Sidnei Pavesi, que seria o primeiro vereador cego na Câmara de Brusque, não assumirá vaga
Titular do mandato, no entanto, afirma que ele perdeu o lugar ao trocar de partido e deixar coligação
Titular do mandato, no entanto, afirma que ele perdeu o lugar ao trocar de partido e deixar coligação
Sidnei Pavesi, atualmente no DEM, foi o segundo mais votado da coligação PCdoB, PEN (atualmente Patriota), PTdoB e PR nas eleições para vereador em 2016. Com 596 votos recebidos, ele ficou como suplente de Marcos Deichmann (Patri), na expectativa de se tornar o primeiro representante cego na Câmara de Brusque.
Em 2017, a Câmara começou a fazer adaptações para que Pavesi, que substituiria Deichmann por um período, conseguisse participar inteiramente das sessões.
O próprio Deichmann apresentou requerimento à presidência da Câmara para que o plenário fosse adaptado. A principal mudança seria no computador utilizado para votações, que precisaria de um sistema com controle por voz.
Presidente da Câmara na época, Jean Pirola disse, em entrevista ao Jornal O Município, que as adaptações estariam prontas até o fim daquele ano.
Pavesi, porém, nunca assumiu o posto de vereador. Segundo ele, após as eleições de 2016, Deichmann garantiu que abriria um período para o suplente assumisse o posto.
“Ficamos muito felizes e espalhamos para todos os eleitores e para a comunidade, que ficaríamos pelo menos um mês na Câmara de Vereadores, para mostrar que a pessoa com deficiência poderia vencer, inclusive na política e levar as pautas da pessoa com deficiência”, diz.
Ele conta que conversou por diversas vezes com Deichmann a possibilidade de ele se afastar para que pudesse substituí-lo, mas que o vereador apresentou justificativas para que seu afastamento fosse adiado.
“No final de 2019, chegamos em um acordo, que eu assumiria dois meses para compensar a espera: fevereiro e março. O tempo passou, ele acabou não querendo abrir mão em fevereiro por conta da votação para a presidência da Câmara e a surpresa foi que ele queria ser candidato e, é claro, se ele fosse eleito, não ia abrir a vaga para mim. Isso me deixou bastante chateado, mas ele mandou mensagem dizendo que garantidamente, em março, eu iria assumir a vaga na Câmara de Vereadores”, conta.
Na última sessão da Câmara, na terça-feira, 3, Pavesi foi pessoalmente conversar com Deichmann.
“A gente criou toda uma expectativa, com todos nossos correligionários, que íamos assumir em março e ele não abriu. Ele me explicou que a questão seriam divergência políticas com meu novo partido, o DEM, e que também a questão de que, pela troca de partido, não seria eu o suplente e que não poderia ajudar um candidato de outro partido que não era dele”, diz.
Deichmann, por sua vez, explica que a troca de partido de Pavesi impossibilita que ele assuma como suplente nesta coligação. “Eu falei com ele que eu ia ver uma situação, que eu ia verificar juridicamente com o TRE, mas aí ele disse que não queria mais, então acabou desistindo e saiu dessa forma”, diz.
O vereador acrescenta que “com certeza ele assumiria em março se não tivesse trocado do partido, que era o combinado”.
De acordo com a regulamentação do Supremo Tribunal Federal, a vaga não pertence mais ao candidato se ele trocar de partido, e sim à coligação. Se o candidato não faz mais parte da coligação, ele não pode assumir uma vaga dela. Portanto, o novo vereador seria o segundo suplente – neste caso a vaga seria do professor Jean Silva (PR).
Pavesi explica que a mudança de partido aconteceu para ter uma maior segurança de que consiga disputar as eleições deste ano, já que o PCdoB ainda precisa superar a nova cláusula de barreira para que participe da disputa em outubro.
“Esse ano eu entrei no Democratas, mas o partido, para mim é indiferente, porque eu estou saindo de um partido de esquerda, mas a nossa posição não é socialismo ou capitalismo”.