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Velhas histórias, novas versões

Estou trocando as exclamações desta semana, ou seja, aquelas pequenas notícias mais ou menos novinhas que valem a pena conhecer, por uma conversa completamente fora de qualquer linha cronológica. Poderia me desculpar, mas vou só dar uma explicação rápida: aconteceu, praticamente por acaso, de finalmente ter parado para assistir à versão mais recente de Mogli, da Disney. Aquela que foi lançada em 2016. A versão live action.

Se você já viu, talvez compartilhe comigo um pouco do desconforto que senti. Especialmente se você também tiver uma ligação emocional (eita, hoje é o dia da memória emocional… ou será que todo dia é dia de filtrar tudo pelo que faz parte do nosso repertório pessoal? Também pode ser…) com o desenho lançado em 1967.

Faço parte daquele grupo de pessoas que acha que os filmes infantis da Disney pesam demais a mão nas músicas. O que nem atrapalha tanto, quando as músicas são boas… mas a gente sabe que isso não é sempre o padrão. Nesta nova safra de remakes dos clássicos, a empresa está deixando um pouco de lado as canções. Isso fica bem claro em Mogli. Talvez as musiquinhas infantis não combinassem com o clima mais sombrio do filme. Temos aí a causa do desconforto? Pois é.

Mogli, a nova versão, cabe em uma categoria cada vez mais comum: os filmes que parecem ser infantis, mas não são. Enquanto o desenho ia naquela linha de evitar grandes dramas e grandes tragédias, o filme de 2016 faz o contrário. Troca a música pelos cenários sombrios, troca a aparente facilidade de sobrevivência do “filhote humano” na selva por mortes chocantes e riscos que geram muito suspense… adulto.

Ok, a gente sabe que a infância não é mais a mesma… e a gente sabe que os desenhos antigos nem sempre eram levinhos e inocentes – ou você nunca reparou na Rainha Má rindo, enquanto planeja enterrar viva a Branca de Neve? Às vezes a nossa memória é um bocado seletiva.

Comparando personagem por personagem, cena por cena, fica a impressão de que o objetivo do filme recente é ser mais realista, menos inocente. A questão é: será que isso é uma boa escolha? Será que o público de filmes infantis não é mais composto por crianças, mas por crianças de tempos passados, que querem reciclar seus amores, mas de um ponto de vista mais adulto? Ou será que a Disney acredita que a inocência saiu de moda? Fica a dúvida.