Conforme anunciado, a partir desta publicação e até o dia 24 de dezembro, vamos viajar no tempo, resgatar um pouco da tradição, deixar o imaginário fluir através de um conto que remete à infância. É o nosso presente para você: um Conto de Natal em quatro capítulos.
Aurora e Francisco voltaram da igreja extasiados. Estavam encantados com a decoração diferente e colorida, com a guirlanda que parecia gigante aos olhos das pequenas crianças. Aurora, curiosa, perguntou à avó Catharina, que era carinhosamente chamada de “Omi” pelos netos:
– Omi, o que era aquela coroa gigante, com as quatro velas coloridas?Francisco completou a pergunta: – E por que apenas uma das velas estava acesa? Aurora e Francisco eram irmãos gêmeos, e costumavam compartilhar as mesmas dúvidas e curiosidades.
– A guirlanda é um símbolo do Advento, respondeu a avó.Ela é feita de galhos verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas fitas e quatro grandes velas representando as semanas do Advento É um período muito especial para nós.O avô Pedro finalizou a explicação dizendo: – A cada domingo uma vela é acesa; no primeiro domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as quatro velas. É um convite para purificar nossos corações e nos preparar para a grande festa do nascimento do menino Jesus.
Gabriel e Sofia, pais de Aurora e Francisco, eram jornalistas e estavam na Europa a trabalho, cobrindo a questão da imigração e retornariam ao Brasil para passar o Natal com a família. Assim, durante um mês, os pequenos passariam as férias com os avós Pedro e Catharina. As crianças adoravam ficar essa temporada com eles, pois era sinônimo de muita diversão, alegria e novidade. Durante esse período, viviam num mundo completamente diferente daquele da grande cidade onde moravam em função da profissão dos pais.E eles já estavam ansiosos pelo que estava por vir. Queriam assistir aos desfiles, ver o Pelzinickel, enfeitar o pinheirinho de Natal e levar presentes e carinho para os idosos que viviam no asilo da cidade.
Voltando a pé para casa, o menino observou que algumas casas já estavam enfeitadas para o Natal.
Uma das residências, lindamente decorada, parecia uma casinha de conto de fadas. Muitas flores no jardim, um balanço pendurado em uma árvore onde algumas crianças brincavam ruidosamente e, na soleira da janela, três meias dependuradas próximo a um arbusto que abrigava um ninho de passarinhos. Foi quando a menina perguntou:
– Por que as meias estão penduradas na janela? Não deveriam estar no varal para secar?
Pedro e Catharina sentaram no banco da praça e amorosamente tomaram os netinhos no colo… Omi, a avó, acariciou os cabelos escuros de Francisco e explicou: esta é uma tradição antiga. No dia 6 de dezembro é comemorado o dia de São Nicolau. Ele era conhecido na Europa, um homem bondoso que distribuía presentinhos na época do Natal.O avô acrescentou: – Lá é muito frio, razão pela qual as meias eram penduradas na lareira para secar. Aqui faz calor em dezembro, então as crianças penduram as meias na janela para que o “Nicolau” deixe guloseimas para elas.
– Entendi! E vamos pendurar meias na janela também, né vovô Pedro? – Falaram os dois ao mesmo tempo.
Foi quando Aurora exclamou, alegre: escutem… é música de Natal! Pulou do colo da avó e começou a puxá-la pela mão, agarrando também a mão do avô, puxava os dois, dizendo:
– Vamos ligeiro! O desfile vai começar.