“Samae é uma instituição de respeito”, diz novo diretor-presidente da autarquia
William Molina fala sobre os planos para sua gestão e também os investimentos previstos para os próximos meses
William Molina fala sobre os planos para sua gestão e também os investimentos previstos para os próximos meses
Desde o dia 1º de abril, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Brusque tem um novo diretor-presidente. William Molina, secretário de Fazenda e Gestão Estratégica, assumiu a autarquia após Luciano Camargo pedir exoneração do cargo.
No último mês, o Samae foi alvo de denúncias de irregularidades, que estão sendo investigadas pela prefeitura e também pelo Ministério Público (MP-SC).
Em entrevista a O Município, Molina fala sobre os planos para sua gestão à frente do Samae e também os investimentos previstos para a autarquia nos próximos meses.
O nome de Molina como novo diretor-presidente do Samae foi anunciado no dia 24 de março. Desta data, até 1º de abril, quando assumiu oficialmente, ele se dedicou a conhecer a fundo a estrutura do Samae, além de um levantamento amplo das contas e da folha de pagamentos da autarquia. “É importante ter os números na mão, tudo detalhado para poder iniciar o trabalho”.
Seu primeiro ato como diretor-presidente foi a nomeação da diretora de Recursos Humanos da Prefeitura de Brusque, Anelise Nagel Ketzer de Souza, como diretora-geral do Samae.
“Esta foi a primeira decisão importante. A Anelise tem uma larga experiência em recursos humanos, é diretora na prefeitura há bastante tempo. Como tivemos denúncias relacionadas à folha de pagamento, nomeei ela no lugar do Cleiton Bittelbrunn. Preciso de uma pessoa que possa dar sustentação em uma área de suma importância, que é o RH”.
Inclusive, Molina faz questão de ressaltar que Cleiton Bittelbrunn, que até então ocupava o cargo de diretor-geral, não foi uma indicação do vice-prefeito pastor Gilmar Doerner. “Surgiu esta fake news e faço questão de esclarecer. O Cleiton não foi indicação do pastor Gilmar. Ele [pastor Gilmar] ficou bastante incomodado com essa situação”.
O novo diretor-presidente fez a análise das contas do Samae, ao lado de uma equipe de contadores. “Fizemos um amplo estudo sobre esta documentação e a conclusão é que o Samae é extremamente viável, tem superávit, tem condições de fazer novos investimentos e manter a qualidade na entrega da água”.
De acordo com Molina, a folha de pagamento é equilibrada. A autarquia tem 175 servidores. Destes, 100 são efetivos, cerca de 60 atuam por contrato temporário e outros 15 são comissionados.
“A parte técnica do Samae é toda efetiva. Somos exemplo para muitas cidades. As pessoas comissionadas atuam em cargos de gestão. Não existe excesso. Um dos nossos objetivos é aumentar o quadro efetivo, já que temos vários em fase de aposentadoria. O nome Samae é muito forte e merece o respeito da sociedade”.
De acordo com Molina, o orçamento previsto para 2022 é de R$ 38,3 milhões. “Trabalhamos baseado no que foi estipulado na Lei Orçamentária Anual (LOA) e normalmente bate o que é pretendido com o que é executado”.
Ainda segundo o diretor-presidente, o Samae tem em caixa, atualmente, cerca de R$ 19 milhões. “O Samae é superavitário. Existe uma condição bastante saudável e isso me deixa tranquilo para começar o trabalho. Meu conceito de gestão é baseado em números. A partir destes números é possível ver o que é necessário fazer, investir, para que as coisas possam se equilibrar”.
Molina afirma que a folha de pagamento do Samae será avaliada caso a caso. “Avaliamos o que estava sendo pago aos servidores além do salário: gratificações, hora-extra, auxílio-alimentação e agora vamos chamar cada um para apresentar sua própria folha. Muitos pegam o dinheiro no banco, mas nem sabem se é só o salário, se é gratificação, então vamos esmiuçar tudo”.
O diretor-presidente garante, entretanto, que o que está sendo pago dentro da legalidade será mantido. “O que é legal, correto, não vamos mexer. O servidor pode ficar tranquilo”.
Além disso, o diretor-presidente pediu levantamento de todos os contratos do Samae com as empresas terceirizadas que prestam algum tipo de serviço. “Queremos fazer um aperfeiçoamento desses contratos. Cada item será revisto para que possamos fazer melhorias neste sentido”.
Molina afirma que os investimentos que já estavam sendo planejados, como a expansão da rede do Bateas até o Volta Grande, serão executados. “Essa obra deve iniciar em breve. Temos recursos próprios para isso. É uma região que tem crescido bastante e precisa de investimentos”.
Também já existe e deve ser dado continuidade no projeto de aumento na captação de água, no bairro Guarani, e também no armazenamento, na Estação de Tratamento (ETA) Central.
“Temos uma projeção dos engenheiros de que teremos problemas no início do ano que vem se não conseguirmos aumentar a capacidade de tratamento de água na cidade. Este projeto já existe, e daremos continuidade. Até outubro, quando aumenta o consumo, teremos essa nova capacidade de tratamento na ETA Central, de 50 litros por segundo, aliviando essa urgência, até a ETA da Cristalina ser concluída”.
Sobre a ETA da Cristalina, Molina afirma que esta será a primeira obra iniciada assim que todos os trâmites do financiamento internacional que o município está buscando forem concluídos.
“A contratação deste financiamento é bastante burocrática, são muitos processos para seguir. Temos uma equipe inteira se dedicando a isso. Assim que o contrato for assinado, imediatamente iniciaremos a obra na Cristalina. A construção acho que será rápida, temos a pretensão de, no máximo, em três anos, ter ela pronta para funcionar”.
O novo diretor-presidente afirma que o Samae é uma instituição de credibilidade e que todas as denúncias que surgiram envolvendo o nome da autarquia no último mês, serão apuradas e, se comprovadas, os envolvidos serão punidos.
“O Samae é uma instituição de respeito na sociedade e não pode ter o nome envolvido nessas questões. Se houve ou não questões que comprovem as denúncias, devemos investigar e punir os culpados, mas a instituição fica. Temos muitas pessoas que fizeram carreira no Samae, estão há 20, 30 anos e que não merecem ter o nome jogado na vala comum”.
Molina afirma que o Samae é alvo de denúncias constantemente, mas dificilmente, elas são comprovadas. “As pessoas tem que entender que toda denúncia é apurada, e nem sempre ela é verdadeira. Todas as denúncias feitas estão sendo investigadas”.
Sobre a denúncia de consumo e venda de drogas dentro do Samae, Molina diz que a prefeitura está em contato com a Polícia Militar e Civil para poder investigar.
“Sabemos que o consumo de drogas existe em qualquer lugar. Se for só consumo, vamos encaminhar para tratamento. São seres humanos, merecem nossa atenção. Se for tráfico usando a estrutura do Samae, óbvio que a polícia tem que intervir, é crime. E os envolvidos serão punidos da forma mais rigorosa possível”, diz.