A construção civil de Brusque teve, nos últimos anos, uma relação rara entre patrões e trabalhadores: atividades e investimentos conjuntos, convenções coletivas de rápida negociação e dispositivos de conciliação têm marcado um vínculo que recebe elogios de ambas as partes das relações de trabalho.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sintricomb), Izaías Otaviano, afirma que a relação entre patrão e trabalhador tem sido marcada por acordos que agradam as duas partes. Ele destaca a convenção coletiva feita após a reforma trabalhista.
“Os sindicatos patronal e laboral respeitam suas funções e buscam negociações justas, sem vantagens abusiva têm um compromisso muito forte. A diretoria deles tem um compromisso muito forte com a parte mais importante na relação, os trabalhadores, protegendo os trabalhadores.”
Patrões e trabalhadores têm conseguido formar alianças também nas questões sociais e de segurança. A construção civil em Brusque conta com o Dia Nacional da Construção Social, evento que trata de temas como responsabilidade social, mercado de trabalho e segurança.
Os dois sindicatos pagam, conjuntamente, um técnico de segurança do trabalho, para orientação e vistoria nos canteiros de obras. Assim, o objetivo é de que as duas partes recebam pareceres que estejam o mais próximo possível da imparcialidade.
“Hoje, tudo que o Sintricomb faz em relação à qualificação do funcionário é apoiado pelo Sinduscon. Quando um patrão reconhece o valor de um trabalhador, não fica criando empecilhos. Quando vamos negociar salários, sempre saímos na frente em relação a outras cidades do estado, sem tumulto.”
O atual presidente do Sinduscon, Fernando José de Oliveira, destaca que as boas relações dependem dos presidentes das entidades, e tece elogios a Otaviano.
“Na nossa região, o empregador se preocupa muito com o colaborador. Muitas vezes, a situação econômica do país não oferece alternativas, não há condições de ir além. É com isso que negociamos. Trabalhamos dentro de limites. O Izaías vê esta situação do país, vê a situação dos trabalhadores.”
De acordo com Oliveira, empresários de fora de Brusque já vieram ao município para executar obras sem condições de trabalho mínima. Nestas ocasiões, Sinduscon e Sintricomb se unem nas cobranças e buscam todos os recursos possíveis, até acionar o Ministério do Trabalho, se necessário.
“A convenção é praticamente sempre a primeira a ser assinada no município. O relacionamento é de colocar as coisas para funcionar, sem picuinha, sem outras instâncias. É uma marca registrada do Sinduscon de Brusque, até mesmo no estado”, exalta o terceiro presidente da entidade patronal, Luis Alexandre Moresco.
Ele lembra da comissão de conciliação entre Sinduscon e Sintricomb, cuja manutenção é um desafio, mas tem compensado satisfatoriamente. “Qualquer reclamação de um funcionário pode ser levada à conciliação, e a empresa chamada sabe que é uma chance de resolução simples, com respaldo legal. Algo que hoje ainda vigora e funciona.”
Na visão do primeiro presidente da história do Sinduscon, Orlando Schaefer, as negociações eram mais complicadas no início da entidade, ainda que sempre prevalecesse o diálogo. Atualmente, destaca os trabalhos em conjunto entre Sintricomb e Sinduscon.
“Em outra época, presidentes das entidades nem podiam andar muito juntos. Pareciam adversários, quase inimigos. Existia uma diferença. Hoje a situação mudou e é muito tranquila, e isto é fruto de algo que se semeava desde aqueles tempos.”