Revisão do patrimônio histórico de Brusque é discutida em encontro virtual do IAB
Prefeitura de Brusque montou uma comissão especial para dar início ao trabalho no município
Prefeitura de Brusque montou uma comissão especial para dar início ao trabalho no município
Na semana passada, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) Núcleo de Brusque realizou um bate-papo on-line sobre o patrimônio histórico de Brusque. Profissionais de diversas áreas participaram do encontro virtual que teve como objetivo esclarecer a situação da revisão do catálogo de Brusque.
O presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Comupa), Eduardo Tomazoni, lembra que em Brusque apenas dois imóveis são tombados como patrimônio histórico no município: o prédio do Tiro de Guerra e, recentemente, o casarão Hort, no bairro Dom Joaquim.
Tomazoni destaca que além dos dois imóveis já tombados, a cidade conta com o inventário e o catálogo do patrimônio histórico, porém, os dois documentos estão defasados e já não representam a realidade da cidade.
“Nesse meio tempo, alguns imóveis foram demolidos e por isso temos essa necessidade de reformulação do catálogo para que possamos dar continuidade de forma aprofundada ao trabalho e que os demais imóveis possam ser levados a tombamento, com pessoas qualificadas para catalogar e testemunhar que se trata, de fato, de patrimônio histórico”, diz.
No encontro virtual, o presidente do Comupa deixou claro que é preciso embasamento e fundamento histórico para que os imóveis presentes no catálogo sejam considerados patrimônio. “Vamos fazer parte da revisão, mas não temos a qualificação para fazer esse catálogo, somos voluntários nessa causa”, destaca.
Neste ano, a pedido do Ministério Público, a Prefeitura de Brusque instalou uma comissão especial para iniciar o processo de revisão do catálogo do patrimônio histórico.
No bate-papo virtual do IAB, o presidente da comissão, Rafael Scheibel de Andrade, explicou como deve ser feito este trabalho.
“O MP-SC pediu que realizássemos um diagnóstico e plano de ação sobre o tema. O decreto que estipula esse plano de ação, cria estruturas similares a da revisão de um plano diretor”.
Scheibel lembra que o catálogo e o inventário do patrimônio histórico foram criados em 2011 com o objetivo de conceder incentivos fiscais aos proprietários dos imóveis que constam nos dois documentos. Em 2013 foi aprovada a legislação municipal que trata do assunto.
“Originaram-se os dois documentos que entendemos errôneos. O tombamento visava o inventário e a partir do inventário foram colocados em lista 55 edificações e no catálogo diminutas 27 edificações”.
De acordo com ele, imagens colhidas já no âmbito da comissão especial, mostram que 33 edificações constantes nos documentos já foram demolidas ou descaracterizadas. “As demolidas serão excluídas. Muitas também possuem descaracterização latente”, diz.
De acordo com ele, a revisão do catálogo será feita com a participação da sociedade, por meio de audiência públicas e discussões. “Queremos que a sociedade defina o que é patrimônio e o que merece ser preservado dentro do município de Brusque”.
A reitora da Unifebe, Rosemari Glatz, também participou do encontro e demonstrou preocupação em relação ao patrimônio de Brusque. Ela citou, como exemplo, a demolição do palacete Renaux, que ficava onde hoje está a praça Barão de Schneeburg. “Foi um descaso com a nossa história que é tão rica”.
De acordo com ela, é preciso avançar na compreensão da importância e do que é patrimônio histórico. “Temos que ir além das edificações. Não precisa ser uma grande mansão. Pode ser uma rua, um muro. Patrimônio é mais do que edificação, é o que nos identifica como história”.