Santa Catarina tem potencial para um futuro ainda mais próspero em relação à internacionalização
Mercado externo oferece várias possibilidades para que empresas do estado e do país ampliem seus negócios
Presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Maitê Bustamante enxerga que, em Santa Catarina, é nítida a mudança sobre a concepção que os empresários têm do processo de internacionalização, um ponto positivo relacionado também ao esforço realizado por entidades e poder público.
“O empresário está mais aberto a ouvir, investir, contratar consultoria, tem uma procura bastante alta nas missões comerciais para Coreia do Sul, Singapura, Índia, China. Vejo que já avançou bastante o entendimento do industrial em relação ao mercado exterior”.
“Temos produção, qualidade, prazos, agregação de valor, sofisticação como o europeu e americano, mas é necessário investir em aprendizado, compliance, segurança jurídica, matriz de meio ambiente e governança corporativa”, analisa Maitê.
Gerente de internacionalização do Sebrae-SC, Filipe Gallotti destaca que, nos últimos quatro anos, houve um aumento exponencial na procura por capacitação – de 60 empresários inscritos no primeiro ano, em 2020, passou para 400 em 2023.
“Acredito que o ponto mais importante neste momento é o fato de o tema estar sendo propagado. Quanto mais falamos sobre, mais empresas impactamos. Desde o primeiro ciclo, através dos eventos, já foram impactados mais de 7 mil empresários. Desta forma estamos construindo um soft landing apropriado para que eles se sintam habilitados, capacitados para alcançar novos mercados e oportunidades”.
Na sua opinião, a tendência é ainda um volume maior de negócios em um futuro próximo. “Mais empresas devem buscar esse caminho devido à globalização e às oportunidades de crescimento que os mercados internacionais oferecem. Além disso, a tecnologia facilita a comunicação e logística, tornando a expansão internacional mais viável”.
Especializada em roupas da linha noite, a Mensageiro dos Sonhos espera estar cada vez mais inserida no mercado exterior no futuro. Referência em produção para empresas private label, atualmente, a empresa de Brusque, que está há 25 anos no mercado e também tem 13 lojas espalhadas por Santa Catarina, já atende alguns clientes fixos em países da América do Sul, como Bolívia e Paraguai, além de importar uma linha específica da China, mas o momento atual permite ter perspectivas mais ousadas para um futuro próximo.
“Estamos, há muito tempo, desempenhando um trabalho de fortalecimento da nossa marca própria, e isso foi acelerado na pandemia. A exportação vem fazendo parte das nossas conversas e do nosso planejamento estratégico como uma grande oportunidade de expansão da marca. Hoje, já estamos com alguns parceiros no exterior e já exportamos para outros como Estados Unidos, Panamá, Argentina e Uruguai. A tendência é que, nos próximos anos, busquemos mais conhecimento para desenvolver a área de exportação”, explica a supervisora comercial da empresa, Cristiane Bussolo Boeing.
A gigante Shein é uma das clientes que já está alinhando negócios com a Mensageiro dos Sonhos. A empresa chinesa busca, com vários parceiros no Vale do Itajaí, preencher um espaço que surge com a queda das varejistas do Brasil.
“A Shein vem buscando fornecedores em nosso Vale e, diferente do que pensamos, ela chega com muitas exigências e critérios bastante rigorosos para o fornecimento, como o selo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). Chegaram até nossa empresa por indicações e pela forma que conduzimos nossas relações e pela seriedade e ética que praticamos em nossas negociações”.
Obstáculos a serem superados
Em relação ao caso de Brusque, a coordenadora do Núcleo de Comércio Exterior da Acibr, Francine Krieger, percebe que, para alguns setores, o custo-Brasil de logística e burocracia ainda pesa na competição principalmente com a Ásia. Por isso, ela destaca que é necessário conhecer o seu negócio e os potenciais mercados para fazer investimentos mais certeiros.
Neste sentido, o gerente de internacionalização do Sebrae-SC ressalta que o planejamento estratégico, análise de mercados e precificação em moeda estrangeira são temas básicos, mas de extrema importância para quem entra em outros mercados. “Nem toda empresa tem a mesma ‘dor’. É necessário analisar individualmente as carências e pontos de melhorias”, resume.
Presidente da Associação de Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr), Mauro Schoening enxerga o mercado muito favorável para explorar e uma boa projeção pela frente, mas ressalta as mudanças internas necessárias para as empresas da região.
“Nossa mercadoria é vendável, mas falta realizar os trâmites internos da fábrica. Exportar não é difícil, mas é necessário estabelecer regras. Temos empresas excelentes que só precisam de conscientização”.
Pela força do têxtil em Brusque, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) entrou em contato com a Ampebr para prospectar empresas interessadas e incentivar a internacionalização na região.
Lilian Kaddissi, superintendente de Projetos Estratégicos da Abit, enxerga em uma parceria com instituições da região uma oportunidade de explorar este potencial.
“A Ampebr, com sua importante atuação e condução de projetos, tem a capacidade de multiplicar esse conteúdo e mobilizar as empresas, para que conheçam as facilidades que o programa oferece, especialmente porque as empresas de Brusque já tem experiência e forte atuação no segmento têxtil e de confecção no mercado nacional, com potencial para expandir suas operações para outros mercados”.
Presidente nacional do Sebrae, Décio Lima vê um momento propício para as empresas que buscam a internacionalização.
“Houve o lançamento da Política Nacional da Cultura Exportadora, do governo federal, por exemplo, que coloca as exportações em outro patamar, pois passaremos a ter ações permanentes de apoio para garantir o protagonismo dos pequenos negócios. Brusque se destaca neste cenário em vários setores, como no têxtil. Estamos alinhando a implementação de ações efetivas que vão gerar mais oportunidades para essas empresas na exportação”.
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