Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

​A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 4

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​A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 4

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Na Itália, as terras não pertenciam aos que a lavravam, e os lotes eram cada vez mais diminutos em relação à necessidade de terra das famílias numerosas. Aqui no Brasil, as cláusulas do Contrato Caetano Pinto eram bastante atrativas e assim, aliciados por agenciadores e atraídos pela possibilidade de serem proprietários de terrenos documentados, bem como pela fertilidade da terra, a Colônia Itajahy-Brusque passou a receber grande contingente de imigrantes, quase todos italianos, lombardos ou tiroleses.

A infraestrutura necessária em função do Contrato Caetano Pinto
Quando se lê as principais cláusulas do Contrato Caetano Pinto, não se tem ideia dos grandes problemas que as mesmas acarretariam, tanto para os imigrantes quanto para o Brasil. As dificuldades estavam associadas ao grande número de imigrantes que deveriam ser introduzidos: 100 mil imigrantes dentro do prazo de 10 anos! A aplicação das cláusulas do Contrato exigia infraestrutura para a sua aplicação, a fim de que os objetivos fossem alcançados.

No entanto, o pequeno espaço de tempo entre a assinatura do contrato (17/06/1874) e a chegada das primeiras grandes levas de imigrantes (a partir de fevereiro de 1875) prejudicou bastante a sua aplicabilidade. De acordo com o Contrato, os lotes já deveriam estar demarcados quando da chegada dos imigrantes, mas a realidade foi bastante diferente.

A demarcação dos lotes
Na Colônia Itajahy-Brusque, o número de funcionários para a demarcação dos lotes era insuficiente para atender ao número de imigrantes recém-chegados. Em 1876, ano de entrada de grandes contingentes de imigrantes italianos, lombardos e tiroleses, o Engenheiro Pedro Luis Toulois chefiava uma comissão responsável pela demarcação dos lotes na Colônia.

Composta por Toulois e pelos agrimensores Cristiano Boaventura da Cunha Pinto, Germano Thieme e Sarmat du Lauraux Bousquet, o trabalho de medição era demorado, e a situação se agravava pelo alto índice de pluviosidade da região, tornando a tarefa ainda mais dura. Mas as dificuldades de demarcação dos lotes em tempo hábil não impediram que grandes levas de imigrantes continuassem a chegar e, para a administração colonial, a acomodação dos imigrantes se transformou num grande problema.

A acomodação provisória – nem tão provisória…
Por não ser possível localizar os colonizadores nos seus respectivos lotes logo que chegavam, eles foram sendo acomodados nos barracões de recepção. Eram construções precárias, sem o mínimo de conforto, como a maioria das habitações da época: “de pau-a-pique, barreada, coberta de folhas de palmito trançadas”…”.

Essas acomodações destinavam-se a abrigar os colonos pelo prazo máximo de oito dias, período em que, conforme cláusula do Contrato Caetano Pinto, o Governo concederia hospedagem e alimentação aos imigrantes. Tudo já deveria estar pronto para recebê-los, mas não foi assim. A partir de 1876, os barracões de recepção estavam apinhados, e a Colônia não tinha mais condições de receber novas levas, mas os imigrantes continuavam a chegar.

Com relação ao assunto, o Dr. Alfredo D’Escragnolle Taunay, Presidente da Província de Santa Catarina, em ofício datado de 1876 e dirigido ao Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, assim se manifestou: “ Esta situação (…) é agravada de modo evidente pela chegada contínua de novos imigrantes. Acumula-se gente nos barracões de recepção, lá ficam seis ou mais meses a receber subsídios do cofre público e à espera de lotes medidos, onde serão localizados”.

E a população da Colônia Itajahy-Brusque, que em 1875 era de 4.568 habitantes, subiu a 8.110 pessoas até dezembro de 1876.

Fonte: Roselys Izabel Correa dos Santos. In: Colonização Italiana no Vale do Itajaí-Mirim, Florianópolis. 1981.

Leia a continuação do artigo na coluna da próxima semana.

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