Secretaria realiza mais de 30 mil atendimentos a pessoas vulneráveis em Brusque, em 2023
Secretária de Desenvolvimento Social aponta que número de atendimentos cresce no município
Secretária de Desenvolvimento Social aponta que número de atendimentos cresce no município
Até outubro, a Secretaria de Desenvolvimento Social de Brusque registrou 30.650 atendimentos a pessoas vulneráveis no município. O número é resultado da soma de todos os atendimentos realizados no Setor de Benefícios Eventuais, Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Azambuja, Cras Limeira, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Centro Pop e albergue municipal nos primeiros dez meses de 2023.
A secretária da pasta, Fabiana Silva Santos Gascoin, explica que se trata dos diversos atendimentos, não apenas relacionados a vulnerabilidade social. Portanto, englobam, também, pessoas em situação de rua e vítimas de violência, como mulheres, idosos e crianças.
“Às vezes a mulher é vítima de violência, não só física, mas também psicológica. Ela tem uma casa, o companheiro que dá todas as condições financeiras, mas ela precisa lidar com toda a questão da violência. Na questão de vulnerabilidade tem a social, mas também tem a questão psicológica. E os nossos serviços vão além”, conta.
Já as pessoas que acabam vivendo na situação de rua são atendidas pelo Centro Pop. A secretária ressalta que nem todas sofrem da vulnerabilidade socioeconômica, pois muitas têm família e uma casa.
“Mas eles estão dentro de uma vulnerabilidade, que é a condição de rua. Alguns romperam vinculo familiar, mas não necessariamente vivem em uma família vulnerável economicamente”, explica.
Apesar dos números de 2023 ainda não estarem fechados, a secretária aponta um aumento na busca por auxílio na cidade. Diariamente, ela percebe uma grande demanda na secretaria. “O número de pessoas em vulnerabilidade cresce. A procura, mesmo que seja só pelo cartão, é expressiva”, aponta.
No Setor de Benefícios Eventuais já foram feitos mais de 18 mil atendimentos, mais do que foi feito durante 2022 inteiro, quando 17,7 mil foram registrados.
“Hoje, a gente vê que o que era um auxílio eventual se tornou periódico, muitas famílias não conseguem sair e superar essa condição de vulnerabilidade social. Seja aqueles que não conseguem voltar ao mercado de trabalho ou até quem trabalha, mais aí tem o fator de aluguel, por exemplo, o qual é pago, mas acaba afetando a alimentação. O meio salário mínimo por pessoa pode ser uma questão de extrema pobreza. E quando tem crianças? Cada uma tem uma necessidade. A vulnerabilidade aumentou e continua aumentando”, ressalta.
Segundo Fabiana, o maior desafio da Secretaria de Desenvolvimento Social é a busca por mais recursos. Com eles, é possível trazer os benefícios e atender mais pessoas. “Não diminuir os valores, mas manter eles e poder proporcionar esse apoio, mesmo que seja eventual”, diz.
São oferecidos para pessoas vulneráveis os seguintes benefícios: cartão cesta básica; auxílio passagem de regresso; renda cidadã; auxílio funeral; auxílio natalidade; auxílio transporte; e auxílio para mulheres vítimas de violência doméstica, para ajudá-la a sair do meio onde a violência acontece. Todos são disponibilizados após a avaliação do assistente social.
Para ser atendida, a pessoa precisa levar as documentações necessárias, como as de identificação, o RG e CPF, e o comprovante de residência, além dos comprovantes de renda para a avaliação socioeconômica.
Além disso, uma das prioridades da pasta é a implantação de mais unidades de Cras pela cidade. Para a secretária, o espaço é essencial para a gestão dar suporte às famílias vulneráveis. Hoje, apenas os bairros Limeiras e Azambuja contam com essa estrutura.
“Esse é o nosso objetivo. Ao ter essa proteção a gente consegue identificar a vulnerabilidade e como essa família está enfrentando ela. Termos esses dados facilita o nosso trabalho, de gestão, para darmos suportes com políticas públicas a essa população”, defende.
