Nele é descrita uma sociedade onde o seu lugar nela e a maneira como você a enxerga são completamente controlados. Todos são condicionados a não sentir nenhum tipo de tristeza e, caso isso ocorra, existe um poderoso antidepressivo para resolver o problema.

Eis que surge na história o selvagem, John, criado em uma reserva indígena longe do mundo tido como civilizado. A apatia das pessoas lhe causa indignação. No leito de morte de sua mãe, parece ser o único a enxergá-la como um ser individual e significativo. John reclama seu direito de envelhecer, de ler Shakespeare, de amar, de sentir luto, ou seja, seu “direito de ser infeliz”.

Existia a possibilidade de John aceitar a construção moral daquela sociedade e não sentir mais nenhum tipo de dor. Mas como poderia? Afinal, se o mundo fosse justo e belo àquela maneira, se nos fosse permitido não sentir, quais males da alma preencheriam e fariam arder os nossos versos? Nós buscamos a dor. Sem ela, nossa existência parece se resumir ao acaso. E se tomamos consciência disso, sentimos um vazio tão grande, que nem a mais exagerada das hipérboles seria capaz de descrever.


Ana Thomas
– estudante