica, linguagem e formato próprios, permitem que a população se veja na tela, favorecendo sua identificação com a própria história”, aponta.
Para ele, os documentários são legados para o futuro, além disso, todo produto cujo objetivo é resgatar ou apresentar os fragmentos da história merece admiração.
Sérgio Azevedo, sócio e diretor da Café Preto Filmes, diz que o ápice das produções ocorreu entre 2017 e 2020. Alguns dos documentários realizados por ele foram Brusque 92, Time de Fábrica, A Memória da Cidade, De Onde Vim e Do Outro Lado – A conquista de Matheus Rheine.
Sérgio lembra que já trabalhava com a produção audiovisual em Brusque e foi por meio do jornal O Município que ele conheceu o nadador paralímpico Matheus Rheine. Em 2016 ele decidiu fazer um documentário para detalhar a vida do rapaz que realizava grandes conquistas nas competições internacionais. Ele buscou o canal esportivo ESPN, que entrou com o recurso através de abatimento fiscal, e iniciou as gravações.
O diretor da Café Preto Filmes, também comenta que após a produção sobre o Bruscão, o time se destacou mais no campeonato, conquistando o acesso para Série C do Brasileirão e posteriormente a Série B. “Não tem ligação direta com o documentário, mas foi algo interessante, uma coincidência”, diz.
Para ele é difícil comentar a importância de registrar esses fatos atualmente, pois só o futuro saberá dizer. No entanto, ele reforça que a “sociedade que não revisita o passado e não preserva a história tende a cometer erros. Toda história é importante”.
A Prime Filmes produz em média dois documentários ou curta-metragem por ano. Na avaliação do diretor Darlan Serafini o aumento das produção fomenta o audiovisual na cidade e região.
Celso aponta que ainda falta retratar a história das décadas de 1940 e 1950. “Precisamos resgatar as histórias, pois essas pessoas que morrem agora levam junto as memórias. O registro histórico visto in loco está dentro da cabeça deles, mas temos que extrair para deixar para as próximas gerações”, enfatiza.
A maioria das produções da Griô Filmes ocorrem em parceria com o escritor Saulo Adami, que já tem várias pesquisas sobre temas históricos e faz a adaptação para os roteiros.
De acordo com o proprietário, Alessandro Vieira, ficou mais fácil produzir um conteúdo e ter uma câmera nos dias atuais. Ele também celebra o formato colaborativo, no qual as pessoas fazem parcerias para viabilizar os trabalhos. “É uma forma de manter a história para as próximas gerações”, aponta.
“Antes, a nossa ideia de história era muito baseada no papel, na escrita, no jornal e no livro. Hoje, temos essa tecnologia que é muito mais acessível, pois pode-se investir até R$ 10 mil para produzir um documentário. Antigamente, era muito mais caro, precisava de toda uma ilha e produção, existisse minimamente R$ 60 mil pra fazer um curta metragem”, detalha Celso, que também reconhece que hoje é possível produzir um material até com o celular.
Saulo comenta que os produtores locais utilizam equipamentos sofisticados e contam com profissionais habilitados, proporcionando produções de qualidade além de preservarem a memória da cidade.
“No caso das produções cinematográficas de Brusque, das quais participo, a história de pessoas reais e de acontecimentos de várias épocas recebem um tratamento à altura das grandes produções nacionais e internacionais”.
Na opinião de Sérgio, todo esse conteúdo precisa atingir o público e um festival de cinema seria importante para alcançar mais pessoas.
Saulo também reforça a importância das produções receberem mais espaço nas salas de cinema, além da realização de eventos como mostras e festivais para estimular os realizadores e espectadores.
Segundo Darlan, um projeto está para sair do papel no próximo ano e tem o objetivo de realizar uma mostra de filmes produzidos na região em parceria com o Cine Gracher.
Sérgio tem grandes expectativas para o setor com a lei Paulo Gustavo, que destinará recursos para produções audiovisuais. Ele espera que sejam lançados editais no município para que o dinheiro seja aproveitado em projetos que possam enriquecer a história local.
Darlan comenta que existem ideais que ficam por anos em fase de projeto por se tratar de um processo burocrático e demorado. Ele diz que é preciso escrever, adequar o projeto e inscrever na lei de incentivo fiscal, além de esperar ser aprovado.
Na visão dele, a região tem muitos talentos, coisas boas sendo produzidas e bons projetos engavetados. “Fazemos um apelo para que as empresas apoiem os projetos por meio das leis de incentivo. Muitas empresas não conhecem a lei e não sabem que podem deduzir [o apoio] do imposto de renda”, explica.
Celso também aponta que o município tem poucos roteiristas e historiadores, partes fundamentais para produção dos documentários.
2013 – Expedições à Cidade Schneeburg. Prime Filmes.
2014 – Nas Mãos de Deus. Prime Filmes.
2015 – A Cidade dos Macacos. Prime Filmes.
2015 – O Papel e o Sonho. Prime Filmes.
2016 – A Nave. Prime Filmes.
2017 – Entreato: A História do Teatro Amador de Brusque – TAB. Griô Filmes.
2017 – Vozes do Meu Vale. Prime Filmes.
2017 – Ayres Gevaerd. Prime Filmes.
2018 – Com a Palavra, Celestino Sachet. Griô Filmes.
2018 – Veterano. Comphany Studio.
2019 – Quando as Águas Baixaram. Prime Filmes.
2019 – O Dirigível. Griô Filmes.
2021 – Guabiruba. Prime Filmes.
2021 – Estrada de Papel. Griô Filmes.
2022 – Fenarreco: A Festa Mais Gostosa do Brasil.
2022 – A Cidade Que Um País Esqueceu. Prime Filmes.
2022 – Um Brusquense Visionário. Prime Filmes.
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