Sem tratamento de esgoto: mais de 20% dos domicílios de Brusque não têm estruturas para descarte de efluentes
Dados do Censo 2022 podem representar destinação incorreta de efluentes no município
Dados do Censo 2022 podem representar destinação incorreta de efluentes no município
O Censo 2022 aponta que 21,5% dos domicílios de Brusque não possuem estrutura para destinação adequada de efluentes. No município, não há tratamento público e coletivo de esgoto. As estatísticas foram divulgadas no final de fevereiro. A destinação incorreta ou a armazenagem dos efluentes no solo é a alternativa para quem mora em locais sem acesso ao serviço.
O tratamento de esgoto em Brusque exige fossa séptica e filtro anaeróbio. O primeiro trata o efluente em estado sólido, em um tratamento inicial. Já o segundo trata o efluente em estado líquido.
O superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Cristiano Olinger, afirma que a manutenção adequada dos sistemas de fossa e filtro torna o tratamento eficiente, apesar de o município não possuir um serviço de esgotamento sanitário coletivo.
“Brusque realmente não tem tratamento coletivo de esgoto sanitário domiciliar. O município, hoje em dia, exige fossa e filtro. Os sistemas, quando feita suas manutenções, chegam a ter mais de 90% de eficiência”, relata o superintendente.
Após o “pré-tratamento” por fossa e filtro, o efluente passa pela rede de drenagem, que acaba nos rios e ribeirões. Cristiano reconhece que não é possível garantir que há o tratamento adequado em todos os domicílios. Casas antigas em que não há destinação correta dos efluentes podem fazer parte dos 21,5% apontados pelo Censo.
“Não posso ser leviano de achar que não existem residências antigas em que o tratamento não é feito da forma correta. Às vezes, nem há tratamento. Acontece. Temos que trabalhar a conscientização das pessoas e na fiscalização”, pontua.
Os domicílios em que não há ligação com a rede de drenagem podem contar com sumidouro ou vala de infiltração. Na prática, o efluente fica armazenado debaixo do solo. Cristiano diz que não há problema, desde que o efluente passe pelos sistemas de fossa e filtro.
Os dados do Censo apontam ainda que, em Guabiruba, os domicílios sem conexão à rede são 42,5%. Em Botuverá, o número é muito maior. Na cidade, 84,4% dos domicílios não estão conectados à rede.
O tratamento coletivo de esgoto em Brusque é uma discussão antiga no poder público. Caso existisse, os efluentes seriam destinados para realização do tratamento por parte de uma empresa concessionária e haveria maior controle.
No final do ano passado, a Prefeitura de Brusque firmou um acordo de cooperação com o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), de Minas Gerais. A entidade elabora estudo sobre a concessão do tratamento de esgoto.
A expectativa do governo municipal é lançar o edital para concessão neste ano. Na prática, o instituto presta um suporte para a prefeitura. “Por meio do acordo, a prefeitura consegue realizar estudos sem custo”, explicou o secretário de Fazenda, José Henrique Nascimento, na época.
O acordo é assinado pelo prefeito de Brusque, André Vechi (PL), e pelo diretor-presidente do IPCG, Leonardo Luiz dos Santos, e firmado no dia 5 de novembro de 2023. Consta no documento que a parceria é para fins de “assessoria, estudos e modelagem para estruturação dos projetos estratégicos de concessões e PPPs”.
Ainda segundo o secretário, o instituto é uma organização sem fins lucrativos que atua em projetos por todo Brasil, incluindo Santa Catarina, em cidades como Palhoça e São José, na Grande Florianópolis, Blumenau e outras.
“O acordo não tem nenhuma obrigatoriedade em relação a repasse financeiro. Foi uma modalidade que encontramos para avançar nos estudos destes projetos de concessões e PPPs. O primeiro é a concessão do esgotamento sanitário, em que já há o levantamento de informações para lançarmos o edital ainda neste ano”.
Além do tratamento de esgoto, as estatísticas do Censo apontam que 88% dos domicílios de Brusque possuem abastecimento de água pela rede geral. Entre outros dados, 99,9% possuem banheiro de uso exclusivo e outros 99,8% têm coleta de lixo.
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