Reportagem trafega na rodovia Antônio Heil à noite e indica trechos perigosos

Estrada tem pontos com boa sinalização, mas há trechos escuros e difíceis para os motoristas

Reportagem trafega na rodovia Antônio Heil à noite e indica trechos perigosos

Estrada tem pontos com boa sinalização, mas há trechos escuros e difíceis para os motoristas

Em obras há mais de dois anos, a rodovia Antônio Heil (SC-486) conta com trechos duplicados, alguns destes já estão abertos para o tráfego em duas pistas.

Porém, principalmente à noite, com a ausência de iluminação em grande parte da rodovia, ainda existem trechos perigosos.

Por isso, a reportagem trafegou na Antônio Heil a partir das 20h, com o objetivo de apontar locais que merecem atenção redobrada dos motoristas.

Imprudência no trânsito

Desvios são bem sinalizados na rodovia. Foto: Cristóvão Vieira

Principal via de acesso entre os municípios de Brusque e Itajaí, a estrada é bastante utilizada por diferentes perfis de motoristas, como caminhoneiros buscando e levando toneladas de cargas, pessoas que fazem este trajeto à trabalho e turistas – tanto de compras chegando em Brusque, quanto de veraneio partindo para o litoral.

Ademir Müller, um dos mais antigos taxistas de Brusque, foi o motorista que levou a reportagem por toda a extensão da rodovia e fez questão de mostrar os locais que considera mais perigosos. Trabalhando no táxi desde o início dos anos 1970, ele acompanhou praticamente toda a evolução da rodovia.

Neste ano, quatro pessoas morreram na via e outros inúmeros acidentes com feridos foram registrados. O principal caso – em que parte da responsabilidade é atribuída à obra de duplicação – foi o de Reginaldo Wanzuita dos Santos, que transitava com sua motocicleta por volta das 18h do dia 31 de outubro, quando um veículo entrou na contramão e causou a colisão fatal.

Isso porque o acidente foi justamente num trecho em que foi decidido não fazer uma mureta dividindo as pistas contrárias, e sim manter apenas tachões, as populares tartarugas.

Estacionamos próximo a esta parte do trajeto, que fica perto da padaria Sodepan, para observar o comportamento dos motoristas. Apesar de não haver mureta, a sinalização horizontal – ou seja, faixas e pinturas no chão – é perfeita e indica exatamente como o trânsito deve fluir.

Há também placas com limite de velocidade, mas a imprudência dos motoristas começou a ser notada neste trecho: nos cerca de dez minutos que ficamos parados ali, poucos respeitaram a máxima de 60 quilômetros por hora.

A distância entre a pista e o espaço para passagem de pedestres é muito pequena, e os veículos em alta velocidade causam tensão. No entanto, por ser ainda um ponto urbanizado, há iluminação.

Trechos duplicados


Um dos principais trechos duplicados começa a partir da concessionária Uvel. Ali dá pra se ter boa ideia do que aguarda os motoristas quando a obra ficar completa. A sinalização horizontal é perfeita e inclusive já é possível fazer o retorno por baixo do que será um viaduto, já próximo da conclusão.

Alguns quilômetros depois começam os desvios, que têm sempre boa sinalização com placas e cones. Contudo, as sinalizações horizontais (pinturas no chão) começam a falhar. Em alguns pontos não há nenhuma, e o motorista precisa se guiar totalmente pelos cones.

Passado o trajeto, estacionamos em um dos pontos mais caóticos da obra: a entrada para a rua Mineral, que leva ao parque aquático Mineral Água Park. Neste local, a rodovia conta com três pistas, sendo duas para quem vem para Brusque e uma para quem vai à Itajaí.

Quem quer entrar na rua Mineral vindo de Itajaí precisa ficar no meio da pista, mas a total falta de iluminação nesse trecho dificulta a noção do motorista. Já quem está saindo da rua Mineral e quer ir sentido a Brusque precisa cruzar as três pistas, uma manobra perigosa, já que não há rotatória no local.

