Acúmulo de caracóis: espécie invasora é registrada em Brusque e biólogos explicam riscos

Grande concentração do animal tem sido visto por ruas da cidade

Acúmulo de caracóis: espécie invasora é registrada em Brusque e biólogos explicam riscos

Grande concentração do animal tem sido visto por ruas da cidade

Passando pelas ruas de Brusque, principalmente nas próximas à áreas verdes, tem sido possível ver um acúmulo de caracóis. A situação tem chamado atenção pela curiosidade e também despertado receio da população, que não sabe se o animal é prejudicial à saúde. Os biólogos da Prefeitura de Brusque, Gabrielle Müller Gnatkowski e Pedro Cavalin, falaram sobre a situação e explicaram os riscos que o animal pode trazer.

De acordo com os especialistas, os caracóis encontrados apresentam características muito semelhantes ao caracol indiano, como concha de coloração marrom com aspecto achatado e um chifre na ponta de cauda. Por causa dessas semelhanças, eles suspeitam que pode se tratar da espécie invasora do caracol indiano (Macrochlamys indica).

A descoberta da espécie no Brasil foi vista recentemente, em 2019, no Parque dos Ingás, em Maringá, no Paraná. Até 2021, o animal já havia sido registrado no litoral de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Em Brusque, Pedro menciona que “o primeiro registro da espécie teria ocorrido, no mínimo, em novembro de 2023, de acordo com o banco de dados internacional GBIF.org”.

Arquivo pessoal

Proliferação

A proliferação dos caracóis pode estar envolvida com as condições climáticas na região, principalmente com a umidade. As condições ideais consistem em temperaturas entre 21°C a 30°C e umidade superior a 86%, sendo que o acasalamento geralmente ocorre após as chuvas.

“Quando a umidade do ambiente está abaixo de 46%, o caracol entra em um estado latente chamado de estivação”.

Gabrielle cita que “considerando as condições de temperatura e umidade de Brusque por volta de 24°C e 83,5%, respectivamente, essa espécie encontrou condições ideais para se estabelecer, reproduzir e proliferar exponencialmente visto que não existe um predador natural, pois trata-se de uma espécie invasora”.

O molusco se alimenta de plantas e matéria orgânica em decomposição, sendo assim, também é considerado uma praga agrícola.

Arquivo pessoal

Riscos

Gabrielle e Pedro ressaltam que o caracol indiano pode competir com a fauna local, ocupando o espaço de espécies nativas e também prejudicando as plantações locais, como as pequenas hortas. A espécie invasora ainda pode passar doenças para as pessoas por hospedar bactérias e vírus. Já foram registrados casos de meningite e meningoencefalite transmitidos pelo animal, na Índia.

Confira sete medidas para reduzir a presença dos caracóis:

  • Manter o quintal, canteiros de plantas e jardins sempre limpos, removendo tábuas, pedras, entulhos, ervas daninhas, galhos, plantas, coberturas densas do solo perto de área úmida;
  • Organize a limpeza periódica de lixo e entulhos dos quintais e terrenos baldios, durante todo o ano tentando evitar também baratas, escorpiões, aranhas, ratos, moscas e mosquitos;
  • Reduzir a frequência e a intensidade da irrigação, consertando também vazamentos e melhorando a drenagem no local deixando-o mais seco;
  • Melhorar saneamentos e matéria orgânica parada;
  • Sobre a presença de caracóis próximo de jardins, hortas e pomar: lavar bem as frutas, hortaliças, verduras e legumes. Fazer a desinfecção com hipoclorito de sódio (colocar em imersão uma colher de chá de água sanitária para um litro de água, de 15 a 30 minutos), antes de consumir esses alimentos. Após, lave-os bem;
  • Não usar veneno nem iscas específicas para caracóis (ex. moluciscidas) ou outros venenos pelo elevado risco de intoxicação, inclusive com risco de morte, de animais domésticos e silvestres, crianças e adultos;
  • Para afastar os caracóis não utilize sal, pois o muco que fica após a morte do animal pode transmitir doenças se houver larvas ou ovos de vermes. Assim, a melhor alternativa é retirá-lo de onde não é bem-vindo utilizando luvas ou objetos descartáveis.

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