João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Violência em Santa Catarina

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Violência em Santa Catarina

João José Leal

Os ataques que, recentemente, ocorreram em algumas cidades catarinenses assustaram muita gente. Afinal, nosso Estado sempre foi uma terra de tranqüilidade, muito diferente do que se passava, em termos de delinqüência, em outros Estados deste violento país. Porém,, com o surgimento de dois grandes aglomerados urbanos, o retrato criminográfico de Santa Catarina mudou radicalmente.

Já não somos mais aquele Estado dos assassinatos ocasionais, praticados, em grande parte, no planalto serrano, região de latifúndios e conflitos de terra. Lá, a cultura de não se levar desaforo para casa, o forte costume de se andar armado para resolver conflitos à bala, facilitava a prática de homicídios em entreveros de bodega e disputas de terras. Isso, já não se vê mais na vasta região dos campos de Lages, que apresenta taxas de homicídio abaixo daquelas verificadas em nossas cidades mais violentas.

Com a intensificação do tráfico e consumo de drogas ilícitas, a criminalidade violenta desceu o Planalto catarinense para se instalar, em números assustadores, nos nossos maiores aglomerados urbanos. A nossa Joinville, a Manchester catarinense, paradigma de cidade industrial e, ao mesmo tempo, de ordem e tranquilidade, é hoje uma cidade violenta. Em 2015, com seus 126 homicídios dolosos, taxa de 22 por 100 mil habitantes, superou a cidade do Rio de Janeiro, com 18 assassinatos e São Paulo, com taxa de 9 mortes violentas, naquele mesmo ano. Neste ano, já são mais de 100 assassinatos.

Nossa capital, um dia ilha de tranqüilidade e bem-estar, a ponto de atrair muita gente de outros Estados, também, já não é a mesma. O tráfico é uma prática generalizada em toda a Grande Florianópolis e a guerra entre quadrilhas cobra elevado preço em vidas humanas. A violência subiu os morros e se espalha por diversas áreas da capital e cidades do entorno. A triste verdade é que os órgãos de segurança do Estado parecem incapazes de exercer um controle eficaz dessa violenta criminalidade urbana.

É provável que essa onda de violência seja passageira. A situação econômica e social catarinense permite acreditar que o nível de violência das nossas maiores cidades volte a um patamar tolerável, com taxas de homicídio bem mais reduzidas. De qualquer forma, é bom saber que estamos muito longe do número de assassinatos verificado nas cidades mais violentas do país, como é o caso de Altamira, PA, com 107, Lauro Freitas, BA, com 97,7 e São José do Ribamar, MA, com 96,4 homicídios, por 100 mil habitantes.

Com taxa anual de 4 homicídios dolosos, Brusque continua uma cidade tranqüila, onde ainda podemos viver em segurança. É o que sinto, ao caminhar pelas ruas da cidade fundada pelo Barão de Schneéburg.

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