Tempo de promessas renovadas e nem sempre cumpridas
Se o tempo em que vivemos nesse planeta Terra, barca cósmica navegando no oceano infinito dessa leitosa e esbranquiçada galáxia que os gregos apelidaram de Via Láctea teve um começo, isso teria acontecido há quatro bilhões de anos. É o que dizem os estudiosos da ciência astronômica. É tanto tempo que o pontapé inicial dessa caminhada infindável se perde nos limites da mais fértil imaginação humana. Então, o tempo não teria um começo com dia, mês e ano conhecidos com precisão de calendário ou de cronômetro que marca milésimos de segundo.
De qualquer forma, é certo que não sabemos exatamente quando tudo começou nem, muito menos, quando será o fim, se é que haverá um final para a nossa vida na Terra. No entanto, o ser humano precisa de regras, de convenções para sobreviver coletivamente e resolveu dividir o tempo em anos de 365 dias. Assim, há três dias, estamos vivendo as emoções de um novo ano.
Como sempre, a última noite de 2023 se transformou numa festa geral, num momento de exagerada euforia com direito a jantares reunindo amigos e familiares, a muita bebida alcoólica até o amanhecer de deixar muita gente de porre, com as pernas cambaleantes e as mentes perturbadas pelo efeito das toxinas etílicas sorvidas de taças e copos sempre nas mãos.
Como acontece a cada virada de calendário, a noite do final de ano foi um comovente momento de calorosos e apertados abraços, olhos marejados por reconciliações que já pareciam impossíveis e de votos de um feliz ano novo. São frases repetidas a cada ano, mesmo sabendo que o novo ano será marcado, sim, por vitórias, conquistas e momentos de alegria. Mas, também por derrotas e momentos de sofrimento e tristeza, porque a felicidade nunca será plena.
É uma tradição de séculos. Final e começo de um novo ano é tempo de manifestações explícitas de fraternidade e de solidariedade sem fim. Na verdade, de promessas a cada ano renovadas e que acabam, muitas delas, sendo esquecidas no dia seguinte, quando muito, cumpridas a pau e corda. A verdade é que o amor ao próximo exige sacrifício de gente santa e nós não passamos de simples pecadores em busca de uma vida pautada nas virtudes que tanto proclamamos e que tão pouco praticamos.
Mas, não podemos deixar a esperança morrer. Tantos são os votos de felicidade e saúde ao próximo, tantas são as promessas de fraternidade e solidariedade que é razoável acreditar e ter esperança de que, no próximo final de ano, seremos pessoas melhores e a humanidade terá avançado no caminho da fraternidade, da solidariedade, da paz e do bem-estar social.
Aos meus leitores, desejo um Novo Ano com muita saúde, alegria e paz.