Projeto Brincando com Arte ensina técnica do entalhe em madeira a crianças
Atividades são desenvolvidas no loteamento Emma 2 pelo artesão Sérgio Roberto Pereira
Atividades são desenvolvidas no loteamento Emma 2 pelo artesão Sérgio Roberto Pereira
Todos os sábados, um grupo de cerca de 20 crianças e adolescentes se reúne nas dependências da comunidade São Francisco, no loteamento Emma 2, para aprender a técnica do entalhe em madeira. Essa é a proposta do projeto Brincando com Arte, desenvolvido por Sérgio Roberto Pereira, artesão que já teve trabalhos expostos em diversos pontos de Brusque e também fora da cidade.
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Tudo começou com visitas em escolas, nas quais Sérgio passava uma tarde com as crianças, ensinando a técnica e desenvolvendo atividades. Quando ia aos colégios, ele estimulava as crianças a trabalharem em grupo, para que produzissem algo em conjunto. “Eu já levava pouco material para provocar isso. Hoje em dia tem muito individualismo, e trabalhando juntas elas aprendiam a compartilhar, interagiam mais, desenvolviam uma amizade”, conta. Além disso, ele ressalta que a atividade artística é “uma terapia” que despertava também o interesse dos professores e dos pais dos estudantes, que acompanhavam de perto o trabalho.
Foram cerca de dois anos em parceria com as escolas, até que Sérgio decidiu iniciar uma escolinha de artes que funciona aos sábados no loteamento Emma 2, no bairro Limoeiro, e conta com a participação de crianças e adultos da região.
“Desde o começo do Brincando com Arte os resultados nas crianças já eram perceptíveis, tanto no desenvolvimento delas, na questão de não ficar só no celular, prestar mais atenção no que estão fazendo. Além da arte e do entalhe em madeira, a gente sempre faz uma fala sobre vários assuntos, comportamento, relacionamentos. A ideia não é criticar, mas promover uma reflexão positiva, gerar algo verdadeiro nas crianças”, diz Sérgio.
Contato com a arte
A técnica do entalhe em madeira, segundo o idealizador do Brincando com Arte, é “muito fácil” e dominada facilmente pelas crianças. Para as atividades, são necessários apenas um pedaço de madeira, um formão – ferramenta utilizada em marcenaria – e um macete, espécie de martelo de madeira para bater no formão.
O primeiro trabalho que as crianças desenvolvem é com o próprio nome, entalhando as letras em alto relevo sobre a madeira. “As letras são simples e, conforme eles vão se desenvolvendo, começamos a inserir outros desenhos, para que as crianças continuem aprendendo.”
Muitas das crianças que já frequentam o projeto há algum tempo atingiram, de acordo com Sérgio, grande qualidade em seus trabalhos. “Muitos poderiam até ser vendidos”, comenta. “É bem interessante ver eles manipulando as ferramentas, são jovens de 13, 14 anos.”
Para ele, o resultado se torna ainda mais impressionante quando se leva em consideração que é um trabalho que envolve muito das crianças: coordenação motora, atenção – aspectos que se refletem na vida, no comportamento e rendimento na escola e na vida em família. “Tem que ver como eles se doam ao projeto. Tem uma criança especial que participa e sua coordenação está muito melhor, ela consegue prestar mais atenção no que está fazendo”, diz.
Durante as duas horas de atividades, os participantes – crianças e adolescentes de todas as idades – manipulam ferramentas de verdade. “Não usamos versões de brinquedo. A ideia é dar a elas algo verdadeiro, promover esse contato com os materiais. Assim eles podem sentir o peso, se adaptar à forma de trabalhar.” A partir dos seis anos, a criança já começa a aprender o entalhe. Se é mais nova, Sérgio proporciona outras atividades artísticas, como desenhos e lápis para colorir.
“Hoje tudo é tão virtual, não há mais coisas reais. Queria que eles mexessem com as mãos, manuseando, tocando, sentindo os materiais.”
Em expansão
A ideia de Sérgio é expandir o projeto para outros bairros, criando outras escolinhas que possam atingir mais crianças e jovens da cidade. “Desenvolvemos a técnica de modo que quem frequenta as atividades pode se tornar professor também. Se eu não estiver presente, as crianças mesmo tocam a aula”, conta. “A ideia é fazer funcionar com elas mesmas. Fazendo funcionar numa escolinha, já posso partir para outros bairros, ensinar mais crianças.”
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O Brincando com Arte, por enquanto, é mantido com recurso próprio. A madeira utilizada para o entalhe é doada, e os materiais são de Sérgio e de sua família, que colabora com as atividades. Das crianças e jovens que frequentam a escolinha, nada é cobrado.
Além dos trabalhos no local, Sérgio já levou as crianças para fazerem atividades ao ar livre, em lugares como a Praça Sesquicentenário. “No ‘Arte na Praça’, levamos o material e eles fazem o entalhe, e fazemos também exposições”, conta.
Hoje, ele procura um espaço próprio para desenvolver as aulas do projeto, para criar um ambiente em que as pessoas possam conviver e entrar em contato com a arte. Além dos jovens, muitos dos familiares se interessam e passam a integrar o projeto, que conta com a participação de pais e avós das crianças.