Saída do Reino Unido da União Europeia impacta agências de turismo de Brusque

Nação deixou o bloco econômico e indica que adotará medidas restritivas em relação aos estrangeiros

Saída do Reino Unido da União Europeia impacta agências de turismo de Brusque

Nação deixou o bloco econômico e indica que adotará medidas restritivas em relação aos estrangeiros

A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) – processo conhecido como Brexit (saída britânica, em inglês) – tem repercussões não só na Europa, mas no Brasil e em Brusque. Na semana passada, por 52% a 48%, os britânicos votaram para sair do bloco econômico formado por 28 nações europeias. Com isso, a política de vistos poderá mudar, afetando diretamente os turistas e intercambistas brasileiros.

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O Reino Unido é formado por quatro nações: Inglaterra, Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia. Um dos maiores centros financeiros do mundo, Londres é a capital da nação símbolo da monarquia no mundo. A cosmopolita cidade também é o destino de vários brusquenses que querem visitar o Velho Continente ou estudar inglês.

Willian Munch, proprietário da Sierratur Viagens e Turismo, afirma que Londres é um dos principais destinos vendidos no seu negócio. “O clientes costumam ir, sim, mas geralmente eles combinam com algum outro destino, como Amsterdã [Holanda] ou Paris [França]”, diz. A capital britânica, famosa pelo Big Ben e pelo Palácio de Buckingham, recebe milhares de turistas anualmente e serve de conexão para vários países.
Londres também figura entre os principais destinos turísticos comercializados na Geneve Viagens e Turismo. Fabiano Roslindo explica que a cidade sempre esteve entre os dez destinos preferidos dos clientes. Ultimamente, porém, já não é mais tão procurada porque a libra esterlina – moeda oficial do Reino Unido – está muito alta em relação ao real.

A moeda cara também impactou a procura por pacotes que envolvam Londres na Tomasoni Viagens, de acordo com o proprietário da agência, Roberto Tomasoni. Apesar de já não estar mais tão em alta, a capital britânica ainda tem o seu público. São pessoas com maior poder aquisitivo que não abrem mão do multiculturalismo londrino.

Impacto

Ainda existe muita incerteza sobre o que realmente vai acontecer no Reino Unido e na União Europeia. No entanto, existe um indicativo de que a imigração e a concessão de vistos sofrerá um aperto, porque o partido que liderou a campanha para a saída do bloco econômico tinha um forte discurso anti-imigrantes.

Munch, da Sierratur, acredita que a saída do Reino Unido da UE terá impacto nas viagens de uma forma diferente. Como muitas pessoas incluem Londres no seu roteiro por várias cidades europeias, ele diz que uma possível mudança na política de vistos terá impacto nos pacotes “casados”.

Para ele, se o Reino Unido optar por fechar as fronteiras para o restante do continente, isso poderá afetas essas conexões. “Às vezes, a pessoa iria passar por Londres, mas por causa da burocracia vai trocar por Alemanha ou outro destino”, avalia. Hoje, é possível ir de uma cidade para a outra sem que seja necessário passar pela polícia de imigração a cada deslocamento. Isso deve mudar com o Brexit, mas não se sabe exatamente como.

Enquanto que Munch tem uma visão mais negativa do Brexit, Roslindo e Tomasoni não acreditam em grandes mudanças relacionadas aos turistas brasileiros. Da Geneve, Roslindo diz que pouco mudará porque, na visão dele, a política deve mudar com os cidadãos europeus, não com os sul-americanos.

Tomasoni vai na mesma linha. Ele diz que não é provável que o Reino Unido passe a exigir visto dos turistas brasileiros por causa da reciprocidade. O Brasil não obriga os britânicos a tirarem visto, por isso não deve ocorrer o contrário.

Indefinição sobre os intercambistas

A saída do Reino Unido do bloco econômico tem impacto não só no turismo, mas também nos intercâmbios de línguas e outros estudos. Londres é um dos principais destinos procurados pelos brusquenses que contratam com a agência Intercultural, segundo a gerente Renata Zunino Sartori.

Hoje, estudar na capital britânica é caro, porém, não é tão complicado. Brasileiros que farão cursos com até seis meses de duração não precisam retirar o visto no Brasil. Podem entrar no país, desde que não ultrapassem esse prazo. Já para quem passará mais do que as 24 semanas, a situação é mais complicada. É preciso ir ao consulado e passar por toda a burocracia antes de embarcar.

Renata diz que Londres é um destino caro, por isso é menos procurado do que outras cidades, mas sempre tem quem goste. De acordo com ela, são pessoas mais poder aquisitivo, que podem arcar com os custos em libra esterlina.

Como não tem muita definição do que pode acontecer com relação à imigração ou concessão de vistos, é difícil opinar. Mas Renata não acredita que vão acontecer grandes mudanças porque mesmo dentro da União Europeia as regras variam para cada país.

“Para aqueles que pretendem fazer cursos de até seis meses, até o momento não houve nenhum anúncio de que as regras para tal sejam mudadas. Esse ainda é um visto que é feito ao chegar no país, já na imigração, somente levando a documentação necessária, como carta de matrícula da escola, seguro saúde, passaporte válido etc”, diz Renata.

O que pode complicar um pouco é a situação dos estudantes que ficarão por mais de seis meses, quando já é preciso do visto. “Esse tipo de visto já é bastante restrito, pois o governo inglês quer ter a certeza de que a pessoa que fará um curso de duração mais longa, tenha realmente condições financeiras de arcar com o curso e a estadia lá. Não há ainda nenhuma mudança prevista nesse tipo de visto, já que é ainda tudo muito recente”.

 

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