José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Alicerces

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Alicerces

José Francisco dos Santos

Na semana passada, assisti a um documentário sobre a construção da Catedral de Colônia, na Alemanha, o edifício gótico mais alto do mundo. A imponente construção começou em 1248 e só foi concluída definitivamente em 1880. É extremamente admirável a coragem e a tenacidade de um povo que se propõe a levantar uma obra dessa dimensão, ainda mais se considerarmos as condições precárias, em termo de tecnologia e materiais, que uma construção como essa enfrentava na Idade Média. Mas o que mais me chamou a atenção foi a sabedoria de seu primeiro construtor, mestre Gherard, quanto à importância de um fundamento sólido para a construção. Gherard sabia que a catedral precisaria de praticamente a mesma quantidade de pedras na sua fundação quanto a que seria utilizada na parte visível da catedral. Assim, os subterrâneos da construção revelam colunas e galerias de pedra que já são, por si mesmas, outra enorme construção. Estabelecida essa base sólida, 160 toneladas de pedra puderam ser sobrepostas para formar o que é hoje o edifício. Nem o bombardeio da segunda guerra mundial, quando a catedral recebeu 14 ataques a bomba, foi suficiente para derrubá-la.

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Isso me fez lembrar uma parábola que fala sobre construir a casa sobre a rocha ou sobre a areia. De fato, tudo que queremos construir deve começar pelo fundamento. Às vezes os políticos se empenham em construir coisas grandes e vistosas, mas querem colher os louros da inauguração antes que seu mandato termine. Os resultados desastrosos todos conhecemos. É preciso enfrentar o ônus de trabalhar embaixo da terra, gastar tempo e recursos naquilo que não será visto pelos olhos, mas que será a base para construções efetivamente sólidas e soluções permanentes. Se os construtores medievais de Colônia estivessem preocupados em inaugurar sua catedral, teriam construído, no máximo, uma igreja vistosa, da qual não haveria mais vestígios há muito tempo.

O que se verifica na arquitetura pode ser analogamente aplicado à construção da nossa humanidade. Na infância e na juventude, estabelecemos os fundamentos que suportarão o que seremos na vida adulta. Da solidez do fundamento que construímos depende a qualidade do edifício que seremos. Não é fácil nem agradável construir uma formação intelectual, estética ou moral sólidas. Isso exige tempo, dedicação e bons mestres, do mesmo modo como o exigiram cavar enormes fossos e enchê-los de pedra para fazer uma catedral gótica na Idade Média. Mas nunca teremos perdido o tempo ou o esforço despendidos na construção de uma vida que vale a pena. Isso se mede pelas nossas leituras, pelas renúncias que fazemos, pelo esforço em fazer o que é bom e necessário e não apenas o que dá prazer. Nossos alicerces definirão se seremos uma catedral gótica, uma casa confortável ou um barracão de zinco.

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É claro que a nossa construção é quase tão demorada quanto a da catedral de Colônia, de modo que estamos permanentemente em obras. Mas é preferível estar em obras em vistas de um grande edifício que inaugurar cedo demais qualquer casebre.

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