Projeto permite que crianças carentes aprendam Jiu-Jitsu gratuitamente

São cerca de 40 atletas de 5 a 14 anos, envolvidos no projeto que tem sede na igreja Nação Forte, no bairro Santa Terezinha

Projeto permite que crianças carentes aprendam Jiu-Jitsu gratuitamente

São cerca de 40 atletas de 5 a 14 anos, envolvidos no projeto que tem sede na igreja Nação Forte, no bairro Santa Terezinha

Acostumado a derrubar adversários nos tatames, o campeão mundial de jiu-jitsu Walter Telles decidiu entrar em mais uma luta, desta vez pela inclusão social de crianças carentes. Desde o ano passado, Telles coordena um projeto que ensina a arte marcial japonesa de maneira gratuita para crianças.
São cerca de 40 atletas de 5 a 14 anos, envolvidos no projeto que tem sede na igreja Nação Forte, no bairro Santa Terezinha. As aulas são praticadas aos sábados, às 15h, e a partir da próxima semana serão ministradas também na academia Unifight, no bairro Santa Rita.

Projeto crescente

Membros da igreja Nação Forte, representados por Edson da Silva, o Edinho, tiveram a ideia de retirar crianças carentes das ruas da região utilizando o esporte. Para isso, buscaram o professor Telles, que aceitou participar. Com o auxílio de alunos da sua equipe principal de jiu-jitsu, Telles ofereceu a primeira aula oficial em julho do ano passado. “Tivemos a presença de 12 atletas. Um mês depois, já estávamos trabalhando com cerca de 30 crianças”, explica o técnico.

O começo com tímida participação, segundo Telles, se deve ao desconhecimento dos pais em relação ao esporte. “Muitos achavam que o jiu-jitsu era uma atividade violenta, quando na verdade é muito disciplinar e regrada”.

Um dos atletas da equipe profissional de Telles que colabora com o projeto, o campeão brasileiro Marcelo Tomazoni, explica que o grupo tinha por objetivo ajudar a acabar com um problema recorrente na região da igreja. “Nós observamos um número crescente de crianças com dependência química, por não terem opções para ocupar o tempo ocioso”, observa.

Tomazoni relata também que, desde a fundação até hoje, houve um crescimento no interesse pelo projeto. “A princípio, o foco era retirar as crianças do bairro Nova Brasília das ruas. Hoje, já temos atletas de toda a cidade. Até mesmo crianças de Guabiruba entraram em contato, mostrando interesse”.

O choque com a realidade das crianças carentes foi forte, conforme explicam Telles e Tomazoni. Jovens com pais dependentes químicos ou até mesmo com problemas na justiça são situações comuns dentro do projeto. Sem fazer distinção, Telles e sua equipe abriram as portas e acolheram as crianças. “Hoje, eu fico até mal se perco uma criança em uma situação como essas. Nos sentimos responsáveis pelo futuro destes atletas”, diz o técnico.

Disciplina no tatame

Apesar do pouco tempo de existência do projeto, Telles e Tomazoni observaram clara mudança no comportamento das crianças. Segundo eles, crianças que apresentavam hiperatividade passaram a ter mais controle, e aquelas com excesso de timidez aprenderam a extravasar suas energias.
Tudo isso, segundo Telles, é resultado do processo de disciplina que o esporte conduz. Para o técnico, é preciso que os pais compreendam a importância de deixar que as crianças conheçam por conta própria as adversidades da vida, e o jiu-jitsu pode auxiliar nesse processo. “Hoje os pais acreditam que a criança é feita de cristal, por isso não colocam ela para praticar esporte. Estamos aqui para provar que a prática do jiu-jitsu pode ajudá-las a superar seus problemas”, afirma.

Espaço reduzido

Com a quantidade cada vez maior de interessados em aprender o jiu-jitsu, o tatame do projeto ficou pequeno. O espaço de treinamentos possui cerca de 20 metros quadrados, pouco para uma turma que hoje se aproxima de 40 pessoas. Edinho, membro da igreja, tirou dinheiro do próprio bolso para adquirir o tatame. Internamente, Telles e seus companheiros buscam parcerias para poder proporcionar um conforto maior durante os treinos.

Telles faz questão de afirmar que não recebe dinheiro para a escola de jiu-jitsu. Quando empresas se interessam em colaborar, ele pede para que sejam doados materiais. “Se recebermos dinheiro, não teremos mais um projeto social. Você não sabe o que eu posso fazer com o dinheiro. Já um quimono, por exemplo, tem apenas uma finalidade, que é servir de uniforme para a criança”. O professor relata ainda que ele e os parceiros da escolinha utilizam seus carros para levarem os alunos nos dias de chuva.

Atualmente, todas as crianças contam com quimono, através de uma doação da empresa Kazuk Kimonos. O espaço da Academia Unifight, que será utilizado a partir da próxima semana, também foi cedido ao projeto social. A equipe recebe colaboração também das empresas Ferro Velho Silva, Centro Sul Guindastes, Bruspet e Nova Etiquetas.

Inscrições abertas

As crianças interessadas em praticar jiu-jitsu e que não têm condições de pagar mensalidades podem se apresentar no sábado na igreja Nação Forte, que fica na rodovia Antônio Heil, próxima à FIP, a partir das 15h. É necessário um responsável presente para assinar o cadastro do aluno.

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