Veículos quase colidiram na saída da rua Mineral. Foto: Cristóvão Vieira

Em alguns minutos parados ali, a reportagem quase testemunhou um acidente. Um veículo saía da rua Mineral sentido a Brusque e outro, no mesmo momento, vinha de Itajaí para entrar na rua Mineral. Os carros se cruzaram e por pouco não bateram.

Sem luz
Depois disso, o que se seguiu foi um longo percurso iluminado apenas pelos faróis do táxi e dos demais veículos. A escuridão por si só já complica a vida do motorista no trânsito, mas o problema é agravado devido ao uso de luz alta dos motoristas na direção contrária.

Além disso, ainda há os imprudentes. Em um trecho já duplicado, mas não autorizado a trafegar pela esquerda, proibido por cones e cavaletes, uma motocicleta ultrapassou o veículo da reportagem pelo acostamento, se arriscando entre o carro e uma valeta. Instantes depois, outro motorista grudou na traseira do táxi em alta velocidade e Müller precisou jogar para o acostamento, dando passagem.

Também são raras as placas que apontam a quilometragem em que o motorista está. Este item é fundamental para casos de acidentes ou imprevistos, mas praticamente não existe na Antônio Heil.

Asfalto irregular e escola polêmica


Quando a estrada se aproxima de Itajaí, a qualidade do asfalto decai muito. São tantos buracos e desníveis que o carro treme o tempo todo. As linhas horizontais já estão totalmente gastas, não há ainda duplicação e cabe aos motoristas o bom senso e a noção de espaço para que não haja colisão.

Entramos na Escola de Educação Básica Monsenhor Vendelino Hobold, de Itajaí, obra nova do governo do estado, que terá suas primeiras aulas no próximo ano. A nova escola gera muita polêmica por sua localização geográfica.

Construída para contemplar a comunidade do bairro Itaipava, que fica localizada em sua totalidade na margem direita da rodovia sob a perspectiva de quem está sentido a Brusque, a escola fica na margem esquerda. Não há travessia, lombada ou faixa de pedestres no local. Os estudantes precisarão atravessar quatro pistas para chegar no local, correndo riscos reais.

Escola estadual está no lado da via contrário à comunidade, mas não há passarelas ou faixas de pedestre. Foto: Cristóvão Vieira

Na volta, o taxista foi induzido ao erro por um motorista à sua frente. Ele se enganou com a placa de desvio e tomou um rumo errado. Nós, que o seguíamos, repetimos o equívoco. Isso acontece com frequência, justamente nesse trecho mal sinalizado que pertence a Itajaí. Pouco à frente podemos perceber a estrutura formada para receber mais um viaduto. Esse ainda um dos locais com pouco avanço nas obras.

Respostas do Deinfra
O engenheiro fiscal da obra na Antônio Heil, Cléo Quaresma, explicou algumas das situações apontadas durante o percurso à noite na rodovia. Sobre o problema da escola estadual, ele explica que não há no projeto inicial uma previsão de construção de passarela, mas que providências estão sendo buscadas.

“É uma situação que estamos tentando resolver, porque a obra da escola veio depois do início do trabalho na rodovia, e mesmo assim ninguém entrou em contato conosco, não solicitaram passarela. Mas vamos procurar uma forma de viabilizar isso, terá de ser feita”, completa.

Sobre a pouca iluminação, Quaresma diz que há uma falha no projeto. “Não foi prevista a parte de iluminação. Isso é sempre um impasse, porque no fim ninguém [nem prefeitura, nem governo do estado] quer pagar a conta, assim como está acontecendo com a situação da ponte de Laguna”, diz.

Já sobre as partes com tachões e sem mureta, o engenheiro fiscal é taxativo. “Isso é apenas provisória, vamos fazer a mureta cortar toda a extensão da rodovia. Sabemos que há comerciantes que não querem, mas é uma questão de segurança. Não faremos mureta apenas se houver uma ordem judicial”, completa.

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