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Vencedor de prêmios nacionais e internacionais de jornalismo iniciou carreira no jornal O Município

Hoje produtor do Fantástico, da Rede Globo, James Alberti foi repórter de polícia em Brusque enquanto ainda era universitário

Vencedor de prêmios nacionais e internacionais de jornalismo iniciou carreira no jornal O Município

Hoje produtor do Fantástico, da Rede Globo, James Alberti foi repórter de polícia em Brusque enquanto ainda era universitário

Em 70 anos de história, muitos profissionais se dedicaram para que o jornal O Município chegasse aos leitores com informação de qualidade e se transformasse em uma referência no jornalismo catarinense. Ao longo dos anos, dezenas de jornalistas passaram pela redação de O Município. Muitos, inclusive, tiveram aqui a oportunidade de iniciar a carreira e hoje se destacam como empreendedores ou em outros veículos de comunicação Brasil afora.

O jornalista James Alberti é um deles. Ele atuou como repórter de O Município de fevereiro de 1995 a março de 1997, quando ainda cursava Jornalismo na Universidade do Vale do Itajaí (Univali). 

O trabalho na redação do principal jornal de Brusque foi sua primeira experiência com jornalismo e, a partir de então, ele conquistou espaço em outros jornais. Após sua passagem em O Município, atuou no jornal A Notícia, em Joinville, durante um ano e depois foi repórter do jornal Folha de Londrina, na sucursal de Curitiba, no Paraná. Dois anos depois, se transferiu para a RPC TV, afiliada da Rede Globo, onde trabalhou por 17 anos. 

Em quase 30 anos de carreira, James tem se destacado na produção de reportagens investigativas e, nos últimos anos, conquistou os principais prêmios de jornalismo nacionais e internacionais. Atualmente, é produtor do Fantástico, da Rede Globo, no Rio de Janeiro, mas o começo de tudo foi em Brusque, no jornal O Município.

O início em O Município

James lembra que durante a faculdade estava à procura de uma vaga na área de jornalismo e após conversar com um colega, ficou sabendo que o jornal de Brusque estava contratando.

“Eu era um jornalista em formação, estudava na Univali e pedi ao colega Dimitri do Valle que me avisasse caso soubesse de um trabalho na área. Ele era de Brusque e respondeu de imediato: fale com o Mário que tem uma vaga no jornal O Município”.

Mário Luiz Fernandes era professor do curso de Jornalismo da Univali e, na época, editor-chefe do jornal. O estudante foi imediatamente até a sala do professor para se informar sobre a vaga. “Em fevereiro do ano que vem fará 30 anos desse momento. Lembro que cheguei no jornal e o Mário me mandou cobrir uma feira e fazer uma matéria sobre chinchila, um roedor dos Andes cuja pele é transformada em casacos”.

Durante sua passagem por O Município, James era o responsável pela página policial e a coluna Duplo Calibre | Arquivo O Município

James fez a matéria e foi contratado. “Embora tenha contratado um estudante, o jornal pagava o piso da categoria. Ou seja, eu ganhava mais do que merecia”, diz.

No jornal, James ficou responsável pela página de polícia e também pela coluna Duplo Calibre, que informava as principais ocorrências de Brusque e região. Ele conta que seu trabalho era monitorar os fatos relacionados à segurança pública na cidade e procurar os casos registrados na Polícia Militar e na Polícia Civil.

O jornalista recorda que durante os dois anos que atuou no jornal O Município, sua rotina era intensa. Ele morava em Balneário Camboriú, trabalhava em Brusque e estudava à noite em Itajaí. “Acordava às 5h da manhã para pegar o ônibus da Viação Praiana na Terceira Avenida. O Praiana passava por Itajaí e parava para quem erguesse a mão à beira da estrada até chegar em Brusque. Eu trabalhava até as 17h e pegava o ônibus para chegar na Univali, em Itajaí. Estudava até 22h30 e pegava a Praiana para Balneário Camboriú para dormir e repetir tudo no dia seguinte”.

Caso marcante

Logo nas primeiras semanas de trabalho como repórter, James precisou noticiar um crime. A experiência de acompanhar o caso de perto durante a apuração jornalística foi um grande desafio e o que de certa forma, despertou ainda mais a paixão pela profissão que ele havia escolhido. Quase 30 anos depois, ele ainda lembra do caso. 

