Projeto reduz casos de bullying com crianças deficientes em Brusque
Dia do Diferente propõe que estudantes venham com visual que cause "olhares" na comunidade
A Escola de Ensino Fundamental Nova Brasília realizou durante a Semana da Inclusão, de 25 a 31 de agosto, o Dia do Diferente. O projeto acontece no educandário há seis anos e já traz mudanças positivas no comportamento das crianças. Nesse dia, os pequenos podem ir sem uniforme e devem usar algo diferente, como um óculos, tênis trocados ou as roupas do avesso. A intenção é simbolizar algo diferente.
Hoje o educandário atende 30 crianças com deficiência, entre elas, 11 com transtornos do espectro autista. O projeto tem o intuito de conscientizar os pequenos para respeitarem o próximo desde cedo.
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Para a professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Charlene Lançoni Soares, os pequenos ficam entusiasmados com a data. “Eu gosto que eles percebam o olhar que eles recebem até chegar na escola. Quais foram os olhares que eu recebi? Esse olhar é o que as pessoas com deficiência recebem todos os dias”, pontua.
Ela também revela que depois da ação, as professoras conversam com os alunos. Segundo ela, os pequenos revelam os olhares que receberam e muitos afirmam que se colocaram no lugar do outro.
Na preparação para o Dia do Diferente, as professoras encaminham bilhetes informando aos pais sobre a data e Charlene gosta de enfatizar que não é o Dia da Fantasia. “Eu friso muito que não é pra vir de fantasia, porque quando eu olho pro outro de fantasia eu acho legal, bacana e não é essa a ideia”, afirma.
A diretora da escola, Ana Claudia Schmitz, enfatiza que todos os funcionários participam da organização e diz que o apoio dos pais é essencial. “Os pais são os que mais nos entusiasmam, eles que arrumam os pequenos.”
Charlene já consegue visualizar melhoras no comportamento das crianças após seis anos do projeto. Como são passados diversos filmes em que a temática central são os deficientes, a professora enfatiza que não existem casos de bullying com as crianças que possuem alguma deficiência.
“Porém, ainda acontece aqui na escola de alguns rirem do amiguinho porque ele usa óculos, porque é gordinho, porque tem a pele mais escura, porque tem um cabelo diferente. Isso ainda acontece. Por isso a gente trouxe o filme ‘Extraordinário’ porque não fala de nenhuma deficiência em si, mas fala de aparência e faz eles refletirem sobre isso”, ressalta Charlene.
Ela reparou que antes as crianças com deficiência eram, muitas vezes, rejeitadas, e hoje já não existe mais esse problema. “Se acontece são casos bem esporádicos, então surtiu um efeito bem bacana”, avalia.
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A avaliação também é positiva por parte dos pais. No ano passado, após a Semana da Inclusão, as professoras receberam vários bilhetes elogiando as atividades realizadas na escola.
A data também tem o intuito de causar reflexão no corpo docente da escola. A professora de Educação Física do ensino fundamental, Rafaela Caviquioli, usa diariamente leggings e tênis, mas entrou na onda do diferente para incentivar os alunos. “Imagina eu, professora de educação física, vir de salto. Os pais estavam ali e eu de calça jeans e salto. Eu pensei ‘o que eles estão pensando de mim?’”.
Para Charlene, o fato dos professores também vestirem algo diferente motiva os alunos. “A comunidade sabe que essa escola é empenhada nesses projetos e o melhor de tudo é que todos contribuem para a efetivação desse projeto”, finaliza a diretora.