A Alemanha de hoje
Capitão von Schneeburg assentou 193 imigrantes germânicos na Colônia Itajahy-Brusque, em 1862, dentre os quais 95 de Baden; 45 da Prússia; 20 de Holstein; 9 de Oldenburg; e 7 da Baviera. A população cresceu para 8.110 em 1876 habitantes, no início da imigração italiana. Todos entravam ansiosos por uma terra melhor para viver e criar família, mesmo tendo que sobreviver da agricultura familiar.
O Império Brasileiro substituía a MO com gente europeia, tentando prorrogar a abolição de escravos. Não era permitido às colônias o uso de negros africanos, embora os residentes possuíssem para extração de madeira em terra devoluta. Nada parecido com a escravidão na Armação de Pesca de Baleia em Penha e Ganchos. Alemanha tornou-se nossa referencia ao longo da história e, por ela, sentimos orgulho da tradição na condição de descendentes europeus. Ficam hoje as perguntas: eles ainda emigrariam para o Vale? Como é a Alemanha de hoje?
Curto férias na Alemanha há tempo, em Stadtgemeinde Bremen, em Ulm no Estado de Baden Würtemberg e agora Senden Aufheim, distrito de Neu-Ulm, onde estão os netos. A família trabalha em empresas alemãs, tem cidadania e propriedades; porém, os avós são observados como ‘estrangeiros’.
Você entra pelo Aeroporto de Frankfurt, pega o trem no Regionalbahnhof que, em meu caso, segue a Mannheim, Heidelberg, Stuttgart e Neu-Ulm. Nosso trem atrasou 12 minutos por manutenção, e ao chegarmos em casa, fomos notificados da devolução de €20 das 3 passagens, que somavam €94.
É o respeito ao contribuinte, segundo eles. Para entrar, você necessitará de passaporte, passagem de retorno, portar carta de residência, pagar seguro, aprovação da Polícia Imigratória e, quando da 1ª vez, em Bremen, a policial conferiu nossos €2 mil. No voo recente, dos 400 passageiros da airbuss, 120 entraram na fila da imigração, que foram atendidos por apenas 2 policiais, fato que nos fez aguardar 3 horas. É a nova política de inibir a imigração para UE. Durante a guerra da Ucrânia, para ilustrar, entraram 1,2 milhões de ucranianos na Alemanha, cuja população é de 85 milhões.
O fenômeno atingiu a política, forçando a coalização do ex-chanceler Olaf Scholz – PSD, com o conservador Friedrich Merz – UDC, para barrar o avanço da extrema direita de Alice Weidel, do partido ‘Alternativa para Alemanha’, que considera a imigração islâmica o problema alemão. Os novos fatos sócio-políticos estão assustando os residentes, principalmente os idosos com memória da 2ª Guerra, quando o líder nazista ascendeu ao poder em 1932, e passou a redesenhar o território imposto pela República Weimar, após a 1ª Guerra.
Em cada vilarejo da Baviera que se entra, nos cemitérios, laterais de igrejas e escolas cristãs e praças, você se depara com memorial ao soldado morto em batalha. Uma lembrança que assusta pensar em uma Alemanha remilitarizada e com riscos de imigração. Nacionais e naturalizados têm aversão ao confronto bélico, especialmente de países portadores de armas nucleares como Rússia.
A política imigratória tornar-se-á mais restritivas, como faz Portugal, para onde os brasileiros se voltam agora após a repressão da imigração por Donald Trump. Nossa ‘idílica’ Alemanha da história fica cada dia mais no passado de nossa fundação. Eles gostam do jeito brasileiro, e a nós seria bom tê-los parceiros em mecânica, arquitetura, educação, clima e energia renovável.