Ok, já passou uma semana (e mais um dia). Mas o assunto continua quente por aí. Pelos sites, pela imprensa, pelas redes sociais. Fazia muito tempo que uma premiação como o Golden Globe Awards não era tão… relevante. Direto do olho do furacão. E isso se refletiu – e vai se refletir muito mais – no nosso cardápio cinematográfico. É a representatividade, a igualdade, a diversidade, ocupando seus merecidos espaços. Aprenda a conviver, se não quiser se transformar em uma pessoa obsoleta.
Destaques? Foram muitos. A gente tem que começar pelos mais óbvios. E o mais óbvio dos óbvios foi a adesão quase unânime ao protesto que tingiu o red carpet de preto. Looks negros everywhere. Há quem lamente a “politização” das cerimônias. Mas, convenhamos, não dava para acenar e sorrir, a bordo dos vestidos das grifes mais caras do mundo, enquanto a chuva de denúncias não para. Pelo contrário, ela se torna mais variada: além do assédio, agora também se fala em igualdade de oportunidades, cachês e salários e, graças a Natalie Portman, sobre a ausência de diretoras mulheres entre os indicados na categoria. Alô, imprensa estrangeira de Hollywood, como assim, a diretora do vencedor como melhor filme (em comédia ou musical, Lady Bird) nem foi indicada?
Essa falta de lógica a gente conhece bem, vira e mexe acontecem, inclusive e principalmente no Oscar. Mas, sei lá, acho que a gente tem o direito de esperar mais dos jornalistas estrangeiros. Mais um assunto que não foi varrido para baixo do tapete. Este é mesmo um ano especial.
Entre os filmes, não foi um ano em que os Globes tenham apontado um favorito claro. É quase um alívio quando isso acontece, embora aumente a lista de filmes obrigatórios para assistir antes de março. O melhor filme em drama (Três anúncios Para um Crime) levou também outros três prêmios – melhor atriz, ator coadjuvante e roteiro. A Forma da Água levou duas estatuetas, por melhor direção e trilha sonora. Lady Bird também ficou com dois prêmios, melhor comédia e melhor atriz.
Já entre as séries e “séries limitadas”, três títulos totalmente femininos ganharam destaque absoluto. Big Little Lies (melhor série limitada, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, tirando qualquer oportunidade de reconhecimento para Feud) é um dos acontecimentos do ano, tendo até confirmação de uma segunda temporada.
The Handmaid’s Tale (melhor série dramática e melhor atriz em série dramática) também foi reconhecida, assim como a grande surpresa da noite, The Marvelous Mrs. Maisel, a nova obra da “Gilmore Girl” Amy Sharman-Palladino, que levou os prêmios de melhor série e atriz em comédia. A série ainda é tão recente que esse reconhecimento precoce só pode ser sinal de um sucesso mais prolongado. Vale lembrar que Handmaid’s Tale é um original Hulu e que The Marvelous Mrs. Maisel é original Amazon Video, ou seja, estão ainda longe da TV convencional. Sinal dos tempos.
Falta falar, é claro, do maior destaque da noite. O prêmio especial e o discurso de Oprah Winfrey. Dificilmente você escapou de pelo menos algum trecho do discurso, que foi repetido nos dias seguintes por todos os canais de TV. Com direito a boatos de que ela será a próxima celebridade e ser candidata à presidência dos States.
Mas sobre isso a gente fala na quarta-feira, na volta das Beltranas!