Um ano depois: o impacto e as mudanças que a pandemia trouxe para as empresas de Brusque
Capacidade de adaptação e tecnologia são as principais lições da Covid-19 para os negócios em um ano
Quinta-feira. 19 de março de 2020. O silêncio toma conta de Brusque. Ruas vazias, sem pessoas, nem carros. Comércios de portas fechadas. A incerteza e o medo prevalecem na cidade. O que acontecerá nos próximos dias? Quando tudo voltará ao normal? Essas eram as perguntas de cada brusquense que, atento, acompanhava cada nova informação sobre a pandemia da Covid-19.
O fechamento das atividades não essenciais foi determinado pelo governo do estado por meio de decreto dois dias antes. O objetivo era frear o avanço da contaminação pela Covid-19 no momento em que Santa Catarina registrava os primeiros casos de transmissão comunitária do vírus, ou seja, quando não é possível identificar a origem da contaminação. A estratégia seguia o que foi adotado em diversas cidades pelo mundo.
Com as restrições e em meio às incertezas do que viria pela frente, as empresas tiveram que se adaptar em tempo recorde. “Foi um ano de aprendizado, de se reinventar. Essa foi a grande lição. Nada do que foi planejado conseguiu acontecer daquela forma. Mudou tudo”, observa a presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Conti.
O setor de eventos e os pequenos negócios foram os mais impactados pela pandemia. No comércio, além dos cuidados com higiene, foi preciso adotar medidas restritivas de acesso. Durante meses, a entrada nas lojas e demais estabelecimentos era limitada, formando filas do lado de fora.
Nas indústrias, foi preciso se organizar com os protocolos de saúde e o distanciamento entre os colaboradores. Em todos os estabelecimentos, de grande, médio ou pequeno porte, de todos os segmentos, a máscara virou item essencial e obrigatório, tanto para os trabalhadores quanto para os clientes.
Diversificação dos canais de venda
Mais do que nunca, as empresas viram a necessidade de diversificar os canais de vendas. “Uma coisa que aprendemos é que não se pode ter medo de ter vários canais de venda. Hoje o consumidor quer praticidade e se o empreendedor não abre, o concorrente abre”, destaca Rita.
O delivery, por exemplo, se tornou um meio fundamental em vários segmentos, não apenas na alimentação. “Muitos adotaram as vendas virtuais ou o delivery para reduzir o impacto nas receitas decorrentes da queda em seu faturamento”, destaca o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Fabrício Zen.
A presidente da Acibr afirma que uma grande marca da pandemia para as empresas de todos os segmentos foi a tecnologia. “Todos estamos mais conectados. Conseguimos avançar muito na questão da tecnologia. Hoje vemos pessoas de mais idade participando de reuniões virtuais, trabalhando remotamente, foi uma quebra de paradigma. Acredito que isso veio para ficar. Mesmo quando a pandemia for controlada, esses hábitos vão continuar”.
Rita destaca que muitas empresas que não estavam on-line antes da pandemia, tiveram que em tempo recorde se adaptar e têm conquistado bons resultados. Para ela, o mercado on-line se fortaleceu muito neste um ano e deve avançar ainda mais. “As pessoas se acostumaram a comprar on-line, no conforto de casa, e acredito que este hábito deve se fortalecer ainda mais nos próximos anos. Temos que aprender a conciliar o on-line com o presencial”.
Além da tecnologia, a empresária destaca ainda a valorização da segurança do trabalho nas empresas. “Todos estão mais preocupados, mais focados nesta questão. O uso dos equipamentos de proteção corretos, acredito que agregou ainda mais valor a esta área”.
Importância do planejamento
O presidente da CDL de Brusque, Fabrício Zen, destaca que um dos principais ensinamentos da pandemia é o planejamento, principalmente para as pequenas empresas.
“Quem não fazia um planejamento viu a necessidade de assim o fazer, principalmente para buscar estratégias para alguns tipos de cenários diferentes que podem acontecer. Deste modo, a pandemia mostrou que sem planejamento os riscos são maiores ainda”.
De acordo com ele, o planejamento normalmente é feito a longo prazo, mas devido às incertezas do cenário atual, é recomendado que seja discutido e avaliado em um período menor.
“Para quem já fazia a longo prazo, começou a reduzir o período de monitoramento do planejamento para ajustá-lo à realidade atual. Não conseguimos imaginar como estará o cenário econômico e político nos próximos 12 meses, por isso, alguns especialistas sugerem que se tenha uma meta a longo prazo, mas que seja acompanhada e discutida em curtos espaços de tempo”.
Zen avalia que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo setor no último ano, o comércio se mantém fortalecido.
“A pandemia, de certo modo, mostrou que o comércio de rua ainda é muito forte, pois por mais ações absurdas que impediram os mais diversos setores de trabalharem, incluindo as altas cargas tributárias e compromissos que não cessaram um minuto sequer, comércio de Brusque e Botuverá continua atuante e respirando. Possuímos qualidade, preços competitivos e geramos emprego e renda num cenário de guerra”, afirma.
“Se tem algo que a pandemia deixou de aprendizado para o comércio foi de que: se na tempestade ficamos de pé, quando ela passar poderemos voar”, completa.
Para a presidente da Acibr, a indústria também se fortaleceu neste um ano e conseguiu, inclusive, crescer voltada para o mercado nacional. “Temos uma indústria multisetorial e isso é muito positivo. Apesar de todas as mudanças, as dificuldades que surgiram, temos habilidade de superar”.
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