Promotor público Manoel Tavares
A grande maioria dos que passam pela rua Manoel Tavares, certamente, não sabem quem foi o homenageado que dá nome a essa via pública, que começa na Hercílio Luz e termina na rótula da Avenida das Comunidades. Pois, foi pesquisando na Gazeta Brusquense para conhecer um pouco da história da nossa cidade e dos nossos antepassados, que fiquei sabendo quem foi Manoel Tavares.
Uma notícia publicada no dia 18 de abril de 1925 informa que foi ele Promotor Público, como se dizia naquela época. Tinha trabalhado por mais de 31 anos em Brusque e estava se despedindo da cidade, por ter se aposentado no cargo.
É preciso lembrar que a pequena Brusque daquela época era uma cidade de um só juiz e um só promotor, autoridades por todos conhecidas, muitas vezes, reverenciadas. A chegada de um juiz ou promotor à cidade era um fato comentado, até festejado, pois significava a esperança — nem sempre concretizada, é verdade — de que processos engavetados ou empilhados em cima de escrivaninhas iriam ser julgados e a lei, enfim, garantida aos bons cidadãos sedentos de justiça.
Em alguns casos, no entanto, quando um mau juiz ou promotor deixava a população também podia festejar. Mas, para manifestar que o mesmo já ia tarde e não deixaria saudade. Não foi o que ocorreu com o promotor Tavares. Sem uma rádio nem emissora de TV, muito menos internet, que só louco poderia imaginar, coube à Gazeta publicar uma reportagem expressando o sentimento da população. E o texto não economizou adjetivos elogiosos.
Pra começar, o jornal escreveu que, pelos “relevantes serviços prestados à nossa Terra”, por seu “trabalho honesto e probo”, por seu “espírito reto e nobre”, Manoel Tavares estava deixando a Promotoria Pública e a cidade onde havia trabalhado por tanto tempo, gozando da mais elevada “estima geral da população de Brusque”.
A Gazeta continuou enaltecendo a figura do estimado Promotor. E registrou que a sua equipe tivera “a felicidade de conhecer de perto a ação desse pugnador da justiça”. Assim, era testemunha “do respeito e veneração” que, pela “retidão no exercício digno e justo do seu ministério”, Tavares sempre mereceu do povo brusquense.
Diz a reportagem que comunidade brusquense sentia-se profundamente grata a Manoel Tavares, pelo “serviço prestado na defesa paternal e altruística dos direitos dos órfãos”. Para o jornal, esse trabalho teria sido “o espelho de seu caráter elevado e das suas convicções de homem laborioso e honesto”.
A Gazeta pode ter exagerado nas tintas das expressões elogiosas, mas com certeza não mentiu. O Promotor Público Manoel Tavares marcou, realmente, a história do Ministério Público e da justiça brusquense. E, se assim foi, é justa e merecida a homenagem de ter o seu nome gravado numa das ruas de nossa cidade.