Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A lenda do Dragão de Guabiruba

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A lenda do Dragão de Guabiruba

Rosemari Glatz

Dragões são uma estranha coincidência do folclore mundial. A palavra dragão vem do grego “drakón” e, em Guabiruba, é uma das lendas mais famosas. Avistado pela primeira vez em 1982 no bairro Lageado Alto, o personagem se consolidou no imaginário Guabirubense e, em 2020, o Dragão de Guabiruba foi apresentado na categoria Lendas Brasileiras pelo ilustrador e escritor Caio Sales.

Presentes em diferentes grupos sociais, lendas são histórias transmitidas pela tradição oral e fazem parte da cultura da humanidade. Oferecem ensinamentos de acordo com as crenças e valores dos grupos sociais, e isso também se aplica à lenda do Dragão de Guabiruba. Colonizada principalmente por imigrantes alemães católicos de Baden, sua história se entrelaça à de Brusque. Durante mais de cem anos, os Guabirubenses representaram importante mão-de-obra para as grandes empresas têxteis de Brusque e algumas destas empresas, à exemplo da Renaux, possuíam extensas áreas de terras com florestas em Guabiruba, onde acontecia muito roubo de palmito. Para tentar minimizar o roubo a partir do medo, um dos diretores da empresa Renaux teria espalhado um boato de que havia um dragão naquelas terras e assim foi plantada a semente do ocorrido em 1982.

A aparição da criatura se deu em meados de 1982 e o primeiro a ver o Dragão de Guabiruba foi o agricultor Pedro Smanioti, que morava na região montanhosa do bairro Lageado Alto. Pedro já é falecido, mas a história foi contada pelo próprio Pedro ao jornal O Município em 17/08/1990, quando ele relembrou os momentos de terror vividos no meio da mata.

Tudo começou em uma manhã aparentemente comum de vida no campo, quando Pedro, agricultor, foi até a mata buscar folhas de caeté para alimentar os animais. Enquanto cortava o caeté numa grota, ele escutou vozes, pessoas conversando muito alto. Então, Pedro disse para essas vozes: podem vir, eu não tenho medo, eu tenho um facão e vocês só estão querendo me amedrontar. Na mesma hora, um ser marrom, bem feio, passou por cima da sua cabeça com as asas bem abertas. Apesar do susto e do medo, Pedro continuou cortando o caeté até o momento em que olhou para cima e, num galho, viu uma grande criatura voadora marrom, com extensa língua vermelha de fogo e escamada, que quase atingiu a cabeça dele. Ao ver o ser que se assemelhava a um dragão, Pedro caiu de joelhos e não conseguiu mais se mexer. Quando se recuperou, voltou para casa, assustado e sem os bois de carga. Chegou ofegante, com os joelhos sujos, carregando um pequeno maço de caeté nas costas e o seu facão. Contou o ocorrido para sua esposa, Laura, que, mesmo amedrontada, aceitou acompanhar Pedro até o local. Antes, ela colocou um galho de ramo bento sobre o peito e, com o rosário na mão, foi com o marido até o local, onde ela sentiu o desespero de Pedro e viu o lugar onde ele havia se ajoelhado. Pegaram os bois e voltaram para casa.

Depois da aparição, o local virou roça de fumo. Ele, que antes tinha pouca fé, rezou o terço por um ano inteiro e passou a andar com o rosário no bolso. O dragão nunca mais apareceu para Pedro. Não se sabe se apareceu para outras pessoas, mas dizem que o dragão continua sobrevoando Guabiruba e a lenda segue ganhando novas versões, como às que o associam à queda de dois aviões na cidade, o primeiro em 1995, e o último em 2020.

Passados quarenta anos, o dragão virou produto e atrativo turístico. O dragão, ou Draguabi – como alguns preferem chamar unindo a palavra dragão à Guabiruba, empresta seu nome para nominar empreendimentos de lazer e hospedagem na cidade, a exemplo da EcoEstalagem Montanha Encantada Dragão de Guabiruba, em implantação no bairro Planície Alta, e do Canto do Dragão Pousada, já em funcionamento no bairro São Pedro. Desde 2016, o dragão é a mascote da Associação Visite Guabiruba – AVIGUA.

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