Alunos do Senai de Brusque participam de concurso de moda inclusiva

Estudantes desenvolveram peças para pessoas com deficiência que serão apresentadas em desfile no mês de novembro, em Florianópolis

Alunos do Senai de Brusque participam de concurso de moda inclusiva

Estudantes desenvolveram peças para pessoas com deficiência que serão apresentadas em desfile no mês de novembro, em Florianópolis

Vestir uma peça de roupa, fechar um botão e identificar a parte da frente de uma blusa são coisas banais no dia a dia da maioria das pessoas – porém, para alguém que possui algum tipo de deficiência, a moda não é algo tão simples. Para diminuir as dificuldades, a moda inclusiva surge com o objetivo de facilitar e abraçar as pessoas com deficiência, desenvolvendo peças mais funcionais para este público.

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O Prêmio Brasil Sul de Moda Inclusiva, que está em sua sexta edição, motiva alunos de cursos de moda a criarem moda pensando nas pessoas com deficiência. Neste ano, seis estudantes dos Senai de Brusque foram classificados para participar do desfile, que acontece em 28 de novembro, em Florianópolis. Eles são alunos dos cursos de Aprendizagem Industrial de Desenhista de Produto de Moda e Aprendizagem Industrial de Eletricista de Manutenção, e foram orientados por um grupo interdisciplinar de professores da instituição.

Eliana Baron, uma das finalistas, acredita que a participação no concurso colaborou para que ela e os colegas passassem a ver a moda além da estética, pensando em funcionalidade para quem for vestir as peças. “Cada look possui detalhes específicos, pensados para os usuários”, conta. Ela desenvolveu peças para um visual infantil, destinadas à um modelo que é deficiente visual. Por isso, incluiu estampas em alto relevo para identificar a frente e o verso da pela, bolsos maiores para guardar a bengala e botões magnéticos para facilitar o fechamento.

Antes de começar a desenvolver os looks que irão ser apresentados no desfile, os alunos tiveram contato prévio com alguns dos modelos, que realizaram uma palestra e um momento de vivência em que os estudantes puderam “experimentar”, mesmo que por pouco tempo, como os ambientes não são pensados para a inclusão das pessoas com deficiência.

“Tivemos contato com cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com a mão amputada. Durante a vivência, eu achei muito difícil fechar o botão da blusa”, conta a aluna Evelin Soave. A colega Barbara da Silva Chaves concorda, e diz que coisas muito simples para quem não possui nenhum tipo de deficiência se tornam difíceis, como se localizar, por exemplo.

“O problema não está neles, mas nos ambientes que os cercam. Quanto às roupas, eles reclamam que a moda inclusiva tem roupas ‘estranhas’, com aspecto de roupa de hospital. Nós quisemos inclui-los na moda, fazendo roupas comuns com adaptações para que se vistam sem dificuldade, com mais independência”, diz Barbara.

Os estudantes desenvolveram as peças em conjunto, pensando no que era melhor para cada um dos modelos. “Foi difícil no começo, mas tivemos bastante apoio dos professores e também dos modelos, que ajudaram a gente a abrir a mente”, conta Eliana.

Cada um dos estudantes desenvolveu três looks para seu modelo | Natália Huf

Para criar os três looks completos que cada aluno preparou, foi preciso identificar os aspectos problemáticos das roupas comuns e sentir as dificuldades que as pessoas com deficiência têm no dia a dia. Eles se reuniram em horários de aula para fazer os desenhos que, a partir de agora, irão ser produzidos e apresentados no desfile. “Estou bem ansiosa para produzir, vamos poder ver algo que nós criamos sair do papel e ajudar alguém”, diz Eliana.

A professora Rosani Pereira Marcarini, integrante do grupo de professores que vem colaborando com os alunos no processo de criação e desenvolvimento das peças, diz que os looks não são apenas roupas para o público das pessoas com deficiências, e sim algo que toca a autoestima deles. “A conversa que os alunos tiveram com eles ajudou a entender as necessidades. A moda se preocupa muito com estética, mas há problemas [na funcionalidade] que podem ser facilmente solucionados.”

Os estudantes dos cursos de Aprendizagem Industrial têm entre 15 e 16 anos e irão competir com estudantes de cursos de graduação. “Eles estão começando a trabalhar com moda inclusiva agora e, no futuro, serão estilistas que pensarão nessas questões naturalmente”, afirma a professora.

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Marcos Antonio Filho, aluno do curso de Aprendizagem Industrial de Eletricista de Manutenção, desenvolveu as peças para uma modelo que teve uma perna amputada. “Tenho uma amiga que precisou amputar, e vejo as dificuldades. Por isso, fiz calças que viram uma bermuda, para facilitar o vestir e também para permitir esconder ou mostrar a prótese, dependendo da preferência da pessoa.”

Tecidos para a produção das peças foram doados pela Renaux View | Natália Huf

Evelin Soave criou as peças para um modelo que é deficiente visual. “Me baseei nas questões que ele apresentou, fiz jaquetas com bolsos internos, botões magnéticos. As peças têm detalhes bordados, são sensoriais. E também são impermeáveis, para os dias de chuva”, explica.

A estudante Barbara, com o objetivo de incluir as pessoas co deficiência na moda e também na tecnologia, criou um casaco que será feito com impressora 3D. “Todas as minhas peças possuem sensores, nos ombros ou na gola, que avisam a proximidade de objetos, para ajudar na locomoção das pessoas com deficiência visual. Para dar mais estilo, usei detalhes como os spikes.”

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