Vereador tenta incluir Brusque no roteiro da tocha olímpica na região
Fogo simbólico passará pelo Vale do Itajaí a partir de 12 de julho
Fogo simbólico passará pelo Vale do Itajaí a partir de 12 de julho
Símbolo do maior evento poliesportivo do planeta, a tocha olímpica está prevista para passar por 21 cidades de Santa Catarina. Brusque não é uma delas. Berço dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), uma competição completamente inspirada nas Olimpíadas, o município deve ficar de fora do roteiro da tocha, perdendo espaço para cidades com menos tradição esportiva.
Correndo contra o tempo – a tocha já está no Brasil desde a última terça-feira -, o presidente da Câmara de Vereadores, Jean Pirola (PP), tenta mudar o rumo dessa história. O legislador protocolou um requerimento aprovado com unanimidade na Câmara e endereçado a todas as entidades que de alguma forma participaram da decisão do roteiro. Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Ministério do Esporte, Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) e a Empresa Olímpica Municipal receberam o documento que solicita a passagem da tocha por Brusque.
O ‘novo’ trajeto
O fogo passará pelo Vale do Itajaí a partir de 12 de julho. No roteiro original, após a passagem por Balneário Camboriú e Itajaí, a tocha vai para Blumenau pela BR-470, ou seja, contemplando os municípios de Ilhota e Gaspar. O desejo dos vereadores brusquenses é de que esse trajeto seja alterado e a tocha vá de Itajaí para Brusque e assim, pela rodovia Ivo Silveira, continue o caminho por Gaspar e Blumenau.
O roteiro do fogo da pira olímpica foi divulgado pelo COB em fevereiro. Mesmo assim, segundo Pirola, isso só chegou ao seu conhecimento durante a última semana. “As pessoas nos cobraram e quiseram saber porque não passaria por aqui. Fui atrás disso e descobri que realmente Brusque estaria de fora. É um movimento simbólico, mas não podemos deixar de brigar por esta representação”, diz.
O vereador vai além e explica que Brusque cumpre as três exigências do COB, que dizem respeito à logística, à cultura e à história. “Sobre logística, não haverá grande alteração de rota. Cultura, a cidade tem de sobra, e história nem se fala. Temos uma lei estadual que diz que o fogo simbólico dos Jasc precisam ser acesos aqui, fora a quantidade de atletas e associações esportivas de destaque”.
Na última semana, Pirola entrou em contato com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e a resposta o animou. “Ele disse que seria difícil, mas que eu poderia lhe encaminhar o requerimento e o comitê veria que atitude tomar. Já despachei tudo. Enviei não só o documento mas cópia da lei sobre o acendimento da tocha em Brusque e um vídeo sobre a história dos Jasc”, completa.
No escuro
O brusquense Delmar Tondolo tem dois grandes motivos para querer que a tocha passe pelo município onde mora. Não só é o superintendente da Fundação Municipal de Esportes de Brusque como também foi selecionado para carregar a tocha. Ele conta que desde o ano passado, quando ficou sabendo do roteiro, tenta explicações dos motivos que levaram ao esquecimento de Brusque, mas até hoje não encontrou. “As pessoas não me respondem. Ninguém fala nada sobre o assunto, nem aqui e nem no COB”, diz.
O superintendente, contudo, aponta o que poderiam ser “São muitos fatores que podem ter levado a isso. Talvez um grupo de fora e que não conhece a história do estado tenha feito isso, mas eu sei que havia catarinenses como consultores do trajeto. Mas até mesmo questões políticas podem ter levado a isso”, explica.
Motivações políticas também estão sob suspeita de Pirola. Depois de conversar com representantes do COB e da Fesporte, o vereador afirma que foi encaminhado para a prefeitura de Brusque um documento oficial dos organizadores das Olimpíadas para saber se havia interesse do município em receber a tocha. Pirola afirma que o documento não foi respondido. “Solicitei cópia desse documento e também a data o qual ele foi enviado, mas ainda não obtive resposta”, diz.
Na tribuna durante a sessão da última terça-feira, o vereador lamentou o que, se confirmado, pode ser considerado uma auto sabotagem. “Quando a disputa política prejudica toda uma história – uma cultura, tudo o que Brusque já fez e representou para o esporte amador, olímpico e paraolímpico de Santa Catarina e quiçá do Brasil – é inadmissível”, ressaltou.