O Setor de Benefícios Eventuais e o Cras são equipamentos de proteção social básica, já Creas é de proteção social média. No Cras, além do atendimento normal da concessão de benefício, tem o serviço de convivência e fortalecimento de vínculo. Por lá, famílias podem ser acompanhadas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif).
Assim, a secretária salienta que o atendimento pode iniciar no Setor de Benefícios Eventuais e, depois, ser levado a outros setores. “Precisamos entender o processo, se é eventual, e não é periódico. Porém, algumas pessoas não conseguem sair ou superar facilmente a vulnerabilidade, mas sempre será priorizada a avaliação socioeconômica, feita pelo assistente social”, explica.
Além da avaliação, tem o acolhimento e a escuta qualificada, pela qual os profissionais verificam outras vulnerabilidades, além da socioeconômica.
No Creas, indivíduos e famílias que tiveram direitos violados podem ser atendidas pelo Serviço de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi). Por exemplo, mulheres vítimas de violência, as quais são acolhidas e ouvidas. “É muito importante ter avaliação técnica e ter todo o acompanhamento”, continua a secretária.
Também, no serviço do Creas tem o serviço de atendimento ao infrator. “Se faz todo um trabalho com adolescentes infratores, que precisam cumprir medidas socioeducativas. Por isso o Creas é o Centro de Atendimento especializado”, completa. Até setembro, a estrutura já tinha atendido 985 famílias.
O Centro Pop é um serviço que conta com uma equipe técnica que faz um acompanhamento de pessoas em situação e rua. Por lá, segundo Fabiana, se verifica o motivo e o que fez a pessoa permanecer nesta condição, além de analisar o histórico da mesma.
“Muitas pessoas acham que é tudo a mesma coisa. Muitas vezes, a abordagem social que acontece tira a pessoa da rua e a leva para o albergue, mas não é bem assim. O Centro Pop funciona 12 horas por dia, das 7h às 19h, com uma equipe técnica. Vai desde atividades como de inclusão no mercado de trabalho, palestras, psicólogo, assistente social, educador e oficinas”, explica a secretária.
Hoje, ela detalha que a maioria das pessoas em situação de rua em Brusque é dependente química. Então, há aqueles que já passaram por comunidades terapêuticas, mas que tem dificuldade de voltar a se vincular às famílias e retornar para a casa. “A rua abre possibilidades deles fazerem o que eles querem, na hora que eles querem”, aponta.
Fabiana ressalta que, quando há esse rompimento com a família, há um rompimento da rotina. “Trocam o dia pela note, usam a droga que os deixa paranoicos. Muitas vezes, estar na rua é para ter liberdade de usar o entorpecente. A gente sabe que é um problema de saúde”, complementa.
“Não é sobre falar que usar drogas faz mal, os prejuízos eles já sabem, mas é uma questão de saúde mental para seguir com o tratamento. Principalmente, quando se trata de cocaína e crack, é muito difícil, o álcool também. Com a abordagem social, identificamos que tem família, tem casa para voltar, mas a pessoa não consegue retornar e gerir a vida. É um grande desafio”, desabafa.
Pessoas em situação de rua podem procurar o albergue municipal para pernoitar. Entretanto, mesmo com essa possibilidade, muitos ainda preferem continuar na rua, que é adaptável.
“Quando se sai destes locais, é preciso lidar com regras. Então, a pessoa precisa estar mais sóbria, consciente e focada. Muitos não acessam o serviço de albergue por essas dificuldades, principalmente com os dependentes”, explica a secretária.
A secretária admite que a sociedade, de modo geral, tem dificuldades de lidar com este problema. Boa parte das opiniões sobre pessoas em situação de rua é baseada em medo.
“Muitos não têm visão técnica e preferem ‘que tirem eles de perto’. Então, o nosso objetivo é falar que não se trata apenas de uma questão socioeconômica, mas é uma questão de saúde mental e dependência química. Não é só tirar a pessoa da rua, tem todo o tratamento e desintoxicação. Não dá para pegá-los a força e muitos não consegue sair dali por estarem bem debilitados. É muio complexo lidar”, finaliza.
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