Voluntários alimentam, oferecem banho e serviços a moradores de rua, no Santa Terezinha
Projeto da Paróquia Santa Terezinha atende todas as quintas-feiras
Projeto da Paróquia Santa Terezinha atende todas as quintas-feiras
A união de esforços entre membros da Paróquia Santa Terezinha tem auxiliado a reduzir os impactos da rua na vida de quem não tem a quem recorrer. No salão paroquial, eles têm acesso a um banho quente, roupas limpas e alimentação. Também é possível fazer cortes de cabelo, preparar currículos e receber auxílio psicológico e espiritual. Por semana, são prestados cerca de 30 atendimentos, todos gratuitos.
O projeto foi criado há cerca de dois anos. Desde o início do ano, uma parceria com a Unifebe permitiu qualificar os atendimentos. A instituição de ensino fornece, toda quinta-feira, profissionais e estudantes de áreas ligadas à Assistência Social para atuação voluntária com os beneficiados pelo programa. Além do serviço técnico, moradores do bairro e frequentadores da paróquia contribuem da forma que podem.
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Assim que ficou sabendo que seria possível ter acesso aos serviços, a brusquense Shirley Cabral, 44 anos, resolveu conhecer o trabalho desenvolvido no local. Já havia passado por projetos semelhantes em Itajaí e São Joaquim. Segundo ela, o acesso a serviços simples, como um banho após dias na rua, possui um grande valor para quem depende deles.
Na expectativa pelos novos serviços públicos voltados à população em situação de rua, ela acredita que iniciativas como a do bairro Santa Terezinha são importantes por criarem mais alternativas a quem depende. “Opções até existem, mas muitos não conhecem, não tem muita divulgação e as pessoas acabam não sabendo.”
Imagem renovada
A cabeleireira Meiri Gamba, 49, é uma das voluntárias que atua na paróquia. Moradora do bairro Limoeiro, ela ajuda tanto do transporte dos itens para o café quanto na atividade que a fez montar um salão de beleza por mais de 20 anos.
Segundo ela, as participações semanais ajudaram a conhecer um pouco do
cotidiano das pessoas em situação de rua da cidade. “Muitos já conseguiram mudar de vida e é uma maneira da gente se doar e ajudar o próximo.”
Ela acredita que o trabalho contribui não só para o bem estar e higiene de quem é atendido, mas também facilita na busca por oportunidades profissionais. Uma aparência melhor cuidada, afirma, também contribui nas interações sociais e evita que eles sofram discriminação na cidade.
Ponto de parada
As dificuldades relatadas por Shirley eram percebidas do dia a dia da comunidade local. Com poucas opções de locais para se abrigar, parte das pessoas que são beneficiadas pela ação dormiam sob a cobertura da paróquia Santa Terezinha.
Pela localização, muitos andarilhos também recorriam ao local para passar a noite ou se abrigar. Em alguns casos, eles chegam a utilizar espaços como o cemitério local, devido à segurança do entorno.
De acordo com o pároco José Henrique Gazaniga, com o trabalho foi possível criar uma aproximação e conhecer quem busca o local. A maioria são homens com idades entre 20 e 35 anos. Casos de problemas com o alcoolismo ou consumo de drogas são recorrentes.
Para ele, a forma de atuação tem sido bem recebida entre as pessoas atendidas. O contexto e o fluxo de pessoas exigem atenção e adaptação para atender demandas tão diversificadas. “Não podemos cair no romantismo de que é um trabalho fácil.”
Mesmo com as dificuldades e limitações dos primeiros anos do trabalho de acolhida, ele acredita que a disposição da comunidade tem permitido que o local se mantenha e cresça. Ele destaca os ensinamentos do evangelho. “Como cristãos, não podemos ficar alheios à esta situação que se apresentava.”
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Ação conjunta
Doações de alimentos, produtos de higiene e roupas ajudam a suprir cada nova edição. Voluntários mantém as toalhas limpas e ajudam no transporte dos itens até o salão. As ações mobilizam cerca de 12 pessoas, segundo estimativa do coordenador do Conselho Paroquial de Pastorais, Adriano Mendes.
Ele comemora a abrangência e a contribuição das parcerias envolvidas no projeto. Além dos materiais e tempo fornecidos, o grupo já conseguiu uma máquina de lavar para atender os participantes. Todas as primeiras quintas-feiras do mês, um buffet fornece a alimentação ao local.
“A ação é um trabalho de amor ao próximo e caridade. Crendo que Jesus está no próximo e é isso que estamos trabalhando”, resume.
Um dos sonhos dele para a continuidade é ampliar o número de parceiros para fornecer mais serviços. Uma das vontades é proporcionar a reinserção das pessoas atendidas no mercado de trabalho. Em alguns casos, já há pessoas que conseguiram emprego após ter participado do atendimento local.