Igreja Adventista propõe arcar com custos de restauração do casarão de Dom Joaquim
Reunião entre igreja, prefeitura e proprietário deve definir futuro do imóvel histórico
Reunião entre igreja, prefeitura e proprietário deve definir futuro do imóvel histórico
A União Sul Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia aguarda uma confirmação de data para uma reunião com o prefeito Jonas Paegle e o proprietário do casarão onde funcionou o armazém de Davi Hort, na rua do Cedro, no bairro Dom Joaquim, para discutir a sua preservação.
No ano passado, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Comupa) aprovou o encaminhamento de um pedido de tombamento do imóvel, solicitado pela igreja. O interesse no local se dá porque foi no casarão, que em 1884 chegaram a Santa Catarina revistas que continham os primeiros ensinamentos baseados na doutrina Adventista.
De acordo com o historiador da Fundação Cultural de Brusque, Álisson Castro, o município notificou o atual proprietário do imóvel sobre a intenção de tombamento, que, no começo de abril, apresentou uma manifestação de impugnação do pedido, mas sem assinatura. “Agora, a prefeitura busca um consenso entre as partes envolvidas”, diz.
Um dos procuradores da Igreja Adventista, Maicon Lucas da Costa, afirma que o interesse da igreja é chegar a um entendimento com o proprietário do imóvel, por isso, a reunião deve ser realizada em breve para discutir o assunto. “O imóvel representa um marco para a Igreja Adventista e também para o cristianismo em si. Queremos conversar com o proprietário, ver o lado dele. Não queremos que ninguém saia prejudicado”, diz.
Costa ressalta também que a Igreja Adventista tem interesse em bancar a restauração do casarão para preservá-lo. “Sabemos que a questão financeira pesa muito quando se fala em preservação do patrimônio, por isso, estamos abertos a disponibilizar recursos para esta preservação”, diz.
No mês de maio, representantes do Conselho do Patrimônio de Brusque participaram de reunião no Ministério Público sobre a preservação de imóveis históricos da cidade.
A presidente do conselho, Alexssandra da Silva Fidelis, destaca que a discussão sobre o patrimônio é importante para deixar o processo mais transparente.
“Especificamente no caso do casarão de Dom Joaquim, estamos aguardando para ver como está essa questão da documentação. Acredito que na nossa próxima reunião do conselho já deve estar esclarecido e aí já damos seguimento a esse pedido de tombamento”.
Na reunião, ficou definido que o Ministério Público vai acompanhar todo o processo referente ao casarão de Dom Joaquim. “Iremos acompanhar para saber sobre o desfecho do procedimento e, inclusive, quais serão as providências realizadas para a recuperação do imóvel, seja pelo proprietário ou, não tendo condições, pelo ente público”, diz o promotor da 6ª promotoria de Brusque, Alan Boettger.
Além disso, o promotor ressalta que referente aos demais prédios, a intenção é esclarecer a população sobre os institutos existentes e que visam à proteção dos bens históricos (principalmente inventário e tombamento). “Ademais, pretende-se incentivar uma parceria entre o Município e a Universidade para a revisão do referido catálogo de bens”.
Para Boettger, é importante discutir e planejar providências concretas sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural, uma vez que isso implica que no resguardo e preservação da memória brusquense e da região.
“Muito já se perdeu e está sendo perdido a cada dia que passa, com a ruína de prédios ou construções que traziam às pessoas recordações de suas infâncias ou de seus antepassados, de suas origens. Com efeito, o desrespeito, o descaso, à memória e ao patrimônio histórico e cultural é, na verdade, um desrespeito e um descrédito aos valores regados por nossos avós, bisavós, enfim, a toda uma geração passada que construiu, laborou, o ideário de uma cidade, de um povo”.