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Traje de Anita Garibaldi é reproduzido por pesquisadores do Unifebe

Peças estão preservadas há mais de 150 anos em museu europeu

Traje de Anita Garibaldi é reproduzido por pesquisadores do Unifebe

Peças estão preservadas há mais de 150 anos em museu europeu

Uma reprodução do único traje de Anita Garibaldi preservado é o resultado da pesquisa desenvolvida com pesquisadores do Centro Universitário de Brusque (Unifebe). O modelo foi apresentado durante o XII Seminário Temático.

Transmitido pelo canal da instituição no Youtube, o evento marca mais uma etapa da pesquisa baseada nas peças históricas mantidas na reserva técnica do Museo di Stato – Piazzetta Titano de San Marino, na Itália.

O trabalho inédito “A reprodutibilidade do traje de Anita Garibaldi e a sua contribuição para o processo de aprendizagem” foi coordenado pela reitora da Unifebe, professora Rosemari Glatz, e pela pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura da Instituição, professora Edinéia Pereira da Silva.

Unifebe/Divulgação

Tanto pesquisa quanto desenvolvimento e reprodução foram financiados pela Unifebe, que vai manter as reproduções no seu Centro de Memória. Durante uma visita em 2022, foram feitas as medidas das vestes e, neste ano, além da conferência, a instituição recebeu amostras dos fios usados nas peças originais de Anita Garibaldi. Estes fios foram estudados para confecção das réplicas.

A pesquisa tem como base uma saia e um corpete feitos de brocado na cor preta. Ambas as peças foram feitas à mão e, comprovadamente, usadas pela Heroína dos Mundos.
O trabalho têxtil, como fios, tramas, tipologias de costuras, modelagem, elementos da moda e o contexto histórico e simbólico fizeram parte da atuação da equipe. Para as análises, diferentes instituições de ensino, além de empresas, auxiliaram com o trabalho laboratorial e reprodução do tecido.

Nova perspectiva

Unifebe/Divulgação

Ainda em 2022, a pesquisa internacional iniciou as tratativas para ter acesso com o traje em solo italiano, sendo esta a segunda vez que os materiais puderam ser manuseados por pesquisadores brasileiros. Até a iniciativa, apenas Wolfgang Ludwig Rau, em 1969, havia tido a oportunidade.

O trabalho de pesquisa e desenvolvimento, como relata a reitora e professora Rosemari Glatz, também permite um novo olhar sobre uma catarinense que figura no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Na apuração para o trabalho, detalhes como as medidas de uma Anita Garibaldi gestante, em seus últimos momentos de vida, foram refeitas.

“Isso nos leva a refletir sobre o que, de fato, sabemos sobre a nossa história e contamos. No caso da mulher, há uma idealização do corpo da mulher. O corpo espartilhado e fino é próprio de uma certa idade da mulher, na adolescência e juventude”, avalia. “Penso que o trabalho vai contribuir para que nós, mulheres, olhemos para este corpo e nos aceitemos da forma que somos”.

Para a reitora, com a reprodução da peça e a possibilidade de mais pessoas verem uma reprodução real da figura histórica deve permitir uma experiência mais rica de estudo. Ela ressalta as parcerias firmadas para o desenvolvimento da pesquisa, reprodução e modelagem. “Aqui, na instituição, teremos uma roupa dela vestida em um corpo com as medidas que correspondem ao corpo dela”, descreve.

Já para a pró-reitora, professora Ednéia, a apresentação foi um momento importante depois de mais de um ano de pesquisa. De acordo com ela, o trabalho demonstra a importância de um artefato na promoção de um processo de ensino-aprendizagem mais significativo.
“O vestuário tem um grande poder de comunicação, a roupa fala, mesmo antes de nós. A partir disso, acreditamos que o vestuário tem potência para emergir outras áreas”, descreve. “Ela estava gestante, então, isso é muito importante para que outras mulheres consigam se ver nos nossos heróis, para que os aspectos físicos não sejam tão importantes”, afirma.

Reconstruindo a história

Segundo o professor Wallace Nobrega Lopo, mesmo com o acréscimo de velocidade proporcionado pelo aprimoramento dos métodos de produção, a confecção de tecido Jacquard se mantém a mesma dos tempos que a peça foi elaborada. O tecido, originalmente produzido de forma manual, foi desenvolvido para recriar os desenhos e detalhes observados na peça original.

“A minha maior dificuldade foi me basear em fotos e relatos. No dia a dia da indústria têxtil, tem-se uma amostra física e, com isso, se faz um estudo e reprodução. Tentamos orientar para, durante o contato das professoras com as peças, em San Marino, as medições e fotografias fossem exatas”, descreve.

O pesquisador e professor, Daniel Goulart, afirma ter ficado contente com o resultado, apesar do desafio em desenvolver uma versão precisa das únicas peças existentes. Para o trabalho, ele salienta a pesquisa de campo e a importância das características coletadas. Detalhes como acabamentos e modelagem buscam se aproximar ao máximo do original.

“Diferente da época, hoje temos recursos para desenvolver esse produto e confeccioná-lo de forma industrializada, no entanto, na época que ele foi produzido e com os relatos e imagens que temos, percebemos que ele foi feito à mão, apesar de existissem máquinas de costuras”, descreve.


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