VÍDEO: famílias de Guabiruba contabilizam prejuízos e tentam se reerguer após noite de terror
Bairro Lageado Baixo foi o mais atingido pelas chuvas de domingo no município
Bairro Lageado Baixo foi o mais atingido pelas chuvas de domingo no município
Moradores do bairro Lageado Baixo, em Guabiruba, que viveram momentos de terror no fim da tarde de domingo, 24, com a invasão das águas de um ribeirão nas ruas e casas, começaram a semana juntando forças para a reconstrução.
O cenário nas ruas próximas à Igreja Adventista do bairro era de destruição. A segunda-feira começou cedo para as famílias atingidas. Muitas nem conseguiram dormir, tamanho os estragos da água que passou levando tudo de repente.
Morador da rua Carlos Zabel há 30 anos, o tecelão Geraldino Hoefelmann, 53 anos, conta que por volta das 16h30 de domingo começou a chover forte na região, porém, logo parou. O céu, entretanto, continuava escuro, com nuvens muito carregadas. Foi então que perto das 18 horas a chuva forte voltou e não parou.
“Foi tudo rápido. De repente, escutei barulho de árvore, de pedra rolando, olhei na janela e vi uma onda de água pela rua. Deu a impressão que a água represou em algum lugar, se desprendeu e veio de uma vez só”.
O morador relata que junto com a água descia cadeiras, bombonas e outros objetos que costumam ser guardados em garagens. “Ali já vi que lá pra cima a água tinha invadido as casas. Foi assustador”.
A casa de Hoefelmann fica no alto e não foi atingida pelas águas, mas na manhã desta segunda-feira o morador circulava pelas ruas auxiliando os vizinhos e famílias atingidas.
“Faz 53 anos que moro aqui no bairro e nunca vi uma coisa dessas. Deu algo parecido em 2015, no dia do Natal, mas desta vez foi pior. A chuva foi toda concentrada na cabeceira do ribeirão”.
Ana Paula Ribeiro da Silva, 39 anos, mora desde 2010 na rua Carlos Zabel. Ela acompanhou aterrorizada as águas invadirem as casas dos vizinhos. “Eu estava na casa da minha cunhada, quando chegaram falando que a água levou tudo. Já chorei tudo que tinha pra chorar de ver o sofrimento dos outros”.
A família de Marina Efelmann, 49 anos, foi uma das mais atingidas pelas águas. A casa dela foi invadida pelo ribeirão, que levou embora os móveis e derrubou as paredes da residência.
Na hora da chuva a família não estava em casa. “Nós estávamos em Penha, quando chegamos aqui não tinha mais nada o que fazer, a água já tinha levado tudo. Perdi tudo, vou ter que recomeçar do zero”, diz.
Apesar dos prejuízos, Marina se sente grata porque ninguém da sua família se feriu. “Se a gente tivesse em casa, talvez eu nem estivesse aqui. Todo mundo falou que foi muito rápido. Graças a Deus não aconteceu nada de ruim com ninguém”.
Agora, Marina e os filhos esperam a chuva dar uma trégua para ver o que pode ser feito no local. Quem quiser contribuir, pode entrar em contato pelo telefone: 9 9179-6140.
A casa dos pais de Sandra Efelmann também foi bastante atingida. As águas invadiram a residência pelos fundos. “Entrou meio metro de água na casa”, conta.
De acordo com ela, os pais e também a sua sogra que moram no local, estavam em casa no momento da chuva. “A porta estourou e a água entrou por tudo. Sorte que conseguiram tirar minha sogra que tem Alzheimer, foi a primeira coisa que pensamos”.
Não foi possível salvar os móveis e a família também vai depender de ajuda para poder reconstruir. “Molhou tudo. Hoje estamos limpando, tentando tirar a lama. Nunca vi uma coisa dessas. Foi tudo perdido”.
Quem quiser ajudar, pode entrar em contato pelos telefones: 3354-4265 e 9 9642-1154.
Na rua Lageado Baixo, uma das casas mais atingidas foi a de Lucineia Postingel, 32 anos. Ela mora com os pais e os filhos e, além da residência, teve a tecelagem da família destruída.
A família precisou ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros, já que ficaram ilhados. “A rua virou um rio. A correnteza estava muito forte, os bombeiros amarraram cordas para poder nos resgatar. Cenas que a gente nunca imagina que vai viver”.
A empresária diz que tudo aconteceu muito rápido. “A água começou a acumular, eu e meu namorado tentamos derrubar o muro para escoar, mas quando chegamos lá o muro estourou e a água desceu tudo”.
Na tecelagem, que fica nos fundos da casa, o cenário é de destruição total. Os galpões foram invadidos pela água e pela lama. As 12 máquinas, tecidos e fios foram perdidos. “Foi perda total na tecelagem. Acredito que o prejuízo é de R$ 200 a R$ 250 mil. Agora é se reerguer, ver como podemos reconstruir a empresa, porque a família toda depende disso”.
O agente da Defesa Civil de Guabiruba, Claudio Correia Júnior, explica que a grande quantidade de chuva em um período curto de tempo foi a principal causa da tragédia. De acordo com ele, a região do Lageado Baixo teve 150 mm de chuva. “Foi um alto índice pluviométrico concentrado em uma região só. Enquanto que no centro choveu 10mm, lá foram 150mm. E com toda essa chuva, a tubulação não supre a necessidade”.
As ruas mais atingidas foram a Carlos Zabel e José Schirmer, ambas no bairro Lageado Baixo. O bairro Lageado Alto também foi atingido, porém, com menor intensidade. Lá, o maior problema foi com os deslizamentos na estrada que dá acesso à localidade.
De acordo com a Defesa Civil, em torno de 200 residências foram afetadas de alguma forma com as chuvas de domingo. O órgão recebeu 24 solicitações de vistorias nesta segunda-feira.
Os moradores atingidos foram alocados em casas de vizinhos, amigos e familiares, já que a Defesa Civil evitou abrir um abrigo por prevenção à Covid-19. Correia Júnior pede atenção aos moradores, já que a previsão é que a chuva continue, pelo menos, até quarta-feira.
A Prefeitura de Guabiruba informa que há três locais utilizados como ponto de arrecadação de doações para as famílias atingidas pela enxurrada na noite de domingo.
O CRAS, no bairro Lageado Baixo, e a Fundação Cultural, no Centro, estão abertos à população para receber as doações. Os horários de atendimento são das 8h às 12h e das 13h30 às 17h.
Podem ser doadas roupas, alimentos, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza, máscaras, álcool em gel, roupas de cama, colchões, utensílios domésticos, entre outros.
Em Brusque, o ponto de doação é o Centro Empresarial, que fica na rua Pedro Werner, 180 – Centro 1, das 7h30 às 18h30.
Telefones: (47) 3308-3105 (Assistência Social) e (47) 3308-3114 (Fundação Cultural).