“Foi a primeira vez que eu vi uma pessoa morta vítima de um crime. Foi uma morte que me trouxe uma perspectiva nova porque eu fui lançado num mistério, numa apuração jornalística. O desafio era apurar as circunstâncias daquela morte e, quem sabe, reportar os responsáveis por ela”.

James recorda que a vítima era um jovem que tinha desaparecido e o corpo foi encontrado boiando no rio Itajaí-Mirim. Segundo a Polícia Civil, havia sinais de espancamento, e na época, a família da vítima acusou policiais militares pelo homicídio.

“É uma história que eu nunca mais esqueci. E, pensando agora, eu não esqueci porque foi a primeira vez que eu senti o gosto da investigação jornalística, o gosto da apuração de uma reportagem na rua, o valor que se extrai do ato de contar histórias através do jornalismo profissional, obedecendo regras como precisão, concisão, isenção, objetividade, aquilo que nos faz investir tempo e recursos para checar e noticiar um fato corretamente”.

Logo nas primeiras semanas como repórter, James foi o responsável pela cobertura de um homicídio | Arquivo O Município

Anos de aprendizado

James afirma que sua passagem pelo jornal O Município foi marcante de várias formas, mas principalmente, profissionalmente, pois foi quando aprendeu como funciona uma redação de jornal impresso e como era o exercício da reportagem. “Foi em O Município que aprendi os sabores dessa profissão única que é ser jornalista. Seguimos aprendendo a vida toda, mas tudo começou ali”.

Além das reportagens que fez ao longo desses dois anos, James tem bastante viva na memória as lembranças dos colegas de redação. 

“Eu lembro com muito carinho daqueles com quem trabalhei, do Mário, do Padoani, da Glória Zen e da filha dela, a Elaine, do Márcio, do Beto, do Sidnei, já falecido, um amigo muito querido, e é lógico que eu vou esquecer do nome de alguém, afinal, faz quase 30 anos. Havia um espírito de família, era uma redação pequena em que todos gostavam e se importavam com todos, um ambiente amigável e respeitoso. Quando lembro daqueles anos sinto alegria e saudade”.

Carreira premiada

Após formado, James trilhou uma carreira de sucesso no jornalismo, sendo reconhecido com inúmeros prêmios, entre eles, o Prêmio Esso de Jornalismo, que durante 60 anos, foi a principal premiação de jornalismo no Brasil.

O reconhecimento veio em 2010, com a produção da série Diários Secretos, que denunciou desvios de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná. James conta que foi uma investigação que durou dois anos e mostrou, entre outras irregularidades, que existiam centenas de funcionários fantasmas que eram usados para desviar dinheiro público. Além do Prêmio Esso, a série produzida em conjunto com 40 profissionais, venceu também o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, da Embratel, o Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo, do Instituto Prensa Y Sociedad (IPYS), do Peru, e o Global Shining Ligth Award, 2011, concedido pela Global Investigative Network (GIJN). 

James integrou a equipe formada por 40 profissionais que produziu a série Diários Secretos, que denunciou desvios de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná e venceu vários prêmios de jornalismo, incluindo o Prêmio Esso, em 2010 | Foto: Arquivo Pessoal

Em 2021, ao lado da equipe, James ganhou novamente o Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo (IPYS) com uma reportagem do Fantástico que revelou a prisão de pessoas inocentes por causa de reconhecimentos fotográficos equivocados nas delegacias brasileiras. 

Em 2024, também com os colegas do Fantástico, o jornalista ganhou o Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário pela cobertura dos ataques ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

“Os prêmios são um reconhecimento público por um trabalho executado com esmero, cuidado e excelência. É uma distinção que normalmente valoriza e incentiva o exercício do jornalismo profissional, que respeita os elementos do ofício, a ética, o compromisso com as fontes e com os personagens que são objeto das reportagens. Ter o trabalho reconhecido desse modo é gratificante e honroso”. 

Trabalho no Fantástico

Há sete anos, James é produtor de reportagens investigativas no Fantástico, da Rede Globo. Sua rotina de trabalho é procurar pautas relevantes, sugerir e produzir as histórias com a equipe. 

“Também faz parte dessa rotina ouvir e apurar fatos ligados a pessoas que se sentem prejudicadas, desprotegidas, ameaçadas, vítimas dos mais diversos crimes. Para produzir esses conteúdos temos um grupo de profissionais experientes e de excelência. Assim como foi com os colegas do O Município no começo da minha carreira, hoje é um privilégio trabalhar com os talentosos amigos do Show da Vida”.

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