Sequência infernal expõe as limitações e os velhos problemas do Brusque
Com ataque fraco, quadricolor começa a luta contra o rebaixado já sob pressão após derrotas que eram, de certa forma, esperadas
Com ataque fraco, quadricolor começa a luta contra o rebaixado já sob pressão após derrotas que eram, de certa forma, esperadas
Passados a terceira rodada da Série B e o jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, o Brusque começa a ter seus limites técnicos e táticos muito mais expostos. Normal. É a base vice-campeã da Série C como time titular na B, com mudanças pontuais no meio-campo e na lateral-direita em relação a 2023, jogando contra adversários bem superiores.
Não sei até que ponto seria justo exigir muito mais do que o Brusque tem feito nestas semanas. É o clube com menos estrutura física, com um dos elencos mais baratos, e joga fora da sua cidade, para um público muito pequeno. Nas seis primeiras rodadas, tem adversários como Coritiba, Goiás, Sport e Santos, clubes com a missão de voltar à Série A. São times que estão muitos níveis acima do quadricolor, em todos os aspectos.
Ainda que tenha seus limites, o Brusque tem até feito um bom páreo. Os empates escaparam diante de Coritiba e Atlético-GO em detalhes. Foram frustrantes e irritantes, sim. Havia possibilidade de tirar algo mais destes jogos. Mas não dá para jogar o bebê fora junto com a água do banho. Contra o Goiás, aí sim, o time foi bem pior, como o próprio Luizinho Lopes reconheceu.
Claro, o quadricolor pode arrancar pontos. Pode, em um ou outro jogo, vencer os adversários deste porte. O fez nas outras edições de Série B, por exemplo. Mas não é o comum, não é a “regra”. E esta sequência é infernalmente difícil. Ou alguém espera que o Brusque vai buscar pontos contra o Sport em Pernambuco? Se buscar, será excelente, mas não é o que o cenário aponta.
Para contexto: o Goiás só perdeu um jogo no ano, sofreu sete gols em 20 jogos. Se reforçou muito para a Série B. O Sport tem 100% de aproveitamento, acabou de vencer o Coritiba no Couto Pereira. Tem 48 gols em 28 jogos no ano. Só sofreu gols na estreia da Série B, contra o Amazonas. Se o Brusque conseguir um empate, será para comemorar muito. Todo ponto vale para não cair de volta à Série C.
Com três rodadas, já há um senso de urgência e desespero em torno do Brusque. Mas só se surpreende com derrotas para Coritiba, Atlético-GO e Goiás quem quiser. O campeonato do Brusque sempre foi, primariamente, de luta contra o rebaixamento. Quanto antes o torcedor entender o momento e abraçar o clube nesta luta, menos dolorosa e menos estressante será esta Série B. Vai ser sufoco até o fim.
Há dificuldades evidentes do meio-campo para frente, que estão sendo apontadas aqui desde o início do ano. Isto foi amenizado com os gols na reta final do Catarinense, mas basta ver as origens dos gols. Basta ver a quantidade de vezes em que Dionísio e Rodolfo Potiguar precisam chutar de fora da área, enquanto Guilherme Queiróz e Olávio morrem de fome, porque a bola chega pouco.
O meio-campo ainda não tem alternativa ao trio Rodolfo-Dionísio-Serrato. E se Rodolfo Potiguar sair, a sensação é de que o setor simplesmente acaba. Dentinho, Paulinho Moccelin e os centroavantes têm sido quase nulos ao atacar.
E todo mundo se lembra de um dos problemas fundamentais no rebaixamento de 2022. O Brusque foi o dono do pior ataque da Série B de pontos corridos, com míseros 21 gols em 38 jogos.
O resultado da inoperância atual: três derrotas seguidas sem balançar as redes em nenhuma delas.
Parece haver uma receita mais utilizada e organizada no Brusque que se esgota rapidamente no ataque.
Rodolfo Potiguar organiza o meio-campo e distribui. É tentada uma inversão da jogada para o outro lado do campo, quando os laterais (geralmente Alex Ruan) domina na quina da área. Ele pode tentar o cruzamento para o centroavante ao meio ou para o lateral ou ponta na segunda trave; pode também recuar e rondar a área, quando a bola vai voltar ao trio do meio-campo para mais passes ou para o chute de média/longa distância.
Óbvio que não é única e exclusivamente a única coisa que o Brusque faz, mas é uma das opções mais tentadas. E dizer que o rendimento está insuficiente é um eufemismo e tanto.
Voluntária do CVV de Brusque conta como é a rotina de quem ajuda a evitar tentativas de suicídio: