Sucesso nas Olimpíadas, saiba como está o cenário do Skate em Brusque
Modalidade tem histórico de competições e atividades sociais na cidade
Modalidade tem histórico de competições e atividades sociais na cidade
Com a participação brasileira nas competições de skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a modalidade volta a estar em evidência no país, impulsionada principalmente pelas medalhas de prata de Rayssa Leal, a Fadinha, e do catarinense Pedro Barros. Em Brusque, o esporte é trabalhado em projeto social e teve competidores a nível estadual e nacional.
Sidnei Belz, o Magau, conhece de perto o skate brusquense. Seu primeiro contato ocorreu na segunda metade nos anos 80, no que relata ser a “segunda geração” do esporte no município. “Na época não tinha muito isto de os pais darem um skate para o filho. No meu colégio, um amigo tinha, e me mostrou. Comecei a andar ali.”
A prática se dava principalmente em uma rampa que ficava onde hoje é a Praça da Cidadania, que abriga a Fundação Cultural. “Era o pavilhão da Fideb. Um ginásio, nos fundos tinha uma praça com chafariz, e ao lado um parquinho com esta rampa. Era 1987, 1988. Saíamos da escola para ver a rapaziada andar de skate.”
Com outros interesses no passar dos anos, Magau chegou a ficar cerca de oito anos longe do skate, voltando em 2004. Ele havia sido convidado a administrar o setor de skate de Life, loja local com roupas e equipamentos de modalidades semelhantes. “O envolvimento ficou cada vez maior por conta de projetos sociais, competições, principalmente a partir de 2007, quando a coisa começou a ficar um pouco mais forte.”
A pandemia prejudicou o cenário do skate na cidade, assim como ocorreu com diversas outras modalidades. Até então, eram realizadas oficinas, escolinhas e competições locais com frequência, por meio do Nós Nas Rodas. O projeto, liderado por Magau, começou em 2005 na escola Ivo Silveira, no bairro Águas Claras, como um piloto resultado da faculdade de Educação Física. Das competições internas desta iniciativa, chegaram a sair skatistas para competir nacionalmente.
“Há cerca de um mês, voltei a testar com a molecada, com a criançada, na pista da sesquicentenário. Podemos atender outras faixas etárias, vamos ajudar quem quiser, mas chamou mais a atenção da criançada e está muito legal. Tem pais participando junto, entrando na pista, vendo como ensinamos.”
Magau, que recentemente passou a atuar também na Federação Catarinense de Skate, enxerga com carinho as ações integradas com escolas. Para ele, é uma forma também de tentar fazer a criança e o jovem valorizar a própria escola por trazer uma atividade alternativa em algum momento.
“Talvez a criança nunca mais veja skate na vida, mas pode lembrar no futuro deste contato, fica a lembrança, ela passa a conhecer. Receber o agradecimento, o sorriso, tem um valor enorme.”
O skate ganha os holofotes por conta das competições olímpicas, mas, pessoalmente, não é a vertente preferida de Magau.
“Quando eu voltei ali por 2007, eu estava bem mais velho do que precisava ser para competir. A competição formal não me atrai muito. Gosto de competir comigo mesmo, de se melhor do que sou a cada dia que Deus me dá. Não sirvo para a competição, mas ela é necessária para a evolução técnica do próprio esporte e para motivar a evolução das pessoas.”
“O skate, para mim, é 50% cultura e 50% esporte. Está no esporte nos treinamentos, nas competições em todos os níveis. E os 50% cultura são as ligações do skate com as atividades urbanas, da rua, hip-hop, grafite, a expressão por meio do skate e a diversão na prática livre”, destaca.
Um dos elementos mais destacados das Olimpíadas estava na união entre os adversários, que torciam pelos acertos uns dos outros. O brusquense confirma que é algo natural da modalidade, que poderia extrapolar a competição de skate e ocupar outros espaços.
“É um diferencial dos praticantes do skate. Não se torce para o outro perder. Se eu dou o meu melhor e você também, quem for melhor na visão de quem estiver julgando, vai vencer. Se eu vencer em cima do seu erro, meu melhor não valeu de muita coisa. É chato. A gente vê isso em outros esportes, de torcer para o outro errar, se machucar, para poder ganhar.”
“Infelizmente vimos isto nestas Olimpíadas, de a mídia e de pessoas sem conhecimento do skate torcessem para que outros errassem, para que o Brasil fosse beneficiado. Mas o skate não tem isso. Meu gosto seria que as pessoas entendessem, aprendessem, e que outras modalidades aprendessem um pouco disto com o skate também. É uma das melhores coisas que a modalidade traz para o espetáculo. O surf tem isto também”, completa.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município. Clique na opção preferida: