Cartões postais de Brusque e o palacete Carlos Renaux
Os primeiros cartões postais apresentando Brusque começaram a surgir a partir de 1899 e a iniciativa deve-se a Eugen Currlin, pioneiro no ramo de livrarias em Blumenau. Editor, Currlin reunia belas vistas fotográficas de Brusque, Blumenau e Itajaí, selecionava as melhores fotos e as remetia à Alemanha para impressão dos cartões postais. A Casa de Brusque possui várias coleções desses postais, verdadeiras relíquias que possibilitam ilustrar a nossa história com exatidão e beleza.
Segundo Ayres Gevaerd, são conhecidas quatro séries de cartões postais produzidas por Eugen Currlin sobre Brusque, sendo duas numeradas. Gevaerd destacou alguns postais: rua Conselheiro Willerding (atual rua Conselheiro Rui Barbosa) que mostra, no primeiro plano, um poço do qual as famílias vizinhas se serviam e aspectos do porto fluvial, muito antes de a ponte Vidal Ramos (atual ponte Irineu Bornhausen, conhecida como ponte Estaiada) ser construída. Na foto, lanchas e a barcaça usada para travessia do rio, e as tradicionais balsas feitas de tábuas das mais variadas madeiras, armadas no Ribeirão do Ouro e Porto Franco (Botuverá) que, quando não eram vendidas em Brusque, seguiam até Itajaí.
Outro postal mostra o porto fluvial e, na sua margem direita, um armazém que servia para depósito de mercadorias, utensílios das lanchas, etc. Esse mesmo postal mostra, com bastante nitidez, os trilhos da estrada de ferro particular da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, que ligava a fábrica ao porto fluvial de Brusque. Para a construção dessa linha férrea foi firmado um contrato em 20/09/1900 entre Carlos Renaux e a Superintendência (Prefeitura) de Brusque, que permitiu a construção de uma linha férrea de bitola estreita para tração animal que partia da passagem Sul do rio Itajaí-Mirim e terminava nas proximidades da fábrica de tecidos na Pomerânia (atual avenida 1º de Maio), numa extensão de três quilômetros. Um vagão corria pela linha férrea, transportando operários e mercadorias, e um ou dois vagonetes movidos a pedal eram impulsionados por uma alavanca especial utilizada por uma ou duas pessoas.
Gevaerd ainda destaca um postal que apresenta a vista parcial de Brusque com as igrejas católica e luterana. Na rua principal aparecem, em destaque, os prédios Buettner, Carlos Gracher, Gustavo Krieger e o palacete Renaux no centro. Hoje conhecida como Cônsul Carlos Renaux, a rua inicialmente foi chamada de “Caminho Novo”, depois “rua Barão do Ivinhema” e, a partir de 1931, “rua João Pessoa (em função da Revolução de 1930)”. Em 1948, passou a ser denominada Avenida Cônsul Carlos Renaux.
Edificado no cruzamento entre as avenidas Monte Castelo e Cônsul Carlos Renaux, o palacete da família Renaux foi concluído em 1899 e, durante cerca de 50 anos, foi imagem constante nos cartões postais da cidade. Símbolo arquitetônico de Brusque e do poder de Carlos Renaux, o palacete era pintado de rosa, possuía sacadas de ferro e foi a primeira residência em Brusque servida com luz elétrica e encanamento. O assoalho da sala era de madeira talhada como raios de Sol, e havia grandes espelhos nas paredes. As dependências sanitárias já eram abastecidas com água corrente, inventadas na Inglaterra em 1885. Com três andares, arquitetura Historicista e elementos neoclássicos, o palacete era coberto com jardim de grama e os beirais eram ornados por estátuas representando os ofícios em concepção clássica, simbolizando a indústria, o comércio, a lavoura, as artes, etc. No 1º andar havia uma sala de música onde aconteciam pequenos concertos. Por volta dos anos 1930 o prédio já servia de casa comercial. Entre março e agosto de 1949 o palacete foi demolido e, no seu lugar, foi implantada a Praça Barão de Schneeburg.
Fonte: Aconteceu em Brusque há 100, 75 e 50 Anos. Ayres Gevaerd. Blumenau em Cadernos. Tomo XV. Junho de 1974. N° 6
http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/blumenau%20em%20cadernos/1974/BLU1974006.pdf