Universidades buscam alternativas ao Fies
Unifebe e Uniasselvi estudam meios de manter alunos que não têm condições de pagar mensalidades
Unifebe e Uniasselvi estudam meios de manter alunos que não têm condições de pagar mensalidades
O Ministério da Educação (MEC) anunciou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 4, que o dinheiro para o custeio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) acabou e que novos contratos não serão firmados. Com isso, instituições como a Unifebe a Uniasselvi/Assevim buscam alternativas para conseguir atrair alunos para o próximo semestre, enquanto travam uma batalha jurídica com o governo.
De acordo com o secretário executivo do MEC, Luiz Claudio Costa, o governo federal reservou R$ 2,5 bilhões para o Fies em 2015. Ele informou que este limite já foi atingido e que por isso não há mais como autorizar novos contratos do Fies. Na apresentação à imprensa, o ministro da Educação, Roberto Janine Ribeiro, que recém-assumiu a pasta, disse que foram feitos 252.442 novos financiamentos, acima do esperado, que era 250 mil.
Com aproximadamente 45% dos seus estudantes no Fies, o equivalente a cerca de 1 mil alunos, a Uniasselvi/Assevim será uma das atingidas pela decisão do MEC de, em termos claros, cortar do financiamento estudantil. “Acho que terá impacto, sim, no número de alunos. Vamos ter que trabalhar muito mais a campanha de marketing para avisar à população que teremos outras alternativas”, afirma Graziele Beiler, diretora da instituição.
A alternativa a que ela se refere é o parcelamento especial oferecido pela Uniasselvi no último semestre, quando já houve problemas com o Fies. O estudante paga 10% do valor da mensalidade e os demais 90% serão quitados apenas no fim do curso, em um prazo de 18 meses. Esta foi a saída encontrada para evitar um êxodo de estudantes que antes recaíam no Fies para conseguir se instruir. “Cerca de 35% dos calouros (novos alunos) fizeram o parcelamento especial no início do ano”, diz Graziele. Segundo ela, salvo dois ou três exceções que tiveram divergências com o banco, todos aqueles que já tinham o financiamento conseguiram o aditamento.
A diretora diz que participou de uma reunião com representantes de São Paulo (SP) – a Unisselvi pertence ao grupo Kroton Internacional – na qual um dos temas foi, justamente, encontrar um modo de atrair os alunos. Sem dar detalhes, ela diz que as condições para novos calouros poderão ser melhoradas no segundo semestre deste ano.
A Unifebe possui 3,1 mil alunos em todos os seus cursos. Destes, 480 têm contratos com o Fies, segundo o vice-reitor, Alessandro Fazzino. Do total de estudantes com financiamento estudantil, 126 fizeram novos contratos e outros 354 firmaram aditamentos. Até semana passada, última estimativa, outros 120 ainda faltavam fazer aditamentos, que estão garantidos pelo governo federal. Apenas novos vínculos estão suspensos.
O vice-reitor afirma que a campanha de marketing de 2014 foi baseada na facilidade do Fies para os estudantes, por isso ele acredita que a limitação do financiamento terá impactos. “Ficamos trancados quando o governo federal diz que não pode ter mais contratos”, diz Fazzino.
Segundo o vice-reitor, a Acafe estuda alguma alternativa para oferecer aos estudantes das suas instituições, no entanto, tudo é embrionário e, a princípio, não há nada definido. “Não é algo tão simples de se fazer”, justifica. Na visão dele, a decisão do MEC terá impacto direto no número de inscritos no futuro.
Guerra judicial nos bastidores entre MEC e instituições
Os problemas com o Fies já viraram uma novela. Desde janeiro estudantes de todo o país relatavam problemas na hora de contratar o financiamento. Como o jornal Município Dia a Dia veiculou, estudantes da Unifebe tinham dificuldades. O reitor da instituição, Günther Lother Pertschy, informou ao MDD que havia travas no sistema. Após isso, a Acafe – associação a qual a Unifebe pertence – visitou o Ministério da Educação, em Brasília, e também entrou na Justiça contra o governo federal, entendendo que houve prejuízo aos estudantes e às universidades com as mudanças das regras do programa de financiamentos.
A Unisselvi pertence à outra associação, a Ampesc, que congrega as entidades de ensino superior. De acordo com Graziele, a entidade já na época entrou com uma representação judicial contra a decisão da União de mudar as regras do Fies. “Caso haja um parecer favorável agora, nós também vamos ser beneficiados”, afirma.
O prazo para novos contratos do Fies deveria ter acabado no dia 30 de abril, no entanto, ainda no âmbito da batalha judicial, no último dia a Justiça Federal do Mato Grosso determinou que o prazo fosse prorrogado até 29 de maio. A decisão vale para todo o país. Apesar disso, segundo o secretário executivo do MEC, a liminar não tem efeito real, porque não há dinheiro para os novos contratos.