Produção de vinho vira alternativa para diversificação de renda em Guabiruba
Experiência para retomada de tradição italiana é desenvolvida no bairro Lageado Alto
Experiência para retomada de tradição italiana é desenvolvida no bairro Lageado Alto
Visto como um experimento e contrariando as expectativas, Rubens Stedile, 29, plantou os primeiros pés de uva no Lageado Alto, interior de Guabiruba, em 2013. Hoje, a iniciativa do produtor é indicada como alternativa para o incentivo ao turismo na localidade e diversificação de produção colonial.
A geografia do local, clima e a falta de experiência com a produção foram as principais barreiras para o projeto. Além de uma possibilidade de diversificar a produção da família, para ele, a proposta representa um resgate das tradições de seus antepassados italianos.
Segundo ele, além do potencial econômico da proposta, o projeto permitiu uma ligação com a história local. Integrante do Grupo Folclórico Tutti Buona Gente, ele lembra que as produções caseiras de vinho eram comuns na localidade, mas a tradição acabou perdendo espaço com o tempo. “Hoje, não vejo isso mais como um negócio, mas é algo que está dentro de mim”.
O resultado da produção ainda é pequeno, segundo ele. No último ano, foram colhidos 600 quilos de uva dos cerca de 300 pés da variedade Grandouro. Vinhos e sucos são vendidos em pequenas quantidades e distribuídos para amigos, mas a intenção de Stedile é aproveitar o potencial turístico da região para comercializar o produto colonial na propriedade.
Do zero
Sem conhecer sobre o procedimento de fabricação, nem mesmo de cultivo, Stedile buscou apoio técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Representantes da entidade fornecem assistência ao produtor até hoje. Intercâmbio com antigos produtores locais também ajudam no acúmulo de experiência.
No ano passado, Stedile também recorreu ao programa SC Rural para aprimorar sua técnica de produção. O projeto estadual tenta incentivar a permanência de jovens agricultores no meio agrícola. Foram seis meses de curso e o projeto criado por ele recebeu R$ 10 mil do Banco Mundial para viabilizar a industrialização.
O espaço usado é adaptado em um galpão da propriedade. Além dos equipamentos, com capacidade de processar cerca de 3 mil quilos de uva, o produtor armazena e engarrafa as bebidas no local. Ao todo, estima ter investido cerca de R$ 30 mil com a infraestrutura.
Uma nova sessão de envase do vinho está programada para maio. Na produção, ele prioriza as características mais tradicionais do vinho colonial. “Apesar de utilizar algumas máquinas, quero manter o processo o máximo colonial possível”.
Exploração no turismo
Para o secretário de Agricultura, Moacir Boos, a busca pela diversificação produtiva traz mais estabilidade para a economia do município e abre novas possibilidades para o interior. “O município é muito forte na área têxtil, mas é importante esta diversificação. Para o produtor é uma renda extra, enquanto o visitante tem uma lembrança típica daqui”.
Boos destaca o papel dos grupos culturais no incentivo à permanência dos jovens na área rural. De acordo com ele, com mais alternativas de renda, a tendência é de mais investimentos das famílias de agricultores em processos rentáveis e atrativos para as novas gerações.
Segundo ele, projetos como o do Lageado Alto ampliam o potencial de exploração do turismo rural no município e devem motivar o surgimento de outras produções coloniais. Outro benefício indicado pelo secretário é o melhor aproveitamento das áreas produtivas disponíveis.