Seleção Brasileira de Vôlei Juvenil tem rotina intensa de treinos em Brusque
Não bastar ter apenas talento para chegar à seleção. Comprometimento e superação estão na cartilha para seguir com a equipe amarelinha
Não bastar ter apenas talento para chegar à seleção. Comprometimento e superação estão na cartilha para seguir com a equipe amarelinha
Treinos diários, muita cobrança e dedicação. Essas são as exigências às quais são submetidas as atletas da Seleção Brasileira de Vôlei Juvenil. Treinando em Brusque desde o início da semana, as meninas não encontram vida fácil sob o comando do técnico brusquense Maurício Thomas. A carga pesada de treinos tem motivo. Olhos focados no Campeonato Sul-americano da categoria. A competição será disputada no fim deste mês na Colômbia. “A cobrança vai sempre existir. A gente precisa de jogadoras com esse perfil. É isso que vai fazer com que elas continuem ou não na carreira”, diz, ao justificar a pressão exercida sob as atletas nos momentos das atividades. Posicionamento adequado, agilidade e força de vontade, são alguns dos requisitos que podem garantir permanência cativa na equipe comanda pelo treinador. “Não posso errar aqui embaixo, senão o futuro da Seleção Brasileira está comprometido.
Temos uma responsabilidade muito grande”, ressalta Thomas. De fato, o papel do técnico não é fácil, está nas mãos do experiente treinador as atletas que substituirão uma geração vitoriosa do voleibol. Cabe a ele preparar estas garotas para no futuro substituírem jogadoras como Camila Brait, Dani Lins, Jaqueline, Fernanda Garay, a veterana Sheila e várias outras atletas que já marcaram história com a camisa da seleção. “Somos campeões olímpicos e mundiais. Se a gente não preparar bem estas meninas, com certeza o José Roberto Guimarães (técnico da seleção principal) vai achar ruim”, comenta Thomas, com a serenidade que leva consigo durante os treinamentos. “A gente prepara essas jogadoras não somente para serem campeãs na base, mas sim para que, futuramente, deste grupo aqui, tenhamos jogadoras nas olimpíadas”, diz. O planejamento é a longo prazo. O rosto de atletas como o da brusquense Karoline Tormena dificilmente serão vistos no Rio de Janeiro em 2016, mas o técnico confia que ela e outras atletas têm condições de representar a amarelinha em 2020, em Tóquio, no Japão. “Para 2016 já existe uma base, mas em 2020, algumas jogadoras que estão aqui farão parte da Seleção Brasileira. Temos que prepará -las para este futuro que é promissor, mas também de uma responsabilidade muito grande, pois o voleibol brasileiro, hoje, vive de vitórias”.
Período de testes
A Seleção Brasileira fica em Brusque até segunda-feira. Neste período de uma semana na cidade, a equipe realiza cinco amistosos: três contra a equipe de Blumenau e dois de Chapecó. Um destes jogos contra a equipe blumenauense será amanhã, logo após a cerimônia de abertura dos Jogos Abertos Comunitários de Brusque/Troféu Jornal Município 60 anos. No domingo, a equipe recebe o mesmo adversário em Botuverá. Os confrontos são vistos por Thomas como essenciais para avaliar atletas que ainda buscam seu espaço na seleção, como as catarinenses Letícia Swarovsky, de Blumenau, e Fernanda Córdoba, de Florianópolis. “Um dos objetivos é esse. Dar nova oportunidade para algumas atletas e testar jogadoras que nunca tiveram a chance de jogar na Seleção Brasileira”, diz.
Mesmo as mais experientes, como Karoline, precisam mostrar amadurecimento com a sequência de treinos e rotinas de competições. “A Karol já está com a gente faz três anos. É de Brusque e já está há mais tempo na seleção, sabe se comportar melhor, mas eu também quero ver como ela se comporta dentro da casa dela”, diz o treinador. “É preciso ver o amadurecimento da jogadora. Se ela sabe lhe dar com a pressão de jogar bem e em cima de uma expectativa que se cria em cima”, ressalta. A atleta reage com naturalidade às cobranças, mas tem consciência de que terá que conter a ansiedade para superar o sentimento diferente de atuar em sua cidade. “Acaba sendo uma coisa nova. Faz muito tempo que joguei aqui, e jogava por Brusque. Agora, com a Seleção Brasileira, é uma coisa diferente”, admite.
Sonho em comum
A presença da Seleção Brasileira em Brusque não é uma oportunidade apenas para as atletas que ainda buscam firmar seu nome na Seleção Brasileira Juvenil. Mas também serve de incentivo para algumas que ainda querem trilhar os mesmos passos destas jogadoras. Os treinos servem de espelho para meninas brusquenses que hoje participam do projeto da Abel.
É olhando cada passo das jogadoras do Brasil que elas percebem que o sonho de se tornar uma atleta de alto nível exige trabalho e seriedade, mas também proporciona reconhecimento. “O sonho delas é parecido com o nosso. Isso é algo bem emocionante”, diz Gabriela Schare, 14 anos. Junto com Caroline Moreira, da mesma idade, e Cássia Ferreira, de 13 anos, elas eram algumas das cerca de 20 atletas da Abel que sacrificaram o horário do almoço para ficarem observando os treinamentos da Seleção na terça-feira. “É uma boa oportunidade acompanhar as meninas.
Ver que eles tem um treino parecido com o nosso”, surpreende-se Carol. “Isso faz com que a gente se sinta importante, dá mais incentivo e valoriza o que estamos fazendo”, complementa. Cássia, que é sobrinha de Thomas, é outra a valorizar a experiência. “Esse contato é muito legal porque não é sempre que temos essa oportunidade. Só de estar vendo elas aqui, isso nos incentiva bastante”.