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João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Rodovia Antônio Heil: o trevo

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Rodovia Antônio Heil: o trevo

João José Leal

Li, neste jornal, que uma empresa de Chapecó, venceu o processo licitatório para a construção do tão esperado e necessário trevo da rodovia Antônio Heil, na sua intersecção com a BR-101. E já não era sem tempo. Afinal, quem por ali passa sabe muito bem que, naquele local, o tráfego de veículos se torna um verdadeiro calvário, requerendo tempo e muita paciência dos motoristas.

No entanto, a data do início da obra ainda não foi anunciada. Isso preocupa, pois quem conhece essa velha novela, sabe que licitações foram feitas para depois serem canceladas ou postergadas. Até ordens de serviço foram suspensas sem que a construção do trevo saísse do papel.

Na verdade, a sesquicentenária novela da atual rodovia Antônio Heil teve início nos primeiros anos, quando o Barão de Schnéeburg logo percebeu a sua grande importância para o desenvolvimento da Colônia por ele dirigida e defendeu “a incontestável necessidade de abertura de uma boa estrada em direção conveniente da Colônia à Villa de Itajahy”. E, claro, com o seu porto. Muitos pedidos foram encaminhados aos governos provincial e imperial.

Num deles, diversos colonos assinaram requerimento dirigido ao Imperador Pedro II, no qual “ousavam colocar ao pé do trono um pedido urgente e necessário para o progresso da Colônia”, que nada mais era do que a “factura da comunicação terrestre com a Villa de Itajahy”. No entanto, somente em 1875 foi anunciado o término da estrada. Mesmo assim, a importante obra rodoviária só ficaria completa em 1905, com a construção da primeira ponte sobre o Itajaí-Mirim.

Cheia de curvas, com muitas subidas e descidas, a velha estrada colonial serviu por um século. Mas, construída para o tráfego de carroças, cavaleiros e de muita gente a pé, era preciso substituí-la por uma outra mais moderna e digna do tráfego de automóveis e caminhões, num novo tempo de motoristas que não suportavam mais poeira, buraco nem lama. Isso aconteceu em 1974, com a construção e asfaltamento da SC-486, batizada de rodovia Antônio Heil.

Alguns poucos anos se passaram. Então, foi a vez da campanha pela duplicação, obra inaugurada em 2017, com direito a comício e muitos discursos. No entanto, a construção do trevo junto à BR-101 ficou para mais tarde. Afinal, estamos cansados de saber que, no Brasil, inauguração oficial nunca foi garantia de obra pública completamente acabada.. Em nosso país, obras públicas são prometidas. O início, nunca se sabe quando vai acontecer. E o seu final, muito menos ainda.

Passado tanto tempo, percebe-se claramente que essa importante via de comunicação terrestre de Brusque com o litoral parece ter sido predestinada, desde a sua origem, a ser uma obra interminável, sempre com alguma coisa a ser feita.

Assim, diante dessa mais que centenária novela, tudo indica que vamos amargar ainda mais alguns anos enfrentando engarrafamentos quilométricos para ingressar na BR-101.

 

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