Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Befana, a boa velhinha italiana

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Befana, a boa velhinha italiana

Rosemari Glatz

Mais uma vez é Natal e, dentre as tradições desta época, uma das que mais gosto são os desfiles natalinos. Este ano tive a oportunidade de prestigiar apenas um, o Desfile Natal Mágico Guabiruba, onde uma nova atração ganhou destaque entre as atrações mais tradicionais como o Presépio Vivo e os Pelznickel: Befana, uma personagem muito conhecida do folclore italiano.

E Guabiruba, colonizada originariamente por alemães, italianos e também por alguns poloneses, agora reforça uma antiga tradição que permanece viva na Itália.

As origens da lenda da Befana são pagãs. Nos tempos antigos, os romanos acreditavam que no prazo de doze dias após o solstício de inverno seria celebrado a morte e renascimento da Mãe Natureza, e que doze figuras femininas lideradas por Diana, a deusa da lua e da vegetação, voariam sobre os campos para torná-los férteis. Há outras versões da lenda: alguns argumentam que ela nasceu de um festival romano ligado à troca de presentes, e outros acreditam que está relacionado com as deusas mitológicas germânicas pagãs da natureza invernal, Holda e Berchta, que compartilham o papel de “guardiãs dos animais”.

A versão “católica” da lenda, aceita por aqui e na Itália, diz que durante a durante a sua viagem à Belém os Três Reis Magos haviam se perdido, e bateram na porta de uma senhora idosa, Befana, para pedir informações. Os sábios foram bem recebidos pela gentil senhora e disseram a ela que estavam indo conhecer o Menino Jesus, e a convidaram para que os acompanhassem.

Ela recusou o convite pois estava muito atarefada, mas logo ela arrependeu. Sentindo-se culpada por não os ter acompanhado, preparou um saco cheio de presentes para o Menino Jesus e saiu na tentativa de se juntar aos Reis Magos. Não os encontrando, e nem a manjedoura, a velha senhora decidiu parar em todas as casas e dar doces para as crianças, na esperança de que uma delas fosse o Menino Jesus. Segundo a lenda, passados mais de dois mil anos desde que Jesus Cristo nasceu, a amada velhinha Befana ainda continua firme em sua busca.

Na atual tradição italiana, após o dia 27 de dezembro os supermercados substituem os panetones pelas meias coloridas de doces. E, na noite entre os dias 5 e 6 de janeiro, noite de Befana (ou Epifania), uma velhinha simpática com um xale sobre os ombros, sapatos furados e rosto sujo de fuligem, passa de casa em casa. Às vezes a figura da mulher idosa é confundida com uma bruxa boa, que voa em uma vassoura desgastada e invade as chaminés. Deve-se deixar a janela aberta para que, ao passar pelas casas em sua incessante busca pelo Menino Jesus, Befana encha as meias vazias penduradas pelas crianças na lareira ou na janela. Os que foram bons durante o ano são presenteados com doces, frutas secas ou pequenos brinquedos. E os que não se comportaram muito bem recebem carvão ou alho.

Se aqui no aqui no Brasil as crianças aguardam o Papai Noel, na Itália as crianças aguardam ansiosas a visita da Befana, muito querida por lá. Aqui no dia 6 de janeiro comemoramos o Dia de Reis. Na Itália também se comemora Befana, e é quando, na prática, começa o Ano Novo deles. Tanto lá como cá, dia 6 de janeiro também é dia de desmontar o pinheirinho de Natal, e começar um novo ciclo.

E você, como se comportou em 2022? Ganharia doces ou carvão?

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