Vereador Jocimar dos Santos tem mandato cassado pela Câmara de Brusque após sessão de oito horas
Parlamentares foram unânimes na decisão contra Jocimar, acusado por um suplente por esquema de "rachadinha"
Os vereadores decidiram nesta quarta-feira, 6, cassar o mandato de Jocimar dos Santos (DC). A decisão foi tomada por unanimidade dos 14 parlamentares em sessão de julgamento realizada nesta quarta-feira, 6, que durou oito horas. Jocimar foi investigado após ser preso em flagrante após ser acusado por seu suplente, Éder Leite, de esquema de “rachadinha”.
Todos os parlamentares decidiram acatar o relatório da comissão processante, que orientou pela cassação de Jocimar. Quem o substitui permanentemente é Rodrigo Voltolini (DC), primeiro suplente. Ele já estava ocupando a cadeira provisoriamente e, até por isso, se declarou impedido de votar na sessão de julgamento, seguindo o regimento interno da Câmara.
Em novembro do ano passado, Jocimar foi preso e, no dia seguinte, foi solto. Ele foi afastado da Câmara posteriormente por ordem da Justiça. A acusação é de que ele queria “repartir o salário” do suplente, que ficou um mês no cargo.
Ânimos quentes após horas de sessão
Durante a sessão, o relatório da comissão processante foi lido na íntegra por pedido da defesa, descrevendo os fatos, depoimentos recolhidos, os argumentos da defesa e a conclusão. Esta parte da sessão durou quase duas horas.
Na sequência, a defesa solicitou que fossem mostradas quase três horas de vídeos dos depoimentos recolhidos durante a comissão processante.
O presidente da casa, Cassiano Tavares, o Cacá (Podemos) se irritou com Richard Olivette, advogado de Jocimar, durante a sessão devido à solicitação de exibição desses vídeos.
A defesa de Jocimar solicitou primeiro que o relatório da comissão fosse lido e depois demandou que vídeos dos depoimentos fossem mostrados na íntegra, contrariando acordo anterior. Inicialmente, a presidência da Câmara acatou, mas, por volta de 17h30, depois de se reunir com todos os vereadores, Cacá voltou atrás para que a sessão não se alongasse ainda mais.
Para Cacá, isso era uma estratégia para levar a sessão para até depois da meia-noite, já que a defesa ainda tinha duas horas para falar e os vereadores também teriam tempo de se manifestar após a exibição dos vídeos, que deveria durar mais cerca de duas horas.
Richard, porém, contestou a decisão, disse que era uma “manobra política” para “cercear a defesa”, já que vídeos de testemunhas da defesa não foram mostrados, e disse que isso era atitude de um “menino”. Cacá, neste momento, se exaltou, disse que o advogado estava desrespeitando ele e o Poder Legislativo municipal, já que a decisão foi coletiva, e cortou o microfone do advogado.
Jean Pirola (PP) solicitou que fosse feita uma votação para confirmar a decisão da presidência. Todos os vereadores concordaram. Depois, com os ânimos mais brandos, os dois pediram desculpas por terem se exaltado.
Depois disso, os vereadores tiveram a oportunidade de se manifestar, mas apenas Pirola e Marlina Oliveira (PT) fizeram o uso da palavra.
Defesa se manifesta; Éder faz “aparição relâmpago”
Na sequência, a defesa teve duas horas para se manifestar. O advogado defendeu que Jocimar era uma pessoa idônea e reconhecida por sua honestidade. Ele ainda disse que o vereador tratava o partido “como uma família” e que, por isso, algumas burocracias eram deixadas de lado na relação com os correligionários.
Ele também disse que Éder Leite, autor da denúncia, era um “mau caráter”, “traiçoeiro” e tentou se aproveitar da situação, além de ter defendido a tese de um conluio entre ele, sua esposa, Maria Silvana Fugazza, e Rodrigo Voltolini.
Durante a fala de Richard, Éder entrou no plenário e apontou na direção do advogado o chamando de mau caráter. Ele se retirou imediatamente na sequência, já que não poderia estar na sessão.
O advogado ainda disse que o flagrante foi “montado” por Éder e que não há provas materiais para culpar Jocimar.
Jocimar sobre Éder: “Tratei ele como um filho”
O vereador se manifestou dizendo que está há duas décadas na vida pública, fez dezenas de indicações a cargos de Brusque e que “jamais teve alguém o acusando de algo ilícito”. “Fico muito confortável de falar tudo isso, porque o Éder fez uma denúncia ao Ministério Público solicitando que investigasse os cargos que indiquei e nada foi encontrado”.
Além disso, Jocimar disse que a única prova que Éder tem é um áudio gravado de forma combinada. “Ele mostrou o que ele tem, é muito ódio. E não entendo, porque nunca fiz nada contra ele. Eu tratei ele como um pai trata um filho. Sempre o ajudei quando ele pediu”.
Ele ainda disse que a polícia foi usada por Éder. Ainda reforçou que o suplente estava devendo R$ 5 mil para ele desde 2020 e que foi Éder que propôs utilizar parte do salário para pagar.
Jocimar ainda disse que sua cassação seria uma “tragédia” porque acredita que será inocentado pela Justiça.
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