Proprietários de terra resistem à realizar ações de conservação do Parque da Serra do Itajaí
Conforme entrevistas, maioria acredita que deve receber compensação financeira para preservar o Meio Ambiente
Conforme entrevistas, maioria acredita que deve receber compensação financeira para preservar o Meio Ambiente
Coordenadores do projeto Parcerias da Paisagem apresentaram na última semana, em Guabiruba, resultado de pesquisa feita com proprietários de terra vizinhos da área do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI), cujo objetivo era identificar as possibilidades de implantação de ações de conservação ambiental.
O projeto é desenvolvido pela ONG Earthwatch Brasil e pela Universidade de Queensland, da Austrália, cujo objetivo principal é identificar oportunidades na implementação de ações de conservação da biodiversidade e recursos naturais.
Neste momento, porém, o foco é sensibilizar os proprietários de terra para a importância da recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) inseridas no PNSI, que abrange 14 municípios, incluindo Guabiruba e Botuverá.
A primeira abordagem identificou alguns fatores que dificultam a implantação de projetos de preservação aqui na região, sobretudo ligado ao fato de que, na visão dos proprietários de terra da região, é necessária uma compensação financeira para que eles ajudem a preservar.
Bruna Eli Ebele, secretária do Meio Ambiente de Guabiruba, afirma que o objetivo principal é recuperar as APPs nas propriedades em volta do parque. Ela lamentou, porém, a pouca participação deles na reunião que trouxe os resultados da pesquisa.
“Os proprietários realmente acham importante conservar, mas se consideram prejudicados, porque não são recompensados por isso. Talvez se tivesse algum incentivo do governo, em forma de pagamento por serviços ambientais”, afirma a secretária.
Quase 200 entrevistas
A coordenadora do projeto pelo Earthwatch Brasil, Thays Azevedo, explica que foram entrevistados 190 proprietários rurais que vivem no entorno do parque. “A gente teve a sensação de que os proprietários não tinham muita noção das leis ambientais, não tinham muita informação relacionada a isso”.
Ela afirma que, como resultado dos questionários, constatou-se que o que mais incentivaria os proprietários de terra a restaurar áreas danificadas e conservar as áreas de preservação é a compensação financeira. Porém, ressalta que este tipo de incentivo é previsto na lei, mas está em fase bastante inicial de implantação no país.
“Santa Catarina tem uma lei, chamada de Lei do Pagamento por Serviços Ambientais, que está para ser regulamentada, e está impulsionando um pouco isso, mas é tudo muito inicial”, afirma Thays.
“Não sabemos se isso vai ter um tipo de sucesso, porque quando se começa a valorar alguma coisa, a gente não sabe muito bem dizer como vai ser feito”.
O resultado das entrevistas com os proprietários de terra será levado para uma reunião marcada para junho, quando o objetivo será elaborar um plano regional de restauração e conservação para as áreas do entorno do PNSI.
Nesse encontro, serão ouvidas as sugestões, além das feitas pelos proprietários de terra, também de ONGs, de membros do poder público e de universidades.
“Santa Catarina tem uma lei, chamada de Lei do Pagamento por Serviços Ambientais, que está para ser regulamentada, e está impulsionando um pouco isso, mas é tudo muito inicial” – Thays Azevedo, coordenadora do projeto