A filósofa alemã Hannah Arendt afirma que a verdade, em questões políticas, diferente do que ocorre na matemática e nas ciências naturais, não pode ser estabelecida num discurso único e indiscutível. A política e a história lidam com os fatos, cuja verdade está em terem ocorrido desta ou daquela maneira. Mas, ressalta a filósofa, o contrário de uma verdade de fato pode não ser apenas um erro, mas também uma mentira. Daí que o que aprendemos em história nem sempre corresponde à verdade dos fatos, pelo menos não a verdade inteira. Vale a conhecida máxima de que uma guerra é contada do ponto de vista dos vencedores, que imprimem aos fatos seus interesses ideológicos, omitem ou distorcem informações.
No caso do golpe militar de 1964, o caso é “sui generis”. Embora os militares e as forças que os apoiavam tivessem sido os “vencedores”, a história foi contada pelos “vencidos”. É que, enquanto concentravam suas baterias no combate à luta armada e às células comunistas que agiam no governo de João Goulart e que resistiam ao golpe, deixaram as universidades sob o domínio da esquerda. A produção cultural que se seguiu contou a história do ponto de vista dos marxistas. Das músicas de Chico Buarque aos livros de história e sociologia, poucos escaparam a essa versão.
Mas eis que, apesar do domínio quase absoluto dos esquerdistas sobre as universidades e a grande imprensa, informações preciosas começam a pipocar, e outras, até então simplesmente negligenciadas, passam a circular, graças à internet.
De um lado, documentos secretos da STB, o serviço secreto da Tchecoslováquia, república socialista sob o domínio da União Soviética, e do próprio serviço secreto russo, a KGB, mostram a intensa articulação do comunismo internacional com grupos políticos brasileiros, na década de 1960 (ver links no blog). As revelações apenas reforçam o fato de que o golpe militar foi um contragolpe, que evitou que o Brasil se tornasse uma república comunista, gravitando sobre a influência da União Soviética. E os grupos que recebiam ordens do comunismo internacional se autodenominavam democratas e nacionalistas!
Outro fato é o livro “A vida secreta de Fidel”, de Juan Reinaldo Sanches, ex-guarda-costas de Fidel Castro, que revela a vida de luxo capitalista em que sempre viveu o grande comandante revolucionário comunista, ídolo da esquerda brasileira.
É preciso investigar melhor os heróis e vilões dessas estórias, para além dos interesses ou dos pendores sentimentais, para que a História possa ser contada com mais respeito aos fatos. Pode demorar, mas estamos no caminho.

Links para verificação:

http://www.dcomercio.com.br/2014/03/23/a-kgb-no-brasil