A usabilidade do novo acordo ortográfico, que entrou em vigor em 2009, pode ter sido causa de complicações para aqueles que já estavam habituados às normas antigas de escrita. Criado com o intuito de facilitar o intercâmbio cultural e político entre as oito comunidades lusófonas do mundo, o acordo causa certa dificuldade difundida não só entre discentes como também entre docentes.

Primeiramente, vale ressaltar que este não é o primeiro acordo ortográfico da língua portuguesa da história. No Brasil, duas reformas antecederam esta: uma em 1943 e outra em 1971. Esses acordos, instituídos pelo Governo Federal, pela Academia Brasileira de Letras e pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com a finalidade de tornar o intercâmbio entre os países de língua portuguesa mais fácil, tiveram início em 1943, para modificar palavras como “assignatura”, “gymnasio” e reconfigurar as regras estabelecidas para ditongos, hiatos e muitos outros.

 

reforma

O novo acordo ortográfico, cujo uso passa a ser obrigatório no ano de 2016, foi implementado em 2009 com a previsão de vigor em 2013, porém seu início foi postergado para janeiro de 2016 pelo Governo Federal para alinhar o cronograma brasileiro com o cronograma português. Com o objetivo de uniformizar a ortografia, a reforma conta com regras que giram em torno da acentuação, do uso do hífen, da abolição do trema, e a incorporação definitiva das letras K, W e Y.

“O acordo é uma declaratória de que os países vão cooperar, vão trabalhar conjuntamente pela língua e através da língua. Em torno de 1% das palavras da língua portuguesa foram modificadas”, afirma Gilvan Müller de Oliveira, ex-diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa

Todavia, percebe-se que junto da implantação vieram uma série de problemas quanto à habitual grafia dos já alfabetizados e à normatização dos livros didáticos que pediam por urgência à adequação.

 

Normatização dos materiais didáticos

 

De acordo com o professor de Língua Portuguesa Luiz Herculano de Souza Guilherme, 33 anos, formado em Letras pela UFRJ e mestre em letras pela PUC do Rio, houve problemas para quem é docente.  Devido às mudanças, e ao fato de muitos livros didáticos ainda não estarem adequados, havia as cobranças. “Os pais vêm em cima que tem que trocar livro porque teve a reforma”, confessa o professor.

Já para professora de língua portuguesa do IFSC – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, Rita de Cássia da Silveira Cordeiro, foi trabalhoso lecionar no início, pelo fato de que havia poucas publicações didáticas disponíveis sobre todas as mudanças. Hoje em dia o material já está bem revisado.

 

Erros mais comuns

 

Devido ao fato de os alunos das séries iniciais ainda estarem em fase de alfabetização, segundo Luiz Herculano, a adaptação para eles foi bem tranquila, já para os alunos das séries finais foi um pouco mais traumática.

Se a ambientação para alunos de ensino fundamental foi difícil, para os universitários, de acordo com Rita de Cássia, foi confusa. “A maioria dos alunos que estão na universidade hoje, incorporaram, durante a formação, a língua de outra maneira”.

Para a aluna Ana Claudia Gonçalves, 18 anos, estudante de curso técnico em química, da 7ª fase, adaptar-se continua sendo uma tarefa difícil.  “Eu já tenho naturalmente dificuldade com gramática e ortografia. Eu fui alfabetizada totalmente na antiga ortografia. Quando estava na sexta série, houve a mudança do acordo e as professoras nos passaram, mas há coisas que hoje eu ainda escrevo com a ortografia antiga. Como eu tenho dificuldade, é complicado me acostumar. Para mim, até hoje ‘ideia’ se escreve com acento”. Ana ainda comenta que foram distribuídos dicionários com o novo acordo quando foi implantado.

Ambos os professores de língua portuguesa concordam que o que complicou foram as questões do hífen. Entretanto, em meio a mudanças de acentuação, aguda e grave, e a morte do acento diferencial, erros são comuns. “Às vezes a pessoa tem dificuldade para gravar todas aquelas regras”, disse a professora Rita de Cássia.

 

Dicionário Priberam

O Dicionário Priberam para Android permite a consulta de 16 dicionários integrados em um único aplicativo: 4 dicionários de português contemporâneo (português do Brasil e português de Portugal, com e sem Acordo Ortográfico) e 12 dicionários de tradução.

A consulta aos dicionários requer conexão à Internet, podendo ser feita com ou sem as alterações gráficas previstas pelo Acordo Ortográfico de 1990. O Dicionário Priberam, com mais de um milhão de páginas vistas por dia, é o dicionário de língua portuguesa mais consultado na Internet, sendo regularmente atualizado.

 

 Manual de Redação

 

Manual de Redação Keimelion tem uma parte voltada ao Trabalho Acadêmico, com as características gerais e requisitos de cada tipo de texto exigido aos autores. Traz um capítulo sobre Referências e Bibliografia e um Quadro de Normas da ABNT. O capítulo sobre Gramática e Estilo apresenta questões linguísticas formais; os Cem Erros mais comuns; o Novo Acordo Ortográfico, além de questões relativas à Revisão do Texto.

Em entrevista, a professora Rita de Cássia citou o aplicativo Volp, que foi explicado em uma publicação da ABL: “a Academia Brasileira de Letras acaba de lançar, com acesso gratuito, o aplicativo do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), que contém a ortografia oficial do Português, para tablets e celulares. O usuário poderá fazer a consulta utilizando a internet apenas uma única vez, quando baixar o aplicativo ou quando for necessária a atualização da base de dados.

A língua portuguesa já foi, e ainda será, muito modificada. Todas as modificações têm seus prós e contras, suas dificuldades e melhorias, porém é necessário encontrarmos uma forma de nos adaptar – e os avanços da tecnologia estão disponíveis para auxiliar esta adaptação. Temos as ferramentas, precisamos utilizá-las.

A língua que eu falo não é a língua dos meus avós. Nem da época de Machado, muito menos de Camões. E eu não sei como será o português daqui a 50 anos, mas uma certeza eu tenho: vai ser diferente”, opinou Sérgio Nogueira, formado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), emestre em língua portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

 

Gabryelle Farias Krüeger    avatar gabryelleavatar beatriz rauschavatar joão m

Beatriz Rausch

e João Marcos Dias Machado

16 anos – Química 3 – IFSC