As Paralimpíadas começaram no dia 07 de setembro. Sua abertura foi linda, emocionante, cheia de encantos. Momentos de encher os olhos e o coração. Em cada gesto, passo ou movimento dos atletas paralímpicos, era quase que como um sopro de ânimo saísse da TV e entrasse na vida de quem estivesse assistindo naquele momento. Se não atingiu de forma tão intensa o telespectador, de alguma forma o tocou. Impossível ficar inerte.
Quem acompanhou a abertura, ouviu o hino nacional tocado maravilhosamente pelo maestro João Carlos Martins, portador de LER (Lesão por Esforço Repetitivo); viu o brilho e suavidade da paratleta de snowboard, Amy Purdy, linda, na dança com um robô; vibrou com o grupo de pais e crianças carreando a bandeira paraolímpica – essas crianças, por causa de deficiências, não conseguem caminhar sozinhas, porém com a ajuda de uma bota especial, puderam estar junto a seus pais nesse momento incrível; vibrou a cada passo da ex-paratleta Márcia Malsar, enquanto ela carregava a tocha no Maracanã – que, mesmo caindo, levantou-se e continuou, com a força de uma campeã, e ao terminar o trajeto, foi aplaudida de pé pelo público presente; e quando os desafios pareciam ter acabado, Clodoaldo da Silva fez história acendendo a Pira Olímpica, subindo a rampa em sua cadeira de rodas, embaixo de chuva forte.
Foi uma grande aula de superação. Um momento especial de repensarmos nossas limitações. Nossas crenças. Nossos valores. Repensar nossas preocupações. Nossas carências. O que realmente importa na vida?
E tudo isso ainda continua valendo ao assistir aos jogos. Não desmerecendo em nenhum momento as Olimpíadas, mas as Paralimpíadas estão dando um show de inspiração e força.
Diante de tanta beleza e importância, a grande questão é: por que as grandes redes de televisão não transmitiram a abertura? Só foi possível assistir no canal TV Brasil ou canal de TV paga.
Cadê a inclusão tão anunciada em comerciais, mostrada em cenas de novelas e debatida em programas de entrevistas? Inclusão seria dar a mesma importância que foi dada às Olimpíadas.
Inclusão seria mostrar os momentos de alegria e entusiasmo nas conquistas de medalhas, da mesma forma que foram mostrados nos jogos anteriores.
Não mostrar a abertura e não dar a mesma cobertura nos jogos, só demonstra hipocrisia, discurso vazio, e superficialidade nas ações de responsabilidade social dessas emissoras.
No fundo, não me causa muita surpresa, mas serve de alerta para quem ainda acredita em programas cheios de efeitos, músicas bonitas, e belezas artificiais. O mesmo serve para outras empresas e pessoas que discursam sobre inclusão.
A melhor forma de saber se está se praticando inclusão é por meio de práticas consistentes, de se viver o que propaga. Infelizmente, tenho visto mais preocupação com o marketing, do que uma preocupação verdadeira de incluir.
Enquanto isso não muda, mudo eu. Estou assistindo aos jogos e conversando sobre eles com outras pessoas que também estão acompanhando. Vibrando e admirando os atletas heróis e todos que acompanham suas rotinas.
Agradeço a cada um deles pelos momentos vibrantes desta Paraolimpíada Rio 2016.
Clicia Helena Zimmermann – professